Resumo
As volatilidades dos preços agrícolas aumentaram a partir do período 2006-2008 e, desde então, crises internacionais têm intensificado estes choques, como a pandemia da Covid-19. Diversos estudos têm buscado compreender as dinâmicas destes choques globalmente, porém, poucos analisaram os impactos em mercados emergentes. Neste sentido, este artigo propõe avaliar os impactos da pandemia da Covid-19 nas volatilidades dos preços agrícolas no Brasil, como foco nas conectividades dinâmicas e transbordamento de volatilidades entre os mercados agropecuários. Também são considerados o mercado de petróleo Brent e a taxa de câmbio US$/R$. Para isso, aplica-se o modelo TVP-VAR, considerando as especificações propostas por Antonakakis et al. (2020). Os resultados apontam para um aumento nas conectividades e transmissão de volatilidade após o início da pandemia. Os efeitos se perpetuam até o posterior conflito entre Rússia e Ucrânia, se dissipando a partir do segundo semestre de 2022. Em geral, a taxa de câmbio e a soja apresentaram-se como os maiores transmissores de volatilidade, tanto no período pré, quanto pós-pandemia. O petróleo foi significativamente transmissor de volatilidade em um curto período após o início da pandemia e do conflito entre Rússia-Ucrânia. O conflito também aumentou os efeitos de transmissão do trigo, enquanto a pandemia levou o arroz a ser um transmissor líquido de volatilidade. Tais apontamentos corroboram que os mercados agrícolas no Brasil também são afetados pelos efeitos de crise. No entanto, evidenciam que a taxa de câmbio possui uma relevância ainda maior que os preços do petróleo na explicação dos choques de volatilidade no país, destacando a importância de se considerar seus efeitos em mercados emergentes.
Palavras-chave: Mercados de commodities agrícolas; Conectividade dinâmica; Transbordamento de volatilidade; Pandemia da Covid-19; Brasil