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Visão geral de miRNAs como diagnóstico não invasivo de endometriose: evidências, desafios e estratégias. Uma revisão sistemática

RESUMO

Objetivo

O objetivo do estudo foi analisar as evidências sobre miRNAs como biomarcadores para o diagnóstico de endometriose, bem como levantar informações sobre os desafios e as estratégias necessárias para tornar essas moléculas ferramentas acessíveis para uso na prática clínica.

Métodos

Revisão sistemática conduzida nos bancos de dados PubMed®, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE® e Web of Science utilizando os termos de pesquisa “endometriosis” (todos os campos) ANDmiRNA” (todos os campos), avaliando todas as publicações até maio de 2019.

Resultados

A maioria dos miRNAs desregulados foram analisados a partir de amostras de tecido, o que inviabiliza seu uso como teste diagnóstico não invasivo. Todavia, 62 miRNAs foram identificados como diferencialmente expressos em amostras que poderiam ser usadas para o diagnóstico pouco invasivo de endometriose, como sangue, soro e plasma.

Conclusão

Apesar de todos esses candidatos, os trabalhos são exploratórios, realizados com números pequenos de amostras, sem miRNAs específicos validados para fins diagnósticos. Estudos envolvendo principalmente amostras biológicas, visando à pesquisa translacional, deveriam ser mais explorados. O desenvolvimento de grandes bancos de dados sobre amostras, bem como o uso de saliva e fluido vaginal para identificação de miRNAs, poderia servir como recursos essenciais para as barreiras atuais no diagnóstico da endometriose.

Biomarcadores; Saliva; Soro; Fluido vaginal; Bancos de fluidos corpóreos; MicroRNAs; Endometriose/diagnóstico

ABSTRACT

Objective

The aim of the study was to assess the evidence on miRNAs as biomarkers for the diagnosis of endometriosis, as well as to provide insights into the challenges and strategies associated with the use of these molecules as accessible tools in clinical practice.

Methods

Systematic review conducted on PubMed®, Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), MEDLINE® and Web of Science databases using the search terms endometriosis (all fields) AND miRNA (all fields), evaluating all publication up to May 2019.

Results

Most miRNAs found to be dysregulated in this study were harvested from tissue samples, which precludes their use as a non-invasive diagnostic test. However, differential expression of 62 miRNAs was reported in samples that may be used for non-invasive diagnosis of endometriosis, such as blood, serum and plasma.

Conclusion

Despite the identification of several candidates, studies are investigatory in nature and have been conducted with small number of samples. Also, no particular miRNA has been validated for diagnostic purposes so far. Studies based primarily on biological samples and applicable to translational research are warranted. Large databases comprising information on sample type and the use of saliva and vaginal fluid for miRNAs identification may prove essential to overcome current barriers to diagnosis of endometriosis.

Biomarkers; Saliva; Serum; Vaginal fluid; Body fluids banks; MicroRNAs; Endometriosis/diagnosis

INTRODUÇÃO

A endometriose é uma doença comum, que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva(11. Parasar P, Ozcan P, Terry KL. Endometriosis: epidemiology, diagnosis and clinical management. Curr Obstet Gynecol Rep. 2017;6(1):34-41.,22. Viganò P, Parazzini F, Somigliana E, Vercellini P. Endometriosis: epidemiology and aetiological factors. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2004; 18(2):177-200. Review.) e se caracteriza pela presença de células endometriais fora da cavidade uterina. Apesar de ter sido alvo de muitos estudos, o diagnóstico da doença segue um desafio. As apresentações clínicas variam, indo desde quadros assintomáticos até com sintomatologia grave, e faltam biomarcadores diagnósticos cientificamente aprovados para o diagnóstico clínico de rotina.(11. Parasar P, Ozcan P, Terry KL. Endometriosis: epidemiology, diagnosis and clinical management. Curr Obstet Gynecol Rep. 2017;6(1):34-41.,33. Murphy AA. Clinical aspects of endometriosis. Ann N Y Acad Sci. 2002;955:1-10; discussion 34-36, 396-406.)

Exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica e a ressonância magnética, são utilizados, principalmente em lesões profundas, porém o resultado é altamente influenciado pela experiência do examinador,(44. Goncalves MO, Podgaec S, Dias JA Jr, Gonzalez M, Abrao MS. Transvaginal ultrasonography with bowel preparation is able to predict the number of lesions and rectosigmoid layers affected in cases of deep endometriosis, defining surgical strategy. Hum Reprod. 2010;25(3):665-71.

5. Carneiro MM, Filogônio ID, Costa LM, de Ávila I, Ferreira MC. Clinical prediction of deeply infiltrating endometriosis before surgery: is it feasible? A review of the literature. Biomed Res Int. 2013;2013:564153. Review.

