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Meta-análise Cochrane: teicoplanina versus vancomicina para infecções suspeitas ou confirmadas

RESUMO

Objetivo:

Comparar eficácia e toxicidade da teicoplanina e da vancomicina em pacientes com infecção suspeita ou confirmada.

Métodos: Fontes de dados:

Cochrane Renal Group's Specialized Register, CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, livros de referência e artigos de revisão.

Critérios de inclusão:

Ensaios clínicos controlados randomizados em qualquer idioma, comparando teicoplanina e vancomicina em pacientes com infecção suspeita ou confirmada.

Extração de dados:

Dois autores avaliaram a qualidade metodológica dos estudos e extraíram os dados de forma independente. Tentou-se obter dados não publicados diretamente com os autores de cada trabalho. Usou-se um modelo de efeito aleatório para estimar a razão de risco (RR) combinada, com um intervalo de confiança (IC) de 95%.

Resultados:

Foram incluídos 24 estudos (2.610 pacientes). As drogas tiveram taxas semelhantes de cura clínica (RR: 1,03; IC95%: 0,98-1,08), cura microbiológica (RR: 0,98; IC95%: 0,93-1,03) e mortalidade (RR: 1,02; IC95%: 0,79-1,30). A teicoplanina apresentou menores incidências de rash cutâneo (RR: 0,57; IC95%: 0,35-0,92), síndrome do homem vermelho (RR: 0,21; IC95%: 0,08-0,59) e eventos adversos em geral (RR: 0,73; IC95%: 0,53-1,00). A teicoplanina reduziu o risco de nefrotoxicidade (RR: 0,66; IC95%: 0,48-0,90). Esse efeito foi consistente em todos os subgrupos, inclusive aqueles com pacientes recebendo aminoglicosídeos concomitantes (RR: 0,51; IC95%: 0,300,88) ou com dosagens de vancomicina corrigidas pelo nível sérico (RR: 0,22; IC95%: 0,10-0,52). Não foi encontrado nenhum caso de injúria renal que necessitasse de diálise.

Limitações:

Os estudos não seguiram uma definição padrão de nefrotoxicidade.

Conclusões:

Teicoplanina e vancomicina têm eficácia semelhante; no entanto, o risco de nefrotoxicidade e outros eventos adversos foi menor com teicoplanina. É razoável considerar o uso de teicoplanina para pacientes em risco de desenvolver injúria renal aguda.

Descritores:
Agentes antibacterianos/efeitos adversos; Agentes antibacterianos/uso terapêutico; Teicoplanina/efeitos adversos; Teicoplanina/uso terapêutico; Vancomicina/efeitos adversos; Vancomicina/uso terapêutico; Rim/efeitos de droga; Erupção por droga/etiologia

ABSTRACT

Objective:

To compare efficacy and safety of vancomycin versus teicoplanin in patients with proven or suspected infection.

Methods:

Data Sources: Cochrane Renal Group's Specialized Register, CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, nephrology textbooks and review articles. Inclusion criteria: Randomized controlled trials in any language comparing teicoplanin to vancomycin for patients with proven or suspected infection. Data extraction: Two authors independently evaluated methodological quality and extracted data. Study investigators were contacted for unpublished information. A random effect model was used to estimate the pooled risk ratio (RR) with 95% confidence interval (CI).

Results:

A total of 24 studies (2,610 patients) were included. The drugs had similar rates of clinical cure (RR: 1.03; 95%CI: 0.98-1.08), microbiological cure (RR: 0.98; 95%CI: 0.93-1.03) and mortality (RR: 1.02; 95%CI: 0.79-1.30). Teicoplanin had lower rates of skin rash (RR: 0.57; 95%CI: 0.35-0.92), red man syndrome (RR: 0.21; 95%CI: 0.08-0.59) and total adverse events (RR: 0.73; 95%CI: 0.53-1.00). Teicoplanin reduced the risk of nephrotoxicity (RR: 0.66; 95%CI: 0.48-0.90). This effect was consistent for patients receiving aminoglycosides (RR: 0.51; 95%CI: 0.30-0.88) or having vancomycin doses corrected by serum levels (RR: 0.22; 95%CI: 0.10-0.52). There were no cases of acute kidney injury needing dialysis.

Limitations:

Studies lacked a standardized definition for nephrotoxicity.

Conclusions:

Teicoplanin and vancomycin are equally effective; however the incidence of nephrotoxicity and other adverse events was lower with teicoplanin. It may be reasonable to consider teicoplanin for patients at higher risk for acute kidney injury.

Keywords:
Anti-bacterial agents/adverse effects; Anti-bacterial agents/therapeutic use; Teicoplanin/adverse effects; Teicoplanin/therapeutic use; Vancomycin/adverse effects; Vancomycin/therapeutic use; Kidney/drug effects; Drug eruptions/etiology

