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A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO HÍBRIDA - O QUE ESTAMOS FAZENDO NA AMÉRICA LATINA?1 1 Artigo publicado com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq/Brasil para os serviços de edição, diagramação e conversão de XML. 2 2 Editora-Chefe participante do processo de avaliação por pares aberta: Suzana dos Santos Gomes.

THE DIGITAL TRANSFORMATION IN BLENDED EDUCATION - WHAT ARE DOING IN LATIN AMERICA?

LA TRANSFORMACIÓN DIGITAL EN LA EDUCACIÓN HÍBRIDA - LO QUE ESTAMOS HACIENDO EN LA AMÉRICA LATINA

INTRODUÇÃO

O artigo, intitulado "A transformação digital na educação híbrida - o que estamos fazendo na América Latina?" está situado no âmbito da investigação educacional e oferece uma importante contribuição ao campo da educação digital. Seu objetivo principal é elucidar como a transformação digital, caracterizada pela rápida adoção de novas tecnologias, tem se manifestado e se expandido com o advento da educação híbrida na América Latina, mesmo antes do processo de adaptação do ensino escolar motivado pela pandemia de Covid-19.

O estudo destaca dois temas de relevância significativa que influenciam a educação em geral: as transformações digitais e a modalidade educacional híbrida. A emergência do isolamento social provocado pela pandemia acelerou e amplificou consideravelmente a incorporação das novas tecnologias em diversos setores da sociedade, inclusive na educação. As pesquisadoras argumentam que apesar dessas tecnologias já serem utilizadas na educação anteriormente à pandemia, o contexto de isolamento intensificou sua aplicação e instigou mudanças profundas nos modelos de ensino presencial, híbrido e remoto, demandando uma compreensão urgente dessas transformações.

O artigo em discussão está redigido em Língua Inglesa. Destacamos, quanto a isso, que o fato de um artigo ter sido escrito em Inglês, por quem tem o português como língua nativa, pode representar um desafio significativo. A transposição de ideias e conceitos de uma língua para outra nem sempre é direta, e as diferenças entre as estruturas gramaticais, vocabulário e estilo podem gerar obstáculos na comunicação acadêmica. Uma das armadilhas mais comuns é a tentação de realizar traduções literais de expressões idiomáticas ou coloquiais do Português para o Inglês. Essa abordagem pode resultar em frases que soam estranhas ou até mesmo incompreensíveis para um leitor fluente em Inglês, comprometendo a clareza e a coesão do texto.

Além disso, a escolha de palavras e termos adequados para expressar conceitos específicos pode ser um verdadeiro quebra-cabeça. Certas nuances semânticas e técnicas presentes em português podem não ter equivalentes diretos em Inglês, levando o autor a buscar soluções alternativas ou adaptar o texto de maneira a comprometer sua precisão. Isso exige não apenas proficiência no idioma, mas também um profundo entendimento dos conceitos em questão, a fim de transmiti-los de forma clara e precisa dentro do contexto acadêmico. Assim, a escrita de um artigo em Inglês por um falante de português requer não apenas habilidades linguísticas, mas também sensibilidade para evitar as armadilhas da tradução literal e garantir a qualidade e eficácia da produção acadêmica. No cômputo geral, as autoras do artigo conseguiram levar à cabo, de forma adequada, tal desafio.

Os temas abordados no artigo suscitam questões importantes que permeiam a formação de professores, práticas docentes e investigações acadêmicas, ao mesmo tempo em que destacam desafios concernentes ao processo de reestruturação e adaptação do cenário educacional, impulsionado principalmente pela influência da tecnologia. A motivação central das pesquisadoras reside em esclarecer a dinâmica de reorganização do processo educacional na América Latina ao longo dos últimos 15 anos, especialmente focalizando o aumento da utilização de tecnologias emergentes e o subsequente desenvolvimento da modalidade educacional híbrida, tanto antes quanto após a pandemia de Covid-19, em escala global e com ênfase particular nos países latino-americanos. Em termos mais claros, o objetivo das autoras não foi apenas avaliar o estado atual das pesquisas sobre a transformação digital impulsionada pela adoção da educação híbrida na América Latina, mas também elucidar de forma tangível como esse processo tem se efetivado na prática.

