Resumo
Meu artigo propõe uma agenda para possíveis diálogos entre a história recente do cone sul e os estudos da guerra fria. O campo histórico recente, escrito principalmente por historiadores do cone sul, relacionado à história da segunda metade do século XX, tem focado principalmente os cenários nacionais de polarização política e social que surgiram nos anos 60, a reação autoritária que instalou o terrorismo de Estado Regimes e, por fim, as lutas pelos direitos humanos para a democratização durante os anos oitenta. Esses estudos históricos têm inovado nos seus métodos historiográficos, nas formas de conceber a relação entre cultura e política, e também na compreensão das tensões entre o discurso histórico e as memórias públicas. Além destas inovações, esses estudos parecem estar presos nas esferas nacionais sem trocar as semelhanças e circulação de ideias e pessoas que aconteceram na região. Por outro lado, os estudos de guerra fria, escritos principalmente nos EUA, que trabalharam na região, concentraram-se principalmente no impacto das políticas externas dos EUA. Embora esses estudos tenham abordado as dimensões locais, eles se concentraram principalmente nas questões relacionadas ao papel dos EUA sem considerar a agência de atores locais nesse processo global. Entre esses dois campos de estudo, há vácuos históricos relacionados a espaços transnacionais de circulação horizontal de ideais e atores dentro da região que tem sido principalmente ignorado por ambas as historiografias. Através de alguns exemplos históricos vou sugerir maneiras de cruzar ambos os campos de estudos, a fim de enriquecer a reflexão sobre a guerra fria latino-americana.
Palavras-chave:
Guerra Fria latino-americana; História Transnacional; História Global; Historiografia; História recente