INTRODUÇÃO

O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, do inglês Methicillin-resistant Staphylococcus aureus) é uma importante causa de infecção da corrente sanguínea e de outras infecções invasivas no mundo todo(11. Bubacz MR. Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus: an ever-emerging epidemic. AAOH. 2007;55(5):193-4.,22. Rioux C, Armand-Lefevre L, Guerinot W, Andremont A, Lucet J-C. Acquisition of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in the acute care setting: incidence and risk factors. Infect Control Hosp Epidemiol. 2007;28(6):733-6.). De 48 a 57% dos isolados de S. aureus de pacientes internados são resistentes à meticilina nos Estados Unidos(33. National Nosocomial Infections Surveillance System. National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS) System Report, data summary from January 1992 through June 2004, issued October 2004. Am J Infect Control. 2004;32(8):470-85.,44. Wisplinghoff H, Bischoff T, Tallent SM, Seifert H, Wenzel RP, Edmond MB. Nosocomial bloodstream infections in US hospitals: analysis of 24,179 cases from a prospective nationwide surveillance study. Clin Infect Dis. 2004;39(3):309-17.) e cerca de 30% em muitos países europeus(55. Voss A, Milatovic D, Wallrauch-Schwarz C, Rosdahl VT, Braveny I. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Europe. EurJ Clin Microbiol Infect Dis. 1994;13(1):50-5.). A vancomicina continua sendo a droga de escolha para o tratamento de infecções causadas pelo MRSA; entretanto, uma das principais limitações de seu uso é o potencial de nefrotoxicidade(66. Maclayton DO, Hall RG 2nd. Pharmacologic treatment options for nosocomial pneumonia involving methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Ann Pharmacother. 2007;41(2):235-44.). Teicoplanina, outro glicopeptídeo, tem essencialmente a mesma eficácia da vancomicina, com algumas vantagens, como administração em bolo uma vez ao dia, uso intramuscular, não há necessidade de monitoramento sérico de rotina e possivelmente menos nefrotoxicidade(77. Wood MJ. The comparative efficacy and safety of teicoplanin and vancomycin. J Antimicrob Chemother. 1996;37(2):209-22. Review. Erratum in: J Antimicrob Chemother 1996;38(5):919. J Antimicrob Chemother 1997 Jul;40(1):147.). Entretanto, a teicoplanina é mais cara.

Não está estabelecido se a vancomicina causa lesão renal permanente ou temporária. Muitos estudos mostram risco aumentado de insuficiência renal após o tratamento com vancomicina(88. Bailie GR, Neal D. Vancomycin ototoxicity and nephrotoxicity. A review. Med Toxicol Adverse Drug Exp. 1988;3(5):376-86.1313. Sidi V, Roilides E, Bibashi E, Gompakis N, Tsakiri A, Koliouskas D. Comparison of efficacy and safety of teicoplanin and vancomycin in children with antineoplastic therapy-associated febrile neutropenia and gram-positive bacteremia. J Chemother. 2000;12(4):326-31.), embora outros não tenham encontrado tal associação(1414. Bhatt-Mehta V, Schumacher RE, Faix RG, Leady M, Brenner T. Lack of vancomycin-associated nephrotoxicity in newborn infants: a case-control study. Pediatrics. 1999;103(4):e48.1616. Wenisch C, Parschalk B, Hasenhündl M, Hirschl AM, Graninger W. Comparison of vancomycin, teicoplanin, metronidazole, and fusidic acid for the treatment of Clostridium difficile-associated diarrhea. Clin Infect Dis. 1996;22(5):813-8.). Na realidade, os efeitos renais adversos eram comuns com as preparações iniciais de vancomicina, mas a significância desse problema é menos bem estabelecida com as atuais formulações purificadas(88. Bailie GR, Neal D. Vancomycin ototoxicity and nephrotoxicity. A review. Med Toxicol Adverse Drug Exp. 1988;3(5):376-86.). Além disso, outros fatores, como associação com drogas nefrotóxicas, especialmente os aminoglicosídeos e diferentes definições de nefrotoxicidade, podem ter ofuscado o verdadeiro impacto da vancomicina na função renal em alguns estudos anteriores(1717. Rybak MJ, Albrecht LM, Boike SC, Chandrasekar PH. Nephrotoxicity of vancomycin, alone and with an aminoglycoside. J Antimicrob Chemother. 1990;25(4):679-87.).

A vancomicina pode causar nefrotoxicidade em razão dos seus efeitos nas células tubulares proximais, nas quais se acumula no interior dos lisossomos(1818. Beauchamp D, Gourde P, Simard M, Bergeron MG. Subcellular localization of tobramycin and vancomycin given alone and in combination in proximal tubular cells, determined by immunogold labeling. Antimicrob Agents Chemother. 1992;36(10):2204-10.,1919. Sokol PP. Mechanism of vancomycin transport in the kidney: studies in rabbit renal brush border and basolateral membrane vesicles. J Pharmacol Exp Ther. 1991;259(3):1283-7.). Nesse local, ela inibe a atividade de muitas enzimas, como a esfingomielinase, levando à vacuolização e necrose(2020. Beauchamp D, Pellerin M, Gourde P, Pettigrew M, Bergeron MG. Effects of daptomycin and vancomycin on tobramycin nephrotoxicity in rats. Antimicrob Agents Chemother. 1990;34(1):139-47.). Como os aminoglicosídeos se acumulam nas mesmas células e também são nefrotóxicos, o uso simultâneo das duas drogas pode levar à perda mais rápida e mais grave da função renal(2121. Duffull SB, Begg EJ. Vancomycin toxicity. What is the evidence for dose dependency? Adverse Drug React Toxicol Rev. 1994;13(2):103-14.).

Até o momento, apenas uma meta-análise de estudos controlados randomizados (ECRs) foi publicada sobre esse tema(77. Wood MJ. The comparative efficacy and safety of teicoplanin and vancomycin. J Antimicrob Chemother. 1996;37(2):209-22. Review. Erratum in: J Antimicrob Chemother 1996;38(5):919. J Antimicrob Chemother 1997 Jul;40(1):147.). Os autores não encontraram diferença entre a vancomicina e a teicoplanina quanto à resposta clínica ou bacteriológica. Entretanto, 10,7% dos pacientes tratados com vancomicina desenvolveram nefrotoxicidade, em comparação com 4,8% daqueles tratados com teicoplanina (p < 0,001). Mas os métodos usados para conduzir essa meta-análise não foram bem descritos, o que impediu seriamente a interpretação dos resultados.

OBJETIVO

Esta revisão sistemática de ECRs teve como objetivo investigar a eficácia e segurança da vancomicina em comparação com a teicoplanina, em pacientes com infecção confirmada ou suspeita.