6. Benacerraf BR, Groszmann Y. Sonography should be the first imaging examination done to evaluate patients with suspected endometriosis. J Ultrasound Med. 2012;31(4):651-3.
-77. Nisenblat V, Bossuyt PM, Farquhar C, Johnson N, Hull ML. Imaging modalities for the non-invasive diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;2:CD009591. Review.) o que dificulta o diagnóstico. Nos casos sem achados positivos de imagem, o diagnóstico definitivo da endometriose superficial só pode ser fechado por análise histológica da lesão em amostras geralmente coletadas por cirurgia laparoscópica.(88. Revised American Society for Reproductive Medicine classification of endometriosis: 1996. Fertil Steril. 1997;67(5):817-21.,99. Duffy JM, Arambage K, Correa FJ, Olive D, Farquhar C, Garry R, et al. Laparoscopic surgery for endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2014;(4):CD011031. Review.) Entretanto, esse procedimento é invasivo e requer anestesia geral.

A complexidade da doença, aliada à falta de métodos diagnósticos precisos e menos invasivos, contribui para o atraso no diagnóstico, que pode levar até 11 anos.(55. Carneiro MM, Filogônio ID, Costa LM, de Ávila I, Ferreira MC. Clinical prediction of deeply infiltrating endometriosis before surgery: is it feasible? A review of the literature. Biomed Res Int. 2013;2013:564153. Review.,1010. D’Hooghe TM, Debrock S, Meuleman C, Hill JA, Mwenda JM. Future directions in endometriosis research. Obstet Gynecol Clin North Am. 2003; 30(1):221-44. Review.,1111. Ballard K, Lowton K, Wright J. What’s the delay? A qualitative study of women’s experiences of reaching a diagnosis of endometriosis. Fertil Steril. 2006;86(5):1296-301.) Consequentemente, é enorme a demanda por testes diagnósticos de alta acurácia e pouco invasivos para o diagnóstico da endometriose.(1212. Liu E, Nisenblat V, Farquhar C, Fraser I, Bossuyt PM, Johnson N, et al. Urinary biomarkers for the non-invasive diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2015;(12):CD012019. Review.

13. Gupta D, Hull ML, Fraser I, Miller L, Bossuyt PM, Johnson N, et al. Endometrial biomarkers for the non-invasive diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;4:CD012165. Review.

14. Nisenblat V, Bossuyt PM, Shaikh R, Farquhar C, Jordan V, Scheffers CS, et al. Blood biomarkers for the non-invasive diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;(5):CD012179. Review.

15. Nisenblat V, Prentice L, Bossuyt PM, Farquhar C, Hull ML, Johnson N. Combination of the non-invasive tests for the diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;7:CD012281. Review.
-1616. Somigliana E, Vercellini P, Viganò P, Benaglia L, Crosignani PG, Fedele L. Non-invasive diagnosis of endometriosis: the goal or own goal? Hum Reprod. 2010;25(8):1863-8.)

Diferentes grupos de pesquisa investigaram o papel dos miRNAs (microRNA ou miR) na regulação de genes conhecidos, dada a sua associação com processos envolvidos na patogênese e na evolução dessa doença. Os miRNAs são uma classe de pequenas moléculas endógenas de RNA não codificante, envolvidas na regulação pós-transcricional da expressão gênica.(1717. Marí-Alexandre J, Sánchez-Izquierdo D, Gilabert-Estellés J, Barceló-Molina M, Braza-Boïls A, Sandoval J. miRNAs regulation and its role as biomarkers in endometriosis. Int J Mol Sci. 2016;17(1):93. Review.) Essas pequenas moléculas foram observadas na circulação sanguínea periférica e podem constituir biomarcadores em potencial para o diagnóstico da endometriose.(1818. Lin PY, Yang PC. Circulating miRNA signature for early diagnosis of lung cancer. EMBO Mol Med. 2011;3(8):436-7.,1919. Wang WT, Zhao YN, Han BW, Hong SJ, Chen YQ. Circulating microRNAs identified in a genome-wide serum microRNA expression analysis as noninvasive biomarkers for endometriosis. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(1):281-9.)

A fim de determinar a real possibilidade de se empregar os miRNAs como biomarcadores para endometriose, realizamos um levantamento de todos os estudos publicados, na esperança de direcionar os passos futuros necessários para vencer os desafios associados ao uso de miRNAs na prática clínica.

OBJETIVO

Determinar quais miRNAs têm aplicabilidade diagnóstica na endometriose e delinear os desafios e estratégias envolvidos na transformação dessas moléculas em ferramentas diagnósticas acessíveis para uso na clínica.

MÉTODOS

A fim de identificar artigos científicos abordando associações entre endometriose e miRNA, foi realizada uma busca nas bases de dados PubMed®, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE® e Web of Science, empregando-se os unitermos endometriosis (todos os campos) AND miRNA (todos os campos).

Todas as publicações listadas até maio de 2019 (automaticamente selecionadas) foram manualmente analisadas, e somente as que envolviam padrões de expressão de miRNA validados por reação em cadeia da polimerase (PCR) em amostras clínicas de endometriose foram discutidas nesta revisão. Artigos publicados em idiomas que não o inglês, artigos baseados em cultura de células e artigos retratados, publicados em anais ou inacessíveis foram excluídos. Relatos que figuravam em mais de uma base de dados foram incluídos uma única vez no total de publicações.

