EDITORIAL
Nosso papel na formação dos médicos
Flávio Takaoka; Júlio César Monte; Cláudio Schvartsman
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
A implantação de programas de residência médica em um hospital filantrópico de corpo clínico aberto, como o Hospital Israelita Albert Einstein, frequentemente suscita questionamentos de médicos do corpo clínico e da comunidade acadêmica sobre nosso papel na formação dos médicos.
Como justificar esse papel e a expansão contínua dos programas de residência para novas especialidades?
Lembramos que, em 2004, iniciamos nosso primeiro programa de Residência Médica em Terapia Intensiva Adulto. Hoje, após 9 anos, temos 74 residentes em treinamento nos 11 programas ativos no hospital, além de três novos Anestesiologia, Medicina da Família e Comunidade e Patologia Clínica com início em 2014.
A Visão e os Valores Institucionais* * http://www.einstein.br/sobre-a-sociedade/Paginas/missao-visao-e-valores.aspx , evidentemente alinhados à rotina diária do hospital, facilita nosso diálogo com os colegas. A prática da Justiça Social, Educação e Boas Ações é percebida no cuidado aos pacientes carentes que usufruem da estrutura de saúde do hospital nos programas da comunidade de Paraisópolis, do transplante de órgãos conveniado ao Ministério da Saúde, ou nos inúmeros outros programas assistenciais ou educativos. Enfatizamos que a excelência na assistência é um dos principais pilares, porém não o único. A geração de conhecimento, outro pilar igualmente importante, conta com a estrutura e o suporte do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa. Em 2012, 202 artigos originais foram publicados em revistas indexadas um crescimento de 15% quando comparamos a 2011.
A presença do residente pressupõe a existência de protocolos atualizados e indicadores definidos, com impacto positivo para a estrutura e para o corpo clínico, que, frequentemente, resulta na melhoria da qualidade e na segurança de assistência aos pacientes. Como resultado, o médico responsável passa a incorporar rotinas mais atualizadas com os avanços no conhecimento científico, compreendendo que o processo educacional de discussão dos casos clínicos, entre outras atividades de treinamento do residente, contribuem para a melhoria no cuidado de seus pacientes.
A instituição possui instrutores competentes e comprometidos com o ensino e com a geração de conhecimento, além de programas assistenciais abrangentes e de excelência. Estamos seguros de que os residentes aqui formados serão excelentes especialistas em suas áreas. Esse aspecto isoladamente, entretanto, não é suficiente para formarmos bons médicos.
Assumimos a responsabilidade de enfatizar os valores essenciais de profissionalismo e humanismo à nova geração de médicos em treinamento. Lembramos que esses valores estão ameaçados por outros valores da sociedade moderna e por novos termos relacionados à mercantilização da medicina. Por outro lado, novos mecanismos econômicos, introduzidos mais recentemente, passaram a governar a prática médica, exigindo conhecimentos como de custo-efetividade, farmacoeconomia, entre outros. Todas essas mudanças provocam reflexos nas relações sociais e valores pessoais, que não podem frustrar as expectativas dessa nova geração de médicos. Nosso compromisso com a nova geração de médicos é o de não deixá-los transformar pacientes em clientes, confiança em suspeita, valores em margem, ou médicos em provedores.
O Einstein tem a visão, os fundamentos, o conhecimento, as pessoas e a estrutura. Portanto, da mesma forma que as melhores instituições acadêmicas, nós nos consideramos capacitados a receber novos médicos em treinamento.
Dessa maneira, concluímos que devemos participar da formação da nova geração de médicos.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
03 Jul 2013 -
Data do Fascículo
Jun 2013
