Objetivo
Avaliar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com doença valvar que chegaram descompensados no pronto atendimento de um hospital universitário de referência nacional.
Métodos
Análise descritiva de dados clínicos e ecocardiográficos de 174 pacientes consecutivos portadores de doença valvar grave, que apresentaram descompensação clínica e procuraram atendimento no pronto-socorro de um hospital terciário de cardiologia do Estado de São Paulo no ano de 2009.
Resultados
Dos 174 pacientes avaliados, a média etária foi de 56±17 anos e 54% eram do gênero feminino. A principal etiologia da doença valvar foi a reumática (60%), seguida pela doença degenerativa aórtica (15%) e pelo prolapso mitral (13%). A valvopatia mais comumente observada de forma isolada foi a insuficiência mitral (27,5%), seguida por estenose aórtica (23%), insuficiência aórtica (13%) e estenose mitral (11%). Nos dados ecocardiográficos, a média do diâmetro do átrio esquerdo foi de 48±12mm, do ventrículo esquerdo na sístole foi de 38±12mm, e diástole foi de 54±12mm; a média da fração de ejeção foi de 56±13% e a pressão pulmonar média foi de 53±16mmHg. Aproximadamente metade dos pacientes (44%) estava em fibrilação atrial, e mais de um terço dos pacientes (37%) já havia sido submetido a outra cirurgia cardíaca.
Conclusão
Apesar do aumento das comorbidades e dos fatores de risco idade dependentes comumente descritos nos portadores de cardiopatia valvar, o perfil clínico dos sujeitos que chegaram ao pronto atendimento representou uma coorte de pacientes reumáticos em estágios mais avançados de doença. Esses pacientes requerem atendimento prioritário em serviço especializado de alta complexidade.
Doenças das valvas cardíacas/epidemiologia; Febre reumática/complicações