Este estudo foi conduzido de acordo com a recomendação Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) para revisões sistemáticas, adotada pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), localizado em São Paulo (SP). A extração de dados foi realizada em duplicata e de forma independente por dois pesquisadores, sendo, então, comparada para confirmação. Os miRNAs e seus respectivos níveis de expressão foram avaliados em amostras e populações de pacientes diferentes, assim como por ano e país de publicação.

RESULTADOS

Visão geral das publicações abordando miRNA e endometriose

No total, 449 artigos científicos abordando associações entre endometriose e miRNA foram encontrados nas bases de dados selecionadas para esta revisão. A maioria dos artigos (185) foi recuperada da base de dados PubMed®, seguida da LILACS e da MEDLINE® (158) e finalmente da Web of Science (106). Desse conjunto de publicações, 46 se enquadraram nos critérios finais de seleção e foram selecionados para discussão nesta revisão (Figura 1).

Figura 1
Resultados resumidos da triagem de publicações abordando associações entre endometriose e miRNAs

O número de publicações investigando miRNAs desregulados em mulheres com endometrioses aumentou rapidamente desde 2009, tendo aproximadamente a metade do número total de artigos (23) sido publicada nos últimos 3 anos. China e Estados Unidos foram os países com o maior número de publicações (21 e 9 artigos, respectivamente).

Nesta amostra de 46 estudos, 43 investigaram miRNAs desregulados no endométrio ectópico (EC) comparativamente ao endométrio eutópico de pacientes controle (EN), 25 foram identificados no EC comparativamente ao endométrio eutópico de mulheres com endometriose (EU), e 23 foram identificados no grupo EU comparativamente ao Grupo EN. Além disso, 27 foram identificados no soro, 18 no plasma, 30 no sangue e seis no líquido peritoneal de mulheres com endometriose em relação ao Grupo Controle. Dentre os tipos de amostras analisados, o sangue parece ser o material mais bem estudado em termos de potencial de aplicação no diagnóstico não invasivo. O resumo dos miRNAs desregulados encontrados em artigos publicados selecionados está listado em tabela 1A-1G .

Tabela 1A
miRNAs diferencialmente expressos em endométrio eutópico de pacientes com endometriose comparados ao endométrio eutópico de pacientes controle
Tabela 1B
miRNAs diferencialmente expressos em endométrio ectópico de pacientes com endometriose e endométrio eutópico de pacientes controle
Tabela 1C
miRNAs diferencialmente expressos em endométrio ectópico e eutópico de pacientes com endometriose
Tabela 1D
miRNAs diferencialmente expressos no soro de pacientes com endometriose e pacientes controle
Tabela 1E
miRNAs diferencialmente expressos no plasma de pacientes com endometriose e pacientes controle
Tabela 1F
miRNAs diferencialmente expressos no sangue de pacientes com endometriose e pacientes controle
Tabela 1G
miRNAs diferencialmente expressos no líquido peritoneal de pacientes com endometriose e pacientes controle

Ao todo, 33 miRNAs foram analisados em mais de um estudo. Destes, 13 foram analisados em amostras do mesmo tipo. Os miRNAs identificados em mais de um estudo e fluido corporal encontram-se descritos na tabela 2.

Tabela 2
Resumo dos miRNAs desregulados identificados em mais de um estudo em diferentes amostras

Dentre os 62 miRNAs identificados em amostras com possível aplicabilidade no diagnóstico pouco invasivo da endometriose, como sangue, soro e plasma, 20 também se mostraram desregulados em outros tipos de tecidos, tais EC e eutópico, e no líquido peritoneal. Destes, 35% foram identificados no mesmo tipo de tecido em mais de um estudo, incluindo miR-200b, miR-145, miR-199a, miR-424, miR-200a, miR-126 e miR-451a. Treze miRNAs mostraram-se desregulados de forma positiva ou negativa, a saber: miR-125b, miR-let-7b, miR-122, miR-451a e miR-199a no soro; miR-29c no EC em relação ao Grupo EN; e miR-145, miR-200b, miR-424, miR-200a, miR-200c, miR-449b e miR-182 no EC em relação ao EC de mulheres com endometriose (Tabela 3).

Tabela 3
Caracterização da expressão de miRNAs para regulação positiva e negativa em diferentes amostras

DISCUSSÃO

A endometriose pode ser uma doença debilitante e causa de má qualidade de vida.(6565. Nogueira Neto J, Coelho TM, Aguiar GC, Carvalho LR, de Araújo AG, Girão MJ, et al. Experimental endometriosis reduction in rats treated with Uncaria tomentosa (cat’s claw) extract. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2011;154(2):205-8.) Essa enfermidade tem relação com dismenorreia, dispareunia profunda, dor pélvica crônica e infertilidade,(6666. Berlanda N, Vercellini P, Somigliana E, Frattaruolo MP, Buggio L. Role of surgery in endometriosis-associated subfertility. Semin Reprod Med. 2013; 31(2):133-43. Review.,6767. Agostinis C, Zorzet S, De Leo R, Zauli G, De Seta F, Bulla R. The combination of N-acetyl cysteine, alpha-lipoic acid, and bromelain shows high anti-inflammatory properties in novel in vivo and in vitro models of endometriosis. Mediators Inflamm. 2015;2015:918089.) sendo considerada um problema de saúde pública, devido ao impacto sobre a saúde física e psicológica das pacientes e ao impacto socioeconômico decorrente dos custos do diagnóstico, do tratamento e do controle clínico.(6868. Rosa-E-Silva JC, Fortunato GG, Zanardi J, Meola J, Nogueira AA. Effect of cabergoline in experimental endometriosis in rats. J Minim Invasive Gynecol. 2015;22(6S):S168.)

