RESUMO
Objetivo
Caracterizar o movimento assistencial e conhecer os diagnósticos principais de uma consulta de Medicina do Adolescente.
Métodos
Estudo descritivo retrospectivo, com análise dos processos clínicos dos adolescentes (10 a 18 anos) seguidos na consulta de Medicina do Adolescente, de janeiro de 2006 a dezembro de 2013. Foram analisadas as variáveis: sexo, idade, número de consultas, entidade que referenciou e diagnósticos principais, de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. Com relação à variável idade, os adolescentes foram divididos em dois grupos: Grupo I, que incluiu adolescentes de 10 a 14 anos, e Grupo II, que incluiu aqueles com 15 aos 18 anos.
Resultados
Realizaram-se 7.692 consultas, sendo 1.659 (22%) primeiras consultas, com taxa de crescimento anual de 6%. A média de idade foi de 14,2 anos, com 55% do sexo feminino. O grupo das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas foi o mais representativo da amostra (34%), sendo a obesidade o diagnóstico mais frequente em ambos os sexos e grupos etários (23%), com maior prevalência nos rapazes (13% homens versus 10% mulheres; p<0,001) e nos adolescentes mais jovens (18% do Grupo I versus 5% do Grupo II; p<0,001). O grupo dos transtornos mentais e do comportamento foi o segundo mais prevalente (32%), afetando principalmente as adolescentes (39% mulheres versus 22% homens; p<0,001) e o grupo etário mais velho (39% do Grupo II versus 27% do Grupo I; p<0,001). Problemas sociais constituíram o principal diagnóstico em 8% das consultas.
Conclusão
A maioria das patologias diagnosticadas tem forte componente comportamental e social, com destaque para as doenças mentais e a obesidade. Esta tipologia específica de diagnósticos evidencia a necessidade de uma abordagem global do adolescente e de unidades/consultas especializadas nesta faixa etária.
Descritores
Saúde do adolescente; Classificação Internacional de Doenças; Encaminhamento e consulta