MÉTODOS

Critérios para considerar os estudos para esta revisão

Tipos de estudos

Incluímos todos os ECRs e quase-ECRs (ECRs em que a alocação para tratamento foi obtida pela alternação, uso de prontuários médicos alternados, data de nascimento ou métodos previsíveis) comparando a administraçao intravenosa (IV) de vancomicina e a administração IV ou intramuscular (IM) de teicoplanina. O primeiro período de estudos cruzados randomizados também foi incluído. Os estudos foram considerados para inclusão independentemente do estado de publicação, idioma, mascaramento, tamanho, duração do seguimento dos pacientes ou de seus objetivos primários e desfechos relatados.

Os ECRs em que não houve eventos relevantes ou adversos nos grupos de tratamento e de controle foram excluídos, pois tais estudos não fornecem informações sobre a magnitude do efeito terapêutico(2222. Whitehead A, Whitehead J. A general parametric approach to the metaanalysis of randomized clinical trials. Stat Med. 1991;10(11):1665-77.).

Tipos de participantes

Critérios de inclusão

  • Pacientes de todas as idades com infecção confirmada ou suspeita por Gram-positivos.

Critérios de exclusão

  • Uso de teicoplanina ou vancomicina para profilaxia (em vez de uso para infecção suspeita ou confirmada).

Tipos de intervenções

  • Pelo menos um braço de tratamento designado para receber teicoplanina IV ou IM, e outro braço de tratamento para receber vancomicina IV.

Tipos de medidas de desfechos

Desfechos primários

  • Nefrotoxicidade: elevação da creatinina sérica (SCr) maior ou igual a duas vezes o nível basal, ou débito urinário inferior a 0,5 mL/kg/h durante um período de 12 horas. Caso os dados não estivessem disponíveis de acordo com essa definição e após entrar em contato com os autores, uma definição semelhante, usada no estudo original, era aceita.

  • Cura clínica: pacientes que apresentaram resolução ou melhora significativa dos sinais e sintomas ao final do tratamento com a droga do estudo.

Desfechos secundários

  • Injúria renal aguda (IRA) com necessidade de terapias de substituição renal.

  • Cura microbiológica definida como cultura negativa de um material em que havia sido anteriormente positivo.

  • Mortalidade.

  • Reações à infusão.

  • Outros eventos adversos relatados nos estudos.

Métodos de pesquisa para identificação dos estudos

A estratégia de pesquisa incluiu todos os idiomas. As seguintes fontes foram pesquisadas.

Pesquisas eletrônicas

  1. O registro especializado Cochrane Renal Group e o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) na Cochrane Library. Os registros especializados do CENTRAL e do Cochrane Renal Group contêm os resultados pesquisados manualmente de anais de conferências de temas gerais e de especialidades. Essa é uma atividade contínua na Colaboração Cochrane, sendo tanto retrospectiva como prospectiva. Assim, não pesquisamos especificamente as atividades da conferência. Consulte o módulo Cochrane Renal Group na Biblioteca Cochrane para a lista mais atualizada de anais de conferências(2323. Higgins JP, Green S, editors. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.1.0 [updated March 2011]. The Cochrane Collaboration, 2011. Available from: www.cochrane-handbook.org
    www.cochrane-handbook.org...
    ).

  2. MEDLINE (a partir de 1966) usando estratégia otimamente sensível desenvolvida para a Colaboração Cochrane para a identificação de ECRs(2323. Higgins JP, Green S, editors. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.1.0 [updated March 2011]. The Cochrane Collaboration, 2011. Available from: www.cochrane-handbook.org
    www.cochrane-handbook.org...
    ), junto de uma estratégia de busca específica, desenvolvida com os dados do Cochrane Renal Group Trial Search Coordinator.

  3. EMBASE (desde 1980), por meio de uma estratégia de busca adaptada a partir daquela desenvolvida pela Colaboração Cochrane para identificação de ECRs(2323. Higgins JP, Green S, editors. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.1.0 [updated March 2011]. The Cochrane Collaboration, 2011. Available from: www.cochrane-handbook.org
    www.cochrane-handbook.org...
    ), junto de uma estratégia de busca específica desenvolvida com dados do Cochrane Renal Group Trial Search Coordinator.

Os termos de buscas utilizados estão no anexo 1.

Busca de outros recursos

  1. Listas de referência de livros-texto de nefrologia, artigos de revisão e estudos relevantes.

  2. Cartas buscando informações sobre estudos não publicados ou incompletos para investigadores sabidamente envolvidos em estudos anteriores.

Coleta de dados e análise

Avaliação da elegibilidade do estudo

A revisão foi realizada por cinco autores (AC, AG, DB, CA e ES). A estratégia de busca descrita foi usada para obter títulos e resumos de estudos que possam ser relevantes para a revisão. Dois autores (DB e CA) selecionaram independentemente os resumos identificados em nossa busca.

Se quaisquer dos autores considerassem que uma citação pudesse incluir um ECR relevante, o texto do artigo na íntegra era considerado. Após ter os artigos completos, cada potencial era avaliado de maneira independente por dois autores (grupos de dois formados por AC, AG, DB, CA ou ES). No caso de discordância, os autores discutiam as razões para suas decisões. Se a discordância não fosse resolvida durante esse processo, um terceiro autor tomaria a decisão final (AC ou ES ou AG). No caso de dúvidas sobre o desenho do estudo (por exemplo, estudo observacional comparado com ECRs), o autor da publicação era contatado.