Atualmente, o diagnóstico definitivo da endometriose se baseia na análise histológica da lesão, geralmente empregando-se amostras obtidas por cirurgia laparoscópica.(6969. Johnson NP, Hummelshoj L; World Endometriosis Society Montpellier Consortium. Consensus on current management of endometriosis. Hum Reprod. 2013;28(6):1552-68.) Entretanto, os métodos de imagem constituem alternativas diagnósticas não invasivas importantes para a endometriose ovariana e profunda. Tanto a abordagem cirúrgica como a não cirúrgica requerem habilidade professional considerável e disponibilidade de dados específicos, o que pode representar enorme carga econômica e de saúde em países em desenvolvimento.(44. Goncalves MO, Podgaec S, Dias JA Jr, Gonzalez M, Abrao MS. Transvaginal ultrasonography with bowel preparation is able to predict the number of lesions and rectosigmoid layers affected in cases of deep endometriosis, defining surgical strategy. Hum Reprod. 2010;25(3):665-71.

5. Carneiro MM, Filogônio ID, Costa LM, de Ávila I, Ferreira MC. Clinical prediction of deeply infiltrating endometriosis before surgery: is it feasible? A review of the literature. Biomed Res Int. 2013;2013:564153. Review.

6. Benacerraf BR, Groszmann Y. Sonography should be the first imaging examination done to evaluate patients with suspected endometriosis. J Ultrasound Med. 2012;31(4):651-3.

7. Nisenblat V, Bossuyt PM, Farquhar C, Johnson N, Hull ML. Imaging modalities for the non-invasive diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;2:CD009591. Review.

8. Revised American Society for Reproductive Medicine classification of endometriosis: 1996. Fertil Steril. 1997;67(5):817-21.
-99. Duffy JM, Arambage K, Correa FJ, Olive D, Farquhar C, Garry R, et al. Laparoscopic surgery for endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2014;(4):CD011031. Review.)

Nas últimas três décadas, pesquisadores do mundo todo tentaram identificar testes não invasivos capazes de reduzir o tempo necessário para o diagnóstico da endometriose. O CA-125 pode ser detectado no sangue ou no líquido peritoneal e é um dos biomarcadores mais bem estudados. Em alguns estudos de casos, a dosagem de CA-125 mostrou-se promissora, principalmente no diagnóstico da endometriose mais invasiva, desde que realizada no início do ciclo menstrual.(7070. Amaral VF, Ferriani RA, Sá MF, Nogueira AA, Rosa e Silva JC, Rossa e Silva AC, et al. Positive correlation between serum and peritoneal fluid CA-125 levels in women with pelvic endometriosis. Sao Paulo Med J. 2006;124(4):223-7.

71. Abrao MS, Podgaec S, Pinotti JA, de Oliveira RM. Tumor markers in endometriosis. Int J Gynaecol Obstet. 1999;66(1):19-22.
-7272. Abrão MS, Podgaec S, Filho BM, Ramos LO, Pinotti JA, de Oliveira RM. The use of biochemical markers in the diagnosis of pelvic endometriosis. Hum Reprod. 1997;12(11):2523-7.)

Apesar dos resultados conflitantes referentes ao valor do CA-125 enquanto biomarcador decisivo e importante em revisões recentes, segundo Socolov et al., o CA-125 continua sendo o mais indicado para o diagnóstico e o monitoramento da endometriose.(7373. Socolov R, Socolov D, Sindilar A, Pavaleanu I. An update on the biological markers of endometriosis. Minerva Ginecol. 2017;69(5):462-7. Review.) Em uma revisão Cochrane mais recente, publicada em 2016, Nisenblat et al., compararam a acurácia de combinações de testes não invasivos para diagnóstico da endometriose pélvica com o diagnóstico cirúrgico, empregando como padrão de referência ensaios randomizados controlados ou estudos transversais publicados até meados de 2015. Os autores concluíram que nenhum dos biomarcadores investigados (incluindo o CA-125) pode ser devidamente avaliado por falta de evidência suficiente ou de boa qualidade, dada a heterogeneidade e o alto risco de viés nos estudos selecionados.(1515. Nisenblat V, Prentice L, Bossuyt PM, Farquhar C, Hull ML, Johnson N. Combination of the non-invasive tests for the diagnosis of endometriosis. Cochrane Database Syst Rev. 2016;7:CD012281. Review.)