ANÁLISE E CRÍTICA À METODOLOGIA ADOTADA

O texto apresenta uma redação cuidadosa, caracterizada pela fluidez, coerência linguística e estrutura concisa. Para alcançar os objetivos teóricos propostos, as autoras conduziram uma revisão sistemática da literatura, utilizando a base de dados Scopus, em conjunto com uma análise bibliométrica. A análise bibliométrica é uma metodologia de pesquisa que quantifica e avalia a produção científica em determinado campo, utilizando indicadores como frequência de citações, autoria, afiliação institucional e temas abordados nos artigos. No contexto deste estudo, essa abordagem permitiu uma compreensão mais ampla e quantitativa das tendências e lacunas na pesquisa educacional sobre o tema em questão.

A revisão e análise bibliométrica realizadas pelas autoras apontaram para uma conclusão fragilizada no que tange à compreensão do processo de reconstrução ou reorganização da educação na América Latina: “Verificou-se que o pequeno número de estudos sobre a região não permite uma compreensão efetiva de como esse processo está ocorrendo”. (p.1) Tal constatação ressalta, segundo as autoras, a importância premente de se estimular e se promover mais estudos e pesquisas acadêmicas sobre o tema na América Latina. Assim, seria possível tentar suprir as lacunas de conhecimento identificadas e fomentar um entendimento mais completo e aprofundado das dinâmicas educacionais em curso no universo latino-americano.

De maneira geral, o artigo oferece uma contribuição importante ao campo da pesquisa educacional, fornecendo informações relevantes sobre os temas em foco, extraídas de artigos de revistas e congressos científicos. O processo de investigação sobre a transformação digital e a educação híbrida teve seu ponto de partida na análise minuciosa de resumos e na avaliação de 111 artigos, exclusivamente provenientes da base de dados Scopus. Todavia, é importante ressaltar que, embora a Scopus seja uma das maiores bases de dados do mundo, sua representatividade em publicações latino-americanas é relativamente limitada.

Apenas 7 (sete), dos 111 artigos, têm o primeiro autor vinculado a instituições da América Latina. Esses sete artigos foram minuciosamente examinados, permitindo uma análise mais detalhada das informações relacionadas à transformação digital e à educação híbrida. Mas em grande parte dos casos, as atividades práticas e laboratoriais, ferramentas, técnicas, métodos e fatores de sucesso mencionados pelos artigos foram apresentados de maneira abstrata, sem a oferta de exemplos claros e concretos que ilustrassem as transformações digitais em questão, o que pode dificultar uma apreciação e avaliação adequadas das mudanças ocorridas.

Se as autoras tinham a intenção de efetivamente identificar o avanço da transformação digital e da educação híbrida na América Latina, é questionável a adoção de uma pesquisa bibliométrica baseada exclusivamente em um único banco de dados, pouco focado na região em questão. A pesquisa talvez pudesse ter se limitado a fornecer informações quantitativas ou estatísticas sobre a produção acadêmica relacionada aos temas propostos, extraídos da mesma base de dados escolhida, a Scopus. Mas as autoras não se restringiram a esse propósito, conforme o que foi textualmente anunciado e proposto no resumo: “identificar até que ponto estamos avançando na América Latina em termos de Transformação Digital e Educação Híbrida”.

Enfim, as autoras desejavam compreender uma realidade específica, o uso das novas tecnologias e a educação híbrida, por meio de um estudo quantitativo, utilizando métodos estatísticos, matemáticos e análise bibliométrica dos artigos. No entanto, é improvável que apenas a contagem e análise bibliométrica de documentos sejam suficientes para uma compreensão adequada de um processo tão complexo. Para alcançar o objetivo proposto, seria necessário recorrer a outras bases de dados e descritores semânticos, ou seja, realizar análises qualitativas e qualiquantitativas mais refinadas, utilizando termos mais diretamente relacionados à educação, com foco nas bases regionais.