Extração de dados

A extração de dados foi realizada de maneira independente por AC e ES por meio de formas padrão de extração de dados. As discordâncias foram resolvidas por consenso. Os estudos relatados em idioma diferente do inglês foram traduzidos antes da avaliação. As publicações em duplicata ou os subestudos dos estudos incluídos foram listados na referência primária, uma vez que podem ter fornecido informações sobre resultados relevantes não disponíveis na publicação original. Qualquer informação adicional necessária do autor original era solicitada por correspondência escrita.

Qualidade do estudo

A qualidade dos estudos incluídos foi avaliada de maneira independente por AC e ES sem mascaramento da autoria ou do periódico, usando a lista de verificação desenvolvida para o Cochrane Renal Group. As discrepâncias eram resolvidas por discussões que visavam atingir um consenso.

Lista de verificação da qualidade

Avaliamos os seguintes critérios (Anexo 2):

  • Ocultação da alocação;

  • Mascaramento (participantes, investigadores, avaliadores do desfecho e análise de dados);

  • Intenção de tratar;

  • Duração completa do seguimento.

Análise estatística

Os dados dicotômicos (por exemplo, IRA com necessidade de diálise, ou nefrotoxicidade como definida anteriormente) de todos os ECRs incluídos foram combinados para estimar a razão de risco (RR) combinada com intervalo de confiança (IC) de 95%, por meio de um modelo de efeitos randomizados(2424. DerSimonian R, Laird N. Meta-analysis in clinical trials. Control Clin Trials. 1986;7(3):177-88.).

As análises foram baseadas nos dados de intenção de tratar a partir de estudos individuais, sempre que possível. Procurou-se, ao máximo, obter informações completas sobre os desfechos dos pacientes, incluindo os autores para contato. Entretanto, não incluímos no denominador os pacientes sem acompanhamento.

A presença de heterogeneidade nos diferentes estudos foi avaliada com o uso de estatísticas I²(2525. Higgins JPT, Thompson SG, Deeks JJ, Altman DG. Measuring inconsistency in meta-analyses. BMJ. 2003;327(7414):557-60.) e os testes do χ2 padrão para homogeneidade para cada análise de resultado. Um valor I² representa a porcentagem de variação total entre os estudos devido à razão da heterogeneidade em vez do acaso. O valor de I² inferior a 25% foi considerado como baixo e o valor I² superior a 75% foi considerado como alto. Buscamos possível viés de publicação e outros vieses associados a pequenos efeitos do estudo construindo gráficos em funil(2626. Egger M, Davey Smith G, Schneider M, Minder C. Bias in meta-analysis detected by a simple, graphical test. BMJ. 1997;315(7109):629-34.). Gráficos em funil são gráficos simples dos efeitos do tratamento obtidos de estudos individuais no eixo vertical (por exemplo, log OR [odds ratio/razão de chances]) em relação a alguma medida do tamanho do estudo no eixo horizontal (por exemplo, erro padrão do log OR).

Tínhamos originalmente planejado realizar modelos de metarregressão de efeitos aleatórios univariados e multivariados para analisar possíveis fatores clínicos e de qualidade do estudo que pudessem influenciar os efeitos terapêuticos, isto é, uma tentativa para explicar a heterogeneidade(2727. Altman DG, Bland JM. Interaction revisited: the difference between two estimates. BMJ. 2003;326(7382):219-.,2828. Thompson SG, Sharp SJ. Explaining heterogeneity in meta-analysis: a comparison of methods. Stat Med. 1999;18(20):2693-708.). As seguintes variáveis precisavam ser consideradas: erro padrão de logaritmo de razão de chances (odds ratio), condição da publicação (indexado ou não por MEDLINE), qualidade do estudo (geração da sequência de alocação, ocultação da sequência de alocação, acompanhamento, análise de intenção de tratamento), definição de nefrotoxicidade, ajuste da dose orientado pela dosagem sérica da vancomicina, subgrupos clínicos (pacientes criticamente doentes, pacientes com insuficiência renal, pacientes idosos ou em uso concomitante de aminoglicosídeos). Entretanto, como não encontramos heterogeneidade substancial para quaisquer dos resultados primários, não realizamos a metarregressão. Em vez disso, conduzimos análises simples de subgrupos (ajuste da dose orientado pela vancomicina e uso concomitante de aminoglicosídeos). Tínhamos planejado avaliar outros subgrupos (de acordo com idade ou função renal basal), mas não foi possível, pois não conseguimos obter os dados apropriados.

Os efeitos adversos foram tabulados e avaliados com técnicas descritivas. Sempre que possível, a RR combinada com o IC95% foi calculada para cada efeito adverso.

Todos os valores p relatados foram bicaudais; os valores menores que 0,05 foram considerados significativos, exceto para o teste do χ2 para homogeneidade. Esse método tem baixa sensibilidade para detectar heterogeneidade usando poucos estudos, portanto o valor p inferior a 0,10 foi considerado como estatisticamente significativo.

RESULTADOS

Descrição dos estudos

Identificamos inicialmente 909 estudos potencialmente relevantes (Figura 1). Após avaliarmos seus resumos (ou títulos), excluímos 796 trabalhos, pois não eram ECRs ou não comparavam a teicoplanina com a vancomicina. Foram avaliados os artigos na íntegra dos outros 113 estudos, sendo que outros 82 foram considerados inelegíveis. Assim, ficou um número de 31 ECRs potencialmente relevantes. Cinco trabalhos eram publicações em duplicata de estudos incluídos(2929. Chow AW, Jewesson PJ, Kureishi A, Phillips GL. Teicoplanin versus vancomycin in the empirical treatment of febrile neutropenic patients. Eur J Haematol Suppl. 1993;54:18-24.3131. Van der Auwera P, Aoun M, Meunier F. Randomized study of vancomycin versus teicoplanin for the treatment of gram-positive bacterial infections in immunocompromised hosts. Antimicrob Agents Chemother. 1991;35(3):451-7) e excluídos(3232. Menichetti F, Martino P, Bucaneve G, Gentile G, D’Antonio D, Liso V, et al. Effects of teicoplanin and those of vancomycin in initial empirical antibiotic regimen for febrile, neutropenic patients with hematologic malignancies. Gimema Infection Program. Antimicrob Agents Chemother. 1994;38(9):2041-6.); um trabalho era um subgrupo de um estudo maior(3333. Gilbert DN, Wood CA, Kimbrough RC. Failure of treatment with teicoplanin at 6 milligrams/kilogram/day in patients with Staphylococcus aureus intravascular infection. The Infectious Diseases Consortium of Oregon. Antimicrob Agents Chemother. 1991;35(1):79-87.) e um estudo usou apenas uma dose de vancomicina ou teicoplanina e foi excluído(3434. Rybak MJ, Bailey EM, Warbasse LH. Absence of “red man syndrome” in patients being treated with vancomycin or high-dose teicoplanin. Antimicrob Agents Chemother. 1992;36(6):1204-7.).

Figura 1
Seleção de estudos para inclusão na revisão sistemática de teicoplanina versus vancomicina para infecção comprovada ou suspeita

Os 24 estudos finalmente incluídos contavam 2.610 pacientes. A maioria foi publicada entre 1988 e 2000, sendo três estudos entre 2001 e 2004 (Tabela 1). O tamanho mediano da amostra foi de 72 pacientes, variando entre 20 e 635. A maior parte dos estudos avaliou adultos, sendo que apenas dois estudos incluíam pacientes pediátricos. Dos 24 estudos, 10 avaliaram pacientes com neutropenia febril, sendo que os outros incluíram várias outras infecções relacionadas ou provavelmente relacionadas a bactérias Gram-positivas. Dezesseis estudos não incluíram pacientes com SCr previamente elevada, embora os níveis de corte para exclusão variaram. As definições de nefrotoxicidade também não foram uniformes nos diferentes estudos.

Tabela 1
Características dos estudos incluídos

A maioria dos estudos administrou 6 a 10 mg/kg de teicoplanina IM ou IV, a cada 12 horas, por 3 doses e, a seguir, 1 vez ao dia (Tabela 1). Foram usados vários esquemas terapêuticos com vancomicina, variando entre 24 e 40 mg/kg/dia, divididos entre duas e quatro doses ou uma dose fixa de 2 g/dia, dividida em duas a quatro doses. A vancomicina foi ajustada de acordo com os níveis séricos em sete estudos, embora apenas para pacientes selecionados em dois deles.

Risco de viés nos estudos incluídos

Em geral, a qualidade dos estudos incluídos foi ruim (Anexo 3). Apenas 6 em 24 estudos relataram ocultação da alocação. O mascaramento dos participantes, profissionais de saúde e avaliadores dos desfechos foi descrito adequadamente em 5 dos 24 estudos. A análise intenção de tratar foi realizada em apenas 7 dos 24 estudos. As exclusões pós-randomização ou as perdas de acompanhamento foram maiores que 10% em 13 dos 24 estudos.

Em seis estudos, a unidade de randomização e a análise foi um episódio de infecção. Isto é, o mesmo paciente podia ser incluído duas vezes ou mais no estudo. Isto é inapropriado, já que os métodos estatísticos usados pressupõem a independência das observações.

Efeitos das intervenções

Os principais resultados estão resumidos na tabela 2 e no anexo 4. A teicoplanina reduziu o risco de nefrotoxicidade (Tabela 3: RR: 0,66; IC95%: 0,48-0,90; I²: 10%). A ordenação dos estudos de acordo com o ano dos dados de publicação não sugeriu um padrão de redução da nefrotoxicidade relacionado à vancomicina nos estudos mais recentes. A cura clínica foi semelhante a da teicoplanina ou a da vancomicina (Anexo 5: RR: 1,03; IC95%: 0,98-1,08; I²: 0%) assim como a cura microbiológica (RR: 0,98; IC95%: 0,93-1,03; I2 = 0%). Os gráficos em funil para nefrotoxicidade ou cura clínica não sugeriram o efeito de um pequeno estudo ou viés de relato (gráficos não mostrados neste manuscrito).

Tabela 2
Resumo dos achados para a comparação principal
Tabela 3
Dados combinados de taxas de nefrotoxidade de vancomicina e teicoplanina

Não realizamos análise de metarregressão, pois não havia evidência de heterogeneidade substancial entre os resultados do estudo quanto aos principais desfechos (endpoints) – nefrotoxicidade e cura clínica.

As análises de subgrupos de acordo com a indicação clínica (neutropenia febril, infecção associada a cateter, bacteremia por Gram-positivo, endocardite, infecção óssea/articular ou outras infecções por Gram-positivo) não mostraram sinais de superioridade da vancomicina ou teicoplanina para qualquer indicação (Anexo 6). Quanto à nefrotoxicidade, a análise de subgrupo não sugeriu diferença no efeito terapêutico para as comparações dos estudos com ocultação adequada da alocação com ocultação confusa ou falta de ocultação da alocação (teste para diferenças de subgrupo, p = 0,56), estudos com mascaramento de participantes, profissionais de saúde e avaliadores de resultados e estudos com ocultação confusa ou sem ocultação (teste para diferenças de subgrupo, p = 0,70) e estudos com e sem análise intenção de tratar (teste para diferenças de subgrupo, p = 0,48).