Por mostrar-se mais elevado nos estágios avançados da endometriose, a sensibilidade do CA-125 é limitada. Além disso, a especificidade desse marcador é baixa, devido à sua regulação positiva em outras patologias ginecológicas.(7474. O DF, Flores I, Waelkens E, D’Hooghe T. Noninvasive diagnosis of endometriosis: review of current peripheral blood and endometrial biomarkers. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2018;50:72-83. Review.) Nesse contexto, a busca por novos biomarcadores eficazes e não invasivos, capazes de aprimorar o diagnóstico, o tratamento e o monitoramento da endometriose, permanece no topo da lista de prioridades.

Dentre os candidatos promissores, destacam-se os miRNAs circulantes, identificados pela primeira vez como marcadores sorológicos não invasivos para tumores em 2008.(7575. Mitchell PS, Parkin RK, Kroh EM, Fritz BR, Wyman SK, Pogosova-Agadjanyan EL, et al. Circulating microRNAs as stable blood-based markers for cancer detection. Proc Natl Acad Sci U S A. 2008;105(30):10513-8.

76. Chen X, Ba Y, Ma L, Cai X, Yin Y, Wang K, et al. Characterization of microRNAs in serum: a novel class of biomarkers for diagnosis of cancer and other diseases. Cell Res. 2008;18(10):997-1006.
-7777. Lawrie CH, Gal S, Dunlop HM, Pushkaran B, Liggins AP, Pulford K, et al. Detection of elevated levels of tumour-associated microRNAs in serum of patients with diffuse large B-cell lymphoma. Br J Haematol. 2008;141(5):672-5.) A alta estabilidade dos miRNAs circulantes no plasma humano e sua resistência a diversos procedimentos de manipulação de amostras foram enfatizadas nesses estudos pioneiros.

Além disso, esses mesmos estudos estabeleceram o conceito de diagnóstico baseado em assinaturas de miRNAs livres de células específicas. Desde então, os miRNAs foram validados como marcadores diagnósticos não invasivos para diversas doenças, incluindo distúrbios oncológicos, inflamatórios, cardiovasculares, metabólicos e reprodutivos. Os miRNAs se revelaram marcadores ideais na oncologia, conforme demonstram padrões diferenciais de expressão de miRNAs circulantes em pacientes com câncer pulmonar, ovariano, colorretal, prostático e de mama, em relação a controles saudáveis.(7878. Jansson MD, Lund AH. MicroRNA and cancer. Mol Oncol. 2012;6(6):590-610. Review.)

No sistema reprodutivo feminino em particular, a expressão desregulada de miRNAs foi estudada em fibroides uterinos, em diversos cânceres ginecológicos (incluindo adenocarcinomas) e em distúrbios de parto, como a pré-eclâmpsia e o parto prematuro.(7979. Wang T, Zhang X, Obijuru L, Laser J, Aris V, Lee P, et al. A micro-RNA signature associated with race, tumor size, and target gene activity in human uterine leiomyomas. Genes Chromosomes Cancer. 2007;46(4):336-47.

80. Zhang L, Volinia S, Bonome T, Calin GA, Greshock J, Yang N, et al. Genomic and epigenetic alterations deregulate microRNA expression in human epithelial ovarian cancer. Proc Natl Acad Sci U S A. 2008;105(19):7004-9.

81. Traver S, Assou S, Scalici E, Haouzi D, Al-Edani T, Belloc S, et al. Cell-free nucleic acids as non-invasive biomarkers of gynecological cancers, ovarian, endometrial and obstetric disorders and fetal aneuploidy. Hum Reprod Update. 2014;20(6):905-23.

82. Santamaria X, Taylor H. MicroRNA and gynecological reproductive diseases. Fertil Steril. 2014;101(6):1545-51. Review.
-8383. Srivastava SK, Ahmad A, Zubair H, Miree O, Singh S, Rocconi RP, et al. MicroRNAs in gynecological cancers: Small molecules with big implications. Cancer Lett. 2017;407:123-38. Review.) Essas pequenas moléculas não codificantes associadas a diversas doenças figuram entre os candidatos úteis para o diagnóstico da endometriose.(8484. Bjorkman S, Taylor HS. MicroRNAs in endometriosis: biological function and emerging biomarker candidates†. Biol Reprod. 2019;100(5):1135-46. Erratum in: Biol Reprod. 2019;101(6):1179. Review.)

Nesta revisão, o miRNA com expressão diferencial no maior número de estudos foi o miR-145 (seis artigos). Nos 46 estudos analisados, a maioria dos miRNAs que se mostraram desregulados na endometriose foi coletada de amostras teciduais. Portanto, os fluidos corpóreos foram pouco investigados, embora possam ser úteis enquanto ferramentas diagnósticas não ou pouco invasivas. Além disso, a maioria dos estudos comparou as diferenças de expressão de miRNAs entre o endométrio eutópico e o EC de pacientes com endometriose, sendo poucos os que estabeleceram comparações com o endométrio de pacientes com endometriose, ressaltando a dificuldade dos exames baseados em biópsias endometriais.