Estudos bibliométricos têm como principal contribuição a sistematização da pesquisa em um determinado campo, identificando e estabelecendo problemas para investigações futuras. São pesquisas que organizam e elucidam um campo de estudo por meio de técnicas e instrumentos analíticos e estatísticos. Permitem criar uma espécie de mapa que ajuda a rastrear, categorizar e elucidar os conceitos e temas, identificar as principais teorias utilizadas, grupos de pesquisa e autores, além de evidenciar os métodos e instrumentos empregados nas pesquisas anteriores selecionadas. (HAYASHI, 2013HAYASHI, Carlos Roberto Massao. Apontamentos sobre a coleta de dados em estudos bibliométricos e cientométricos. Revista Filosofia e Educação, vol. 5, n. 2, p. 89-101, outubro de 2013.)

Portanto, considerando a escolha metodológica dos autores, os objetivos e a contribuição do artigo não estão muito bem definidos e alinhados com as conclusões apresentadas. Há uma discrepância entre o objetivo anunciado no resumo - identificar o avanço efetivo da transformação digital e da educação híbrida na América Latina - e outro objetivo mencionado no final da introdução: “compreender a evolução dos estudos na área antes da pandemia da Covid19, bem como os seus reflexos nas publicações mais recentes”. Enquanto o primeiro demandaria uma revisão da literatura em diversas bases de dados, focando especialmente em trabalhos relacionados à América Latina e utilizando descritores semânticos mais apropriados, o segundo se encontra mais alinhado com o que realmente foi pesquisado: o estado dos estudos sobre o tema, antes e pós-Covid 19.

Embora o artigo aborde uma questão relevante no contexto da pesquisa educacional, a opção pela revisão sistemática da literatura e análise bibliométrica gerou certa ambiguidade entre os objetivos propostos, o método empregado e as conclusões alcançadas. Em suma, os autores não justificaram adequadamente a escolha exclusiva da base de dados Scopus, e não está claro se pretendiam entender o processo efetivo ou apenas o estado dos estudos científicos na área. Assim, parece que os objetivos delineados no resumo extrapolam os dados e informações coletados para análise.

ANÁLISE E CRÍTICA CONCEITUAL

O primeiro ponto a ser destacado é a forma como as autoras tratam conceitualmente os objetos de pesquisa, como "transformação digital" e "educação híbrida", que poderiam ter sido definidos de forma mais precisa e, no caso do primeiro, de forma mais próxima à temática educacional. O termo “transformação digital” é hoje amplamente utilizado no contexto empresarial, mas carece de uma definição clara e de uma conexão adequada com o domínio teórico da educação; sabendo-se ainda que no conceito empresarial de “transformação digital”, a tecnologia pode ser entendida mais como meio para o enfrentamento de desafios, não como finalidade do processo (Roger, 2017ROGERS, D. L. Transformação digital: repensando o seu negócio na era digital. São Paulo: Autêntica Business, 2017.).

As autoras, reconhecendo essa emergência do tema da transformação digital no mundo dos negócios empresariais, e citando vários autores que corroboram essa incidência, não conseguem trazer elementos para embasar, com os dados coletados, o processo de atuação dessa transformação no meio acadêmico ou educacional da América Latina. Com apoio em Carvalho et. al (2021CARVALHO, R. B., Reis, A. M., Larieira, C. L., & Pinochet, L. H. (2021) Transformação digital: desafios na formação de um constructo e cenários para uma agenda de pesquisa. Revista de Administração Mackenzie, vol. 22, n.6, p. 1-15.), afirmam que “nem todos têm uma compreensão clara do que este fenômeno representa, especialmente em termos acadêmicos”, já colocando em dúvida o sucesso da empregabilidade do termo no âmbito educacional. Os autores que referenciam para essa afirmação são explícitos ao associarem o termo apenas ao meio empresarial:

A transformação digital e a resultante inovação do modelo de negócios alteraram fundamentalmente as expectativas e os comportamentos dos consumidores, pressionaram as empresas tradicionais e perturbaram vários mercados. Os consumidores têm acesso a dezenas de canais de mídia, comunicam-se de forma ativa e sem esforço com empresas e outros consumidores, e passam por um número cada vez maior de pontos de contato na jornada do cliente, muitos dos quais são digitais. (Carvalho et. al, 2021CARVALHO, R. B., Reis, A. M., Larieira, C. L., & Pinochet, L. H. (2021) Transformação digital: desafios na formação de um constructo e cenários para uma agenda de pesquisa. Revista de Administração Mackenzie, vol. 22, n.6, p. 1-15., p. 5).

Seria muito benéfico, portanto, estabelecer uma articulação mais sólida entre esse conceito e as teorias educacionais. Talvez se optassem pelo termo Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), mais usual no Brasil, a busca da pesquisa poderia ter sido mais frutífera para os objetivos propostos. Da mesma forma em relação ao conceito de "educação híbrida", seria útil diferenciá-la de conceitos semelhantes, como aprendizagem híbrida, ensino remoto emergencial e ensino híbrido, sendo este último um termo de uso mais apropriado no Brasil. De qualquer modo, é muito vasta a conceituação do que seja híbrido, ou misto, na área educacional, como explica Moran, 2015MORAN, José. Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje. In: BACICH, TANZI & TREVISANI(Org.) Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: PENSO, 2015, Págs. 27-45., p. 27:

Na educação acontecem vários tipos de mistura, blended ou educação híbrida: de saberes e valores, quando integramos várias áreas de conhecimento. [...] Híbrido também pode ser um currículo mais flexível, que planeje o que é básico e fundamental para todos e que permita, ao mesmo tempo, caminhos personalizados para atender às necessidades de cada aluno. Híbrido também é a articulação de processos mais formais de ensino e aprendizagem com os informais, de educação aberta e em rede. Híbrido implica em misturar e integrar áreas diferentes, profissionais diferentes e alunos diferentes, em espaços e tempos diferentes. [...] São muitas questões que impactam a questão do ensino híbrido, que não se reduz a metodologias ativas, ao mix de presencial e online, de sala de aula e outros espaços.

Portanto, seria razoável que as autoras explicitassem e justificassem o uso dos termos escolhidos, associassem conceitos mais tradicionais, como o de tecnologias da informação e comunicação, a fim de fornecer uma fundamentação mais sólida para sua escolha metodológica. Esclarecer a vantagem da terminologia utilizada e estabelecer um diálogo crítico com outras terminologias consolidadas na área da educação ajudariam a promover uma compreensão mais clara do avanço da educação híbrida com o uso intensificado das novas tecnologias.

É necessário ainda abordar dois aspectos em relação à argumentação apresentada pelas autoras: a visão positiva da tecnologia e a definição pouco clara dos objetos de estudo. Observa-se uma inclinação positiva em relação à tecnologia, sugerindo que as novas tecnologias e a transformação digital são elementos imprescindíveis ao progresso social e educacional. No entanto, é importante considerar que essa visão muito otimista pode ser contestada ou relativizada por argumentos mais críticos encontrados em literatura especializada. Alguns países, como a Suécia, por exemplo, têm reavaliado o uso da tecnologia na educação, optando por retornar ao material analógico, devido a preocupações com a formação de analfabetos funcionais e com a saúde dos alunos. É o que apresenta a reportagem de Françoise Rivert, publicada no Le Monde, em 21 de maio de 2023RIVERT, Anne Françpise. La Suède juge les écrans responsables de la baisse du niveau des élèves et veut un retour aux manuels scolaires. Journal Le Monde, 21 Mai.2023. Disponível em: Disponível em: https://www.lemonde.fr/planete/article/2023/05/21/numerique-a-l-ecole-la-suede-juge-les-ecrans-responsables-de-la-baisse-du-niveau-des-eleves-et-fait-marche-arriere_6174171_3244.html . Acesso em: 06/05/2024.
https://www.lemonde.fr/planete/article/2...
:

Fomos muito rápido, muito longe, muito cedo? Há vários meses que estas perguntas estão em alta na Suécia. Elas questionam o lugar das telas e da tecnologia digital nos estabelecimentos de ensino do reino, uma preocupação levantada pelos profissionais de saúde. No dia 15 de maio, a Ministra da Educação, Lotta Edholm, Ela descreveu o uso da tecnologia digital nas escolas suecas como uma “experiência” e ficou incomodada com “a atitude acrítica que casualmente considerou a digitalização como boa, qualquer que seja o seu conteúdo”, levando ao “descarte” do livro escolar, que ela lembrou ter “vantagens que nenhum tablet pode substituir” (RIVERT, 2023RIVERT, Anne Françpise. La Suède juge les écrans responsables de la baisse du niveau des élèves et veut un retour aux manuels scolaires. Journal Le Monde, 21 Mai.2023. Disponível em: Disponível em: https://www.lemonde.fr/planete/article/2023/05/21/numerique-a-l-ecole-la-suede-juge-les-ecrans-responsables-de-la-baisse-du-niveau-des-eleves-et-fait-marche-arriere_6174171_3244.html . Acesso em: 06/05/2024.
https://www.lemonde.fr/planete/article/2...
, p. 1).3 3 No original: Est-on allé trop vite, trop loin, trop tôt ? Depuis quelques mois, cette petite musique monte en Suède. Elle questionne la place des écrans et du numérique dans les établissements scolaires du royaume, remise en cause par les professionnels de la santé [...] Pour y remédier, le gouvernement de centre-droit a annoncé qu’il allait débloquer 685 millions de couronnes (60 millions d’euros) cette année et 500 millions (44 millions d’euros) par an en 2024 et en 2025, pour accélérer le retour des manuels dans les établissements scolaires. « Cela fait partie du retour de la lecture à l’école, au détriment du temps d’écran », expliquait la ministre. Objectif : garantir un livre par élève et par matière. (Tradução nossa).

No artigo em análise, mesmo quando as autoras reconhecem falhas no uso da tecnologia, essas falhas são frequentemente atribuídas a fatores externos, enquanto a tecnologia em si é tratada como uma solução consolidada. A discrepância entre os objetivos propostos e os métodos adotados no estudo resultou em uma lacuna entre os dados apresentados e a questão central delineada no resumo. A análise bibliométrica, embora tenha fornecido dados quantitativos sobre o estado do tema em discussão, não permitiu uma exploração mais profunda dos conteúdos dos artigos selecionados, que poderiam elucidar a questão primordial do estudo: como tem ocorrido o processo de evolução da transformação digital e da educação híbrida na América Latina. A abordagem dos argumentos foi feita principalmente a partir dos resumos dos artigos, o que limitou a compreensão dos conceitos tratados. Seria vantajoso, como sugerido, utilizar exemplos concretos e práticos para ilustrar esses conceitos, elucidando a natureza das experiências educativas, o uso de tecnologias, as interações online e presenciais, entre outros aspectos.

CONCLUSÃO

Considera-se que o tema de pesquisa abordado é de suma importância para o campo educacional e que a análise bibliométrica realizada demandou esforços analíticos consideráveis. No entanto, a conclusão de que "pouco se sabe sobre a transformação digital e a educação mista" na América Latina parece ser precipitada, dado que essa afirmação se baseou exclusivamente em uma única base de dados, cujo escopo pode ser limitado para o campo educacional. Portanto, reforça-se a necessidade de uma expansão das bases de dados, com foco naquelas que contêm uma maior quantidade de artigos relativos à região latino-americana.