Os dados sobre IRA com indicação de diálise estavam disponíveis em apenas 6 estudos (786 pacientes). Nenhum paciente dos grupos tratados com vancomicina ou teicoplanina precisou de diálise, portanto foi impossível estimar a RR. Não houve evidência de maior efeito nefrotóxico da vancomicina em comparação com a teicoplanina nos pacientes que receberam aminoglicosídeos concomitante (Anexo 7). Uma análise post-hoc da nefrotoxicidade limitada aos estudos em que todos os pacientes receberam vancomicina, de acordo com os níveis séricos, forneceu resultados semelhantes aos da estimativa total (RR: 0,22; IC95%: 0,10-0,52; I² = 0%). Entretanto, essa análise baseouse em apenas 32 eventos nefrotóxicos em 5 estudos. Os dados de outros subgrupos estavam indisponíveis (pacientes criticamente doentes, pacientes com insuficiência renal e pacientes idosos).

O efeito da teicoplanina na cura microbiológica foi semelhante ao da vancomicina. A mortalidade foi semelhante com os dois antibióticos (RR: 1,02; IC95%: 0,79-1,3; I2 = 0%), mas em razão da grave imprecisão e da má qualidade dos estudos incluídos, este é um sinal de baixa qualidade. O rash cutâneo (RR: 0,57; IC95%: 0,350-0,92; I2 = 5%) e a síndrome do homem vermelho foram observados com frequência muito menor com a teicoplanina do que com a vancomicina. A incidência de qualquer efeito adverso foi 27% menor com a teicoplanina, embora a heterogeneidade fosse bastante elevada (RR: 0,73; IC95%: 0,53-1,0; I2 = 52%).

DISCUSSÃO

Resumo dos principais resultados

Nesta revisão sistemática e meta-análise, encontramos um efeito semelhante da teicoplanina em comparação à vancomicina na cura clínica e microbiológica. Entretanto, a RR da nefrotoxicidade foi reduzida em 34% com o uso da teicoplanina. Isso representa um número necessário para causar danos igual a 25 (supondo um risco de nefrotoxicidade com a vancomicina igual a 9%). A nefrotoxicidade reduzida da teicoplanina comparada à vancomicina foi observada de maneira semelhante em pacientes com ou sem aminoglicosídeos, e também nos estudos em que a administração de vancomicina foi orientada por níveis séricos.

Rash cutâneo, síndrome do homem vermelho e eventos adversos totais também foram menos comuns com a teicoplanina do que com vancomicina. A mortalidade foi semelhante com ambas as drogas, mas o número total de mortes foi baixo. Portanto, há uma precisão inadequada na estimativa do efeito sobre a mortalidade.

Duração completa do seguimento e aplicabilidade das evidências

Os resultados dessa revisão sistemática são aplicáveis à maioria dos pacientes em que a teicoplanina ou a vancomicina está sendo considerada para tratamento de uma infecção por Gram-positivo, especialmente se for MRSA.

Entretanto, alguns grupos de pacientes podem não ter sido representados nesta revisão de forma adequada. A maioria dos estudos excluiu aqueles com insuficiência renal e nenhum estudo incluiu apenas pacientes criticamente doentes. Os dados específicos para os subgrupos de insuficiência renal, pacientes criticamente doentes ou pacientes idosos não estavam disponíveis em publicações dos estudos originais e não puderam ser obtidos dos autores.

Os dados sobre IRA com necessidade de diálise estavam disponíveis em apenas seis estudos, mas nenhum paciente (0/786) desenvolveu tal complicação em qualquer grupo de antibióticos. Portanto, não foi possível avaliar se o menor risco de nefrotoxicidade com a teicoplanina do que com a vancomicina se traduz em menor risco de IRA com necessidade de diálise. A ausência de casos com necessidade de diálise talvez possa ser explicada pela seleção de pacientes com menor risco para esse evento, por exemplo, a sub-representação da insuficiência renal prévia ou pacientes criticamente doentes. Além disso, a nefrotoxicidade induzida pela vancomicina é leve. Porém, é possível que a progressão para diálise possa ser precipitada pela vancomicina entre os pacientes de maior risco.

As avaliações comparativas da cura clínica de acordo com o sítio clínico mostraram um efeito consistente dos locais de infecção/indicações avaliados. Alguns estudos prévios sugerem que a taxa de falha na endocardite pode ser inaceitável com a teicoplanina nas doses habituais (6 mg/kg a cada 12 horas, por 3 doses, e, a seguir, 1 vez ao dia) em comparação com a vancomicina(3333. Gilbert DN, Wood CA, Kimbrough RC. Failure of treatment with teicoplanin at 6 milligrams/kilogram/day in patients with Staphylococcus aureus intravascular infection. The Infectious Diseases Consortium of Oregon. Antimicrob Agents Chemother. 1991;35(1):79-87.,3535. Choi J, Kiln Y, Shin W, Kang M, Kim D, Min W, Park C, Kim C, Kim D. A randomized study comparing clinical efficacy, of ceftazidime plus aztreonam plus teieoptanm or vancomycin containmg regimen in febrile granulocytopenic patients. J Korean Soc Chemother. 10 (1992):165-7l.,3636. Wilson AP, Grüneberg RN, Neu H. A critical review of the dosage of teicoplanin in Europe and the USA. Int J Antimicrob Agents. 1994;4 Suppl 1:1-30.). A teicoplanina, mesmo em doses mais altas, não penetra nessas vegetações cardíacas; portanto, o sucesso pode ser alcançado apenas nas pequenas vegetações ou quando os aminoglicosídeos estão associados(3737. Cremieux AC, Maziere B, Vallois JM, Ottaviani M, Azancot A, Raffoul H, et al. Evaluation of antibiotic diffusion into cardiac vegetations by quantitative autoradiography. J Infect Dis. 1989;159(5):938-44.). A totalidade de evidências de ECRs sobre a endocardite sugere que a teicoplanina seja semelhante à vancomicina; entretanto, um pequeno estudo(3838. MMD-014 1992 [unpublished data only]. Marion Merrel Dow - USA Protocol 014. Data on file, Marion Merrell Dow.) teve resultados discrepantes que foram desfavoráveis à teicoplanina. Isso resultou em grandes efeitos inconsistentes (I² = 52%) entre os estudos. Portanto, não é possível tirarmos conclusão sobre a eficácia da teicoplanina nessa situação.

Qualidade da evidência

Os ECRs incluídos nesta revisão são geralmente pequenos e apenas alguns estão livres de problemas metodológicos; assim, aumentam o risco de resultados imparciais. Houve baixa heterogeneidade entre as estimativas do efeito a partir dos estudos incluídos para todos os desfechos, exceto a ocorrência de qualquer evento adverso. Esse último resultado provavelmente seja uma consequência das várias definições diferentes de “qualquer evento adverso” usadas em estudos primários.

A qualidade da evidência quanto ao efeito da teicoplanina em comparação com a vancomicina na nefrotoxicidade é moderada de acordo com o sistema GRADE(3939. Atkins D, Best D, Briss PA, Eccles M, Falck-Ytter Y, Flottorp S, Guyatt GH, Harbour RT, Haugh MC, Henry D, Hill S, Jaeschke R, Leng G, Liberati A, Magrini N, Mason J, Middleton P, Mrukowicz J, O‘Connell D, Oxman AD, Phillips B, Schünemann HJ, Edejer TT, Varonen H, Vist GE, Williams JW Jr, Zaza S; GRADE Working Group. Grading quality of evidence and strength of recommendations. BMJ. 2004;328(7454):1490.). As limitações no desenho dos estudos primários reduziram a qualidade das evidências. A qualidade de evidências do sistema GRADE também é moderada para a avaliação da cura clínica. O nível de evidência foi reduzido por causa das limitações metodológicas dos estudos primários.

Possíveis vieses no processo de revisão

Para assegurar um alto grau de validade interna e externa, seguimos uma abordagem sistemática para identificação e seleção do estudo, abstração de dados e análise. Procuramos todos os estudos relevantes utilizando estratégias de busca sensíveis e validadas em vários bancos de dados bibliográficos. Os estudos foram incluídos independentemente do estado de publicação ou do idioma. Os pesquisadores originais foram contatados e alguns, mas não todos, contribuíram com informações adicionais. Dados sobre a nefrotoxicidade resultante foram obtidos de 23 em 24 estudos e dados sobre a cura clínica foram obtidos de 20 dos 24 estudos. Procuramos e não encontramos evidências de relatos ou de viés de pequenos estudos utilizando gráficos em funil para esses resultados.

As limitações desta revisão incluem a falta de uma definição uniforme de nefrotoxicidade nos estudos originais. Na realidade, até há pouco tempo, não havia uma definição universalmente reconhecida de IRA e várias definições foram usadas na literatura(4040. Kellum JA, Levin N, Bouman C, Lameire N. Developing a consensus classification system for acute renal failure. Curr Opin Crit Care. 2002;8(6):509-14.). A definição atual de IRA, proposta pela Acute Kidney Injury Network (AKIN), inclui um aumento de pelo menos 0,3 mg/dL nos níveis basais de creatinina ou um aumento de 50% em 2 medições diferentes, ou um débito urinário inferior a 0,5mL/kg/h durante mais de 6 horas(4141. Mehta RL, Kellum JA, Shah SV, Molitoris BA, Ronco C, Warnock DG, Levin A; Acute Kidney Injury Network. Acute Kidney Injury Network: report of an initiative to improve outcomes in acute kidney injury. Crit Care. 2007;11(2):R31-R.). A definição da AKIN não havia sido publicada quando preparamos este protocolo de revisão. Portanto, definimos nefrotoxicidade em nossa revisão de acordo com o componente “lesão/injúria” dos critérios RIFLE para IRA(4242. Bellomo R, Ronco C, Kellum JA, Mehta RL, Palevsky P; Acute Dialysis Quality Initiative Workgroup. Acute renal failure -definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Crit Care. 2004;8(4):R204-12.). Entretanto, fomos incapazes de obter dados sobre a nefrotoxicidade de acordo com a nossa definição dos autores do estudo. Portanto, abstraímos os dados sobre nefrotoxicidade como definido nos estudos originais, com a definição mais comum sendo o aumento da SCr > 0,5 mg/dL acima da linha de base. Apesar da falta de uniformidade na definição desse desfecho, não houve evidências de heterogeneidade substancial entre os estudos quanto ao efeito da teicoplamina comparado ao da vancomicina em termos de nefrotoxicidade.

Concordância ou discordância com outros estudos ou revisões

Uma meta-análise avaliando a teicoplanina contra a vancomicina foi publicada anteriormente; entretanto, o autor não relatou qualquer método estruturado para identificação, seleção e análise do estudo(77. Wood MJ. The comparative efficacy and safety of teicoplanin and vancomycin. J Antimicrob Chemother. 1996;37(2):209-22. Review. Erratum in: J Antimicrob Chemother 1996;38(5):919. J Antimicrob Chemother 1997 Jul;40(1):147.). Naquele estudo, ambas as drogas alcançaram probabilidades semelhante de cura clínica (72,7% para teicoplanina versus 77,2% para vancomicina); contudo, a teicoplanina teve significativamente menos eventos adversos (21,9 versus 13,9%; p = 0,0003), em especial menos nefrotoxicidade (4,8 versus 10,7%; p = 0,0005). Uma abordagem formal foi seguida nesta revisão e foram incluídos outros dez estudos.

Apesar dessas diferenças, encontramos resultados semelhantes de cura clínica (74,3 versus 72,0%) e nefrotoxicidade (4,7 versus 9,2%).

Um problema recorrente na literatura da teicoplanina é relação entre a dose e a sua eficácia clínica(3636. Wilson AP, Grüneberg RN, Neu H. A critical review of the dosage of teicoplanin in Europe and the USA. Int J Antimicrob Agents. 1994;4 Suppl 1:1-30.,4343. Finch RG, Eliopoulos GM. Safety and efficacy of glycopeptide antibiotics. J Antimicrob Chemother. 2005;55 Suppl 2:ii5-13.). Atualmente, a dose recomendada é de 6 mg/kg (ou 400 mg) a cada 12 horas por 3 doses, seguida por 6 mg/kg (ou 400 mg), 1 vez ao dia, sendo necessário o dobro dessa dose para o tratamento da endocardite(3636. Wilson AP, Grüneberg RN, Neu H. A critical review of the dosage of teicoplanin in Europe and the USA. Int J Antimicrob Agents. 1994;4 Suppl 1:1-30.). Estudos iniciais com a teicoplanina usaram uma dose bem menor, em geral metade da dose empregada atualmente(3131. Van der Auwera P, Aoun M, Meunier F. Randomized study of vancomycin versus teicoplanin for the treatment of gram-positive bacterial infections in immunocompromised hosts. Antimicrob Agents Chemother. 1991;35(3):451-7,4444. Neville LO, Brumfitt W, Hamilton-Miller JM, Harding I. Teicoplanin vs. vancomycin for the treatment of serious infections: a randomised trial. Int J Antimicrob Agents. 1995;5(3):187-93.,4545. Hermans YP, S., Goosens H, Clumeck N. Teicoplanin compared with vancomycin in methicillin-resistant Staphylococcus aureus infections: preliminary results. J Antimicrob Chemother. 1988;21 Suppl A:81-7.). A maioria dos estudos nesta revisão usou a maior dose atual (400 mg/kg a cada 12 horas durante 3 doses, seguido por 1 vez ao dia), ou mudou para a dose maior durante o estudo. Os resultados destes estudos apresentam um efeito bastante semelhante e consistente da teicoplanina em relação à vancomicina na cura clínica ou microbiológica. Recentemente, a dose de ataque de 6 mg/kg, a cada 12 horas, durante 4 doses, seguida pela administração 1 vez ao dia, foi recomendada para alcançar, de forma rápida concentrações séricas ideais de teicoplanina(4646. Brink AJ, Richards GA, Cummins RR, Lambson J; Gauteng Understanding Teicoplanin Serum levels (GUTS) study group. Recommendations to achieve rapid therapeutic teicoplanin plasma concentrations in adult hospitalised patients treated for sepsis. Int J Antimicrob Agents. 2008;32(5):455-8.).

CONCLUSÕES

Implicações para a prática

Esta revisão resume a melhor evidência disponível sobre o uso de teicoplanina comparado ao de vancomicina em pacientes infectados ou com suspeita de estarem infectados. A qualidade global das evidências em todas as comparações é baixa a moderada utilizando-se o sistema GRADE(3939. Atkins D, Best D, Briss PA, Eccles M, Falck-Ytter Y, Flottorp S, Guyatt GH, Harbour RT, Haugh MC, Henry D, Hill S, Jaeschke R, Leng G, Liberati A, Magrini N, Mason J, Middleton P, Mrukowicz J, O‘Connell D, Oxman AD, Phillips B, Schünemann HJ, Edejer TT, Varonen H, Vist GE, Williams JW Jr, Zaza S; GRADE Working Group. Grading quality of evidence and strength of recommendations. BMJ. 2004;328(7454):1490.). A teicoplanina tem a mesma eficácia da vancomicina na cura clínica e microbiológica, embora esteja associada a um menor risco de nefrotoxicidade e rash cutâneo. Como nenhum paciente tratado com quaisquer dos dois antibióticos precisou de diálise, o efeito da teicoplanina comparado ao da vancomicina neste desfecho não pôde ser determinado. Portanto, continua indefinido se a teicoplanina oferece uma vantagem clinicamente relevante sobre a vancomicina, embora possa ser razoável considerar a teicoplanina como uma melhor opção para os pacientes com maior risco de IRA com necessidade de diálise.

Não há evidências consistentes da eficácia da teicoplanina comparada a da vancomicina no tratamento da endocardite. Assim, a teicoplanina não pode ser recomendada atualmente para tal enfermidade.

Implicações para pesquisa

Os pesquisadores devem conduzir estudos para avaliar antibióticos para as infecções por Gram-positivo com um desenho seguro e poder adequado para avaliar os desfechos relevantes aos pacientes. Os estudos com a vancomicina deveriam informar a incidência de IRA com necessidade de diálise. Futuros estudos envolvendo a vancomicina devem usar níveis séricos para orientar os ajustes da dose. Esta revisão mostrou que o risco de nefrotoxicidade também era maior em pacientes tratados com vancomicina orientada pelos níveis séricos, mas esta análise foi baseada em apenas alguns eventos de quatro estudos.

Nenhum ECR avaliou a vancomicina em relação a teicoplanina apenas em pacientes criticamente doentes. Também não fomos capazes de obter dados específicos para esse subgrupo em nossa revisão. No entanto, os antibióticos para tratar MRSA e outras infecções por Gram positivo são largamente usados em pacientes de cuidados intensivos. Os efeitos da vancomicina comparados aos da teicoplanina em pacientes com injúria renal prévia também não estão bem definidos a partir das evidências disponíveis. Portanto, são necessários estudos envolvendo pacientes criticamente doentes e com injúria renal. Finalmente, justifica-se a realização de ECRs com poder adequado, de modo a avaliar a eficácia da teicoplanina comparada à da vancomicina no tratamento da endocardite.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer os avaliadores pelo