Dentre os miRNAs desregulados em pacientes com endometriose comparados nesta revisão, 30 foram detectados no sangue, 27 no soro e 18 no plasma de mulheres com endometriose comparadas com populações controle. As diferenças de composição molecular entre o soro e o plasma são bem conhecidas.(8585. Rai AJ, Gelfand CA, Haywood BC, Warunek DJ, Yi J, Schuchard MD, et al. HUPO Plasma Proteome Project specimen collection and handling: towards the standardization of parameters for plasma proteome samples. Proteomics. 2005;5(13):3262-77.,8686. Hsieh SY, Chen RK, Pan YH, Lee HL. Systematical evaluation of the effects of sample collection procedures on low-molecular-weight serum/plasma proteome profiling. Proteomics. 2006;6(10):3189-98.)

Ao comparar o espectro de miRNAs no soro e no sangue, Wang et al.,(1919. Wang WT, Zhao YN, Han BW, Hong SJ, Chen YQ. Circulating microRNAs identified in a genome-wide serum microRNA expression analysis as noninvasive biomarkers for endometriosis. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(1):281-9.) observaram várias discrepâncias nas concentrações de RNAs determinadas pela liberação de certos miRNAs e outros RNAs durante a coagulação e sugeriram que o plasma seja utilizado como amostra de eleição para estudo de miRNAs circulantes, uma vez que os RNAs liberados durante a coagulação podem alterar o repertório real de miRNAs circulantes.

A expressão diferencial de seis miRNAs foi identificada no líquido peritoneal de pacientes com endometriose em relação a mulheres não afetadas. Portanto, alguns miRNAs presentes no líquido peritoneal podem atuar na patogênese da endometriose. Entretanto, dada a natureza desse fluido, seu emprego é limitado pela necessidade de coleta cirúrgica, ou seja, invasiva.

Um ponto digno de nota nesses estudos foram os resultados conflitantes. Eles foram relatados em estudos que investigaram a expressão dos miR-145, -424, -199a, -29c, -126, -16, -195 e -18a no mesmo tipo de amostra. As principais características desses estudos encontram-se descritas a seguir.

A regulação positiva do miR-145 foi observada no soro, em estudo com 24 pacientes com endometriose estágios III e IV e 24 pacientes controle,(5151. Cosar E, Mamillapalli R, Ersoy GS, Cho S, Seifer B, Taylor HS. Serum microRNAs as diagnostic markers of endometriosis: a comprehensive array-based analysis. Fertil Steril. 2016;106(2):402-9.) e no plasma em um estudo com 55 pacientes com endometriose estágios I e II e 23 pacientes controle.(5858. Bashti O, Noruzinia M, Garshasbi M, Abtahi M. miR-31 and miR-145 as potential non-invasive regulatory biomarkers in patients with endometriosis. Cell J. 2018;20(1):84-9. Erratum in: Cell J. 2018;20(2):293.) Em contrapartida, estudo com 60 casos (estágio da doença não relatado) e 25 controles relatou regulação negativa desse mesmo miRNA no soro.(1919. Wang WT, Zhao YN, Han BW, Hong SJ, Chen YQ. Circulating microRNAs identified in a genome-wide serum microRNA expression analysis as noninvasive biomarkers for endometriosis. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(1):281-9.)

Um estudo com quatro pacientes com endometriose leve e três controles relatou regulação negativa do miR-424 no sangue.(6262. Azmy OM, Elgarf WT. MiRNA-130a, a potential endometriosis inducing factor. Med Res J. 2012;11(2):40-7.) Entretanto, esse mesmo marcador mostrou-se regulado de forma positiva no soro de 30 pacientes com endometriose mínima leve em relação a 20 indivíduos controle.(5252. Wang L, Huang W, Ren C, Zhao M, Jiang X, Fang X, et al. Analysis of Serum microRNA Profile by Solexa Sequencing in Women With Endometriosis. Reprod Sci. 2016;23(10):1359-70.)

A regulação positiva do miR-199a foi detectada no soro de pacientes com endometrioses em dois estudos, sendo um com 60 pacientes com endometriose estágios III e IV e 25 pacientes controle(1919. Wang WT, Zhao YN, Han BW, Hong SJ, Chen YQ. Circulating microRNAs identified in a genome-wide serum microRNA expression analysis as noninvasive biomarkers for endometriosis. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(1):281-9.) e o outro com 45 pacientes com endometriose e 35 pacientes controle.(5050. Maged AM, Deeb WS, El Amir A, Zaki SS, El Sawah H, Al Mohamady M, et al. Diagnostic accuracy of serum miR-122 and miR-199a in women with endometriosis. Int J Gynaecol Obstet. 2017;141(1):14-9.) Entretanto, a regulação negativa do mesmo miRNA no soro foi descrita em outro estudo envolvendo 40 pacientes com endometriose e 25 pacientes controle.(5454. Hsu CY, Hsieh TH, Tsai CF, Tsai HP, Chen HS, Chang Y, et al. miRNA-199a-5p regulates VEGFA in endometrial mesenchymal stem cells and contributes to the pathogenesis of endometriosis. J Pathol. 2014;232(3):330-43.)