A pretensão de trazer um diagnóstico que fosse igualmente válido para uma realidade tão abrangente e heterogênea como a América Latina, englobando países tão diferenciados em termos de domínio e utilização das novas tecnologias, parece ter sido uma ousadia muito arriscada para as dimensões de um pequeno artigo científico. Ousadia esta agravada tanto pela utilização de uma terminologia pouco afeta à área educacional quanto pelas limitações de uma pesquisa restrita a apenas um banco de dados.

Finalmente, como foi fartamente exposto nesta resenha, existe uma incongruência entre os objetivos estabelecidos no resumo e na introdução, em face dos resultados e conclusões apresentadas. Essa incongruência não é, em nenhum momento, exposta ou justificada no artigo. Ficaria, portanto, como sugestão às autoras, em uma possível revisão do trabalho, duas opções: ou expandirem a análise, aprimorando os descritores e incluindo outros bancos de dados, mantendo o objetivo de “identificar o avanço da transformação digital e da educação híbrida na América Latina”; ou permanecer com o banco de dados Scopus e a metodologia já empregada, mas restringindo o objetivo da pesquisa à construção de um painel sobre o estado dos estudos científicos nessa área.

REFERÊNCIAS

  • CARVALHO, R. B., Reis, A. M., Larieira, C. L., & Pinochet, L. H. (2021) Transformação digital: desafios na formação de um constructo e cenários para uma agenda de pesquisa. Revista de Administração Mackenzie, vol. 22, n.6, p. 1-15.
  • HAYASHI, Carlos Roberto Massao. Apontamentos sobre a coleta de dados em estudos bibliométricos e cientométricos. Revista Filosofia e Educação, vol. 5, n. 2, p. 89-101, outubro de 2013.
  • RIVERT, Anne Françpise. La Suède juge les écrans responsables de la baisse du niveau des élèves et veut un retour aux manuels scolaires. Journal Le Monde, 21 Mai.2023. Disponível em: Disponível em: https://www.lemonde.fr/planete/article/2023/05/21/numerique-a-l-ecole-la-suede-juge-les-ecrans-responsables-de-la-baisse-du-niveau-des-eleves-et-fait-marche-arriere_6174171_3244.html Acesso em: 06/05/2024.
    » https://www.lemonde.fr/planete/article/2023/05/21/numerique-a-l-ecole-la-suede-juge-les-ecrans-responsables-de-la-baisse-du-niveau-des-eleves-et-fait-marche-arriere_6174171_3244.html
  • MORAN, José. Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje. In: BACICH, TANZI & TREVISANI(Org.) Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: PENSO, 2015, Págs. 27-45.
  • ROGERS, D. L. Transformação digital: repensando o seu negócio na era digital. São Paulo: Autêntica Business, 2017.
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    Artigo publicado com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq/Brasil para os serviços de edição, diagramação e conversão de XML.
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    No original: Est-on allé trop vite, trop loin, trop tôt ? Depuis quelques mois, cette petite musique monte en Suède. Elle questionne la place des écrans et du numérique dans les établissements scolaires du royaume, remise en cause par les professionnels de la santé [...] Pour y remédier, le gouvernement de centre-droit a annoncé qu’il allait débloquer 685 millions de couronnes (60 millions d’euros) cette année et 500 millions (44 millions d’euros) par an en 2024 et en 2025, pour accélérer le retour des manuels dans les établissements scolaires. « Cela fait partie du retour de la lecture à l’école, au détriment du temps d’écran », expliquait la ministre. Objectif : garantir un livre par élève et par matière. (Tradução nossa).

Editado por

2
Editora-Chefe participante do processo de avaliação por pares aberta: Suzana dos Santos Gomes.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    11 Maio 2024
  • Aceito
    19 Maio 2024
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