Um estudo com 15 casos clínicos e 11 controles revelou regulação positiva do miR-29c no EC de mulheres com endometriose em relação ao endométrio eutópico do Grupo Controle.(3939. Joshi NR, Miyadahira EH, Afshar Y, Jeong JW, Young SL, Lessey BA, et al. Progesterone resistance in endometriosis is modulated by the altered expression of microRNA-29c and FKBP4. J Clin Endocrinol Metab. 2017;102(1):141-9.) Esse achado foi reconfirmado em outro estudo envolvendo 51 mulheres com endometriose e 32 controle(2525. Braza-Boïls A, Marí-Alexandre J, Gilabert J, Sánchez-Izquierdo D, España F, Estellés A, et al. MicroRNA expression profile in endometriosis: its relation to angiogenesis and fibrinolytic factors. Hum Reprod. 2014;29(5):978-88.) nas fases proliferativa e secretória do ciclo menstrual. Entretanto, resultados conflitantes, sugerindo regulação negativa do miR-29c no EC de 20 mulheres com endometriose em relação ao endométrio eutópico de dez pacientes controle,(2727. Long M, Wan X, La X, Gong X, Cai X. miR-29c is downregulated in the ectopic endometrium and exerts its effects on endometrial cell proliferation, apoptosis and invasion by targeting c-Jun. Int J Mol Med. 2015;35(4):1119-25.) todas exclusivamente na fase proliferativa do ciclo, foram relatados por outro pesquisador.

A regulação positiva do miR-126 no EC comparativamente ao endométrio eutópico foi detectada em oito mulheres com endometriose estágios III e IV(4545. Ohlsson Teague EM, Van der Hoek KH, Van der Hoek MB, Perry N, Wagaarachchi P, Robertson SA, et al. MicroRNA-regulated pathways associated with endometriosis. Mol Endocrinol. 2009;23(2):265-75.) nas fases proliferativa e secretória do ciclo menstrual. Entretanto, a regulação negativa do miR-126 foi relatada no EC comparativamente ao endométrio eutópico em 31 mulheres com endometriose estágios III e IV,(2020. Liu S, Gao S, Wang XY, Wang DB. Expression of miR-126 and Crk in endometriosis: miR-126 may affect the progression of endometriosis by regulating Crk expression. Arch Gynecol Obstet. 2012;285(4):1065-72.) todas na fase secretória do ciclo menstrual.

A regulação positiva do miR-16 e do miR-195 foi observada no plasma de 33 mulheres com endometriose comparadas com 20 pacientes controles.(6060. Suryawanshi S, Vlad AM, Lin HM, Mantia-Smaldone G, Laskey R, Lee M, et al. Plasma microRNAs as novel biomarkers for endometriosis and endometriosis-associated ovarian cancer. Clin Cancer Res. 2013;19(5):1213-24.) Entretanto, outro estudo identificou regulação negativa de ambos no sangue de quatro pacientes com endometriose leve comparadas com três controles.(6262. Azmy OM, Elgarf WT. MiRNA-130a, a potential endometriosis inducing factor. Med Res J. 2012;11(2):40-7.)

A regulação positiva do miR-18a foi observada no soro de 24 mulheres com endometriose estágios III e IV em relação a 24 pacientes controle.(5151. Cosar E, Mamillapalli R, Ersoy GS, Cho S, Seifer B, Taylor HS. Serum microRNAs as diagnostic markers of endometriosis: a comprehensive array-based analysis. Fertil Steril. 2016;106(2):402-9.) Entretanto, a regulação negativa foi identificada no sangue de quatro pacientes com endometriose leve em relação a três controles.(6262. Azmy OM, Elgarf WT. MiRNA-130a, a potential endometriosis inducing factor. Med Res J. 2012;11(2):40-7.)

A discrepância nos resultados destaca a relevância de critérios como fase do ciclo menstrual, estágio da doença, tipo de amostra e tipo de procedimento, bem como a necessidade de estudos com maior número de pacientes para o desenvolvimento de testes diagnósticos para a endometriose.

O segundo objetivo deste estudo foi nortear estudos futuros destinados à identificação de um miRNA que possa constituir um biomarcador confiável e uma ferramenta para o diagnóstico preciso da endometriose. De acordo com essa revisão crítica da literatura, infelizmente não há um miRNA específico ou uma combinação de miRNAs devidamente validada para melhorar o diagnóstico da endometriose. Isso pode refletir a heterogeneidade da doença e, consequentemente, as diferenças de composição tecidual.(8787. Saare M, Rekker K, Laisk-Podar T, Rahmioglu N, Zondervan K, Salumets A, et al. Challenges in endometriosis miRNA studies - From tissue heterogeneity to disease specific miRNAs. Biochim Biophys Acta Mol Basis Dis. 2017;1863(9):2282-92. Review.) Por esse motivo, apoiamos as iniciativas da World Endometriosis Research Foundation (WERF) e do Endometriosis Phenome and Biobanking Harmonization Project (EPHect). O esforço conjunto de grupos mundiais de pesquisa para a criação de grandes bancos de dados derivados de amostras coletadas de pacientes com endometriose bem caracterizada é fundamental.

Essa é uma importante ferramenta para a identificação e a validação de biomarcadores, que pode desempenhar papel fundamental na investigação de biomarcadores em estudos futuros.(8888. Watson PH, Wilson-McManus JE, Barnes RO, Giesz SC, Png A, Hegele RG, et al. Evolutionary concepts in biobanking - the BC BioLibrary. J Transl Med. 2009;7:95.) A inclusão de um pool global de amostras clínicas coletadas de pacientes com endometriose é fundamental para o avanço do conhecimento médico e pode ser de grande valia na implementação de terapias-alvo, melhorando a efetividade do tratamento e a qualidade de vida das pacientes que sofrem de endometriose.

Nesta revisão de literatura, não foram encontrados estudos investigando o perfil de expressão de miRNAs no fluido vaginal. Esse fluido corporal pode ser facilmente coletado durante o exame ginecológico e, apesar da alta taxa de colonização bacteriana, parece ser fonte promissora de material diagnóstico.(8989. Hanson EK, Ballantyne J. Circulating microRNA for the identification of forensically relevant body fluids. Methods Mol Biol. 2013;1024:221-34.,9090. Hanson EK, Lubenow H, Ballantyne J. Identification of forensically relevant body fluids using a panel of differentially expressed microRNAs. Anal Biochem. 2009;387(2):303-14.) O valor da expressão diferencial de miRNAs no fluido vaginal enquanto teste potencial de rastreio de HPV foi avaliado, com resultados interessantes.(9191. Tian Q, Li Y, Wang F, Li Y, Xu J, Shen Y, et al. MicroRNA detection in cervical exfoliated cells as a triage for human papillomavirus-positive women. J Natl Cancer Inst. 2014;106(9):dju241.

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Da mesma forma, nenhum dos artigos aqui revisados investigou miRNAs na saliva. Até o momento, não existem biomarcadores salivares para endometriose cientificamente comprovados. O emprego da saliva como meio de detecção de biomarcadores é adequado e desejável(9696. Aro K, Wei F, Wong DT, Tu M. Saliva Liquid Biopsy for Point-of-Care Applications. Front Public Health. 2017;5:77.,9797. Kaczor-Urbanowicz KE, Martin Carreras-Presas C, Aro K, Tu M, Garcia-Godoy F, Wong DT. Saliva diagnostics - Current views and directions. Exp Biol Med (Maywood). 2017;242(5):459-72. Review.) e foi previamente explorado no diagnóstico da endometriose.(9898. Wingfield M, O’ Herlihy C, Finn MM, Tallon DF, Fottrell PF. Follicular and luteal phase salivary progesterone profiles in women with endometriosis and infertility. Gynecol Endocrinol. 1994;8(1):21-5.,9999. Petrelluzzi KF, Garcia MC, Petta CA, Grassi-Kassisse DM, Spadari-Bratfisch RC. Salivary cortisol concentrations, stress and quality of life in women with endometriosis and chronic pelvic pain. Stress. 2008;11(5):390-7.) A ampla disponibilidade, aliada à facilidade de coleta por método não invasivo, com baixo custo e desconforto mínimo, faz da saliva um material ideal para a pesquisa de biomarcadores, que vem despertando grande interesse na esfera da saúde pública. O uso da saliva para identificação de miRNAs seria uma solução não invasiva em potencial para a eliminação dos obstáculos vigentes para o diagnóstico da endometriose.

Este estudo tem algumas limitações. Na avaliação de artigos com resultados conflitantes, não foi possível identificar os fatores responsáveis pelos diferentes desfechos. As razões por trás da heterogeneidade de miRNA também não foram encontradas.

Diversos estudos que investigaram a expressão de miRNAs em pacientes com endometriose foram discutidos nesta revisão. Em sua maioria, esses estudos foram baseados em amostras agrupadas ou pequenas. Ensaios clínicos grandes e bem planejados, destinados à validação de miRNAs associados à endometriose, fazem-se necessários para o desenvolvimento de métodos diagnósticos acurados e pouco invasivos. O impacto clínico do emprego dos miRNAs cientificamente comprovados como biomarcadores para endometriose se traduzirá em mais amplo acesso a cuidados e menor disparidade em saúde, com potencial impacto sobre a saúde global. O diagnóstico da doença em estágios mais precoces pode se traduzir em uma redução dramática dos custos de saúde, além de beneficiar os pacientes em termos de melhor saúde e qualidade de vida.

CONCLUSÃO

A expressão diferencial do miR-145 foi relatada no maior número de estudos (seis artigos). Em sua maioria, os miRNAs desregulados foram extraídos de amostras teciduais.

Nenhum miRNA específico ou combinação de miRNAs foi validado para melhorar o diagnóstico da endometriose, o que pode refletir a heterogeneidade da doença e, consequentemente, diferenças de composição tecidual. Bancos de dados grandes, que contenham dados derivados de amostras coletadas de pacientes com endometriose bem caracterizada, podem ter papel fundamental na investigação de biomarcadores em estudos futuros. O uso de amostras de saliva e fluido vaginal para a identificação de miRNAs poderia representar uma solução não invasiva em potencial para a eliminação das barreiras vigentes para diagnóstico da endometriose.

AGRADECIMENTOS

A Carlos Augusto Cardim de Oliveira, por suas orientações sobre as melhores práticas para uma boa revisão sistemática.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    24 Mar 2020
  • Aceito
    3 Set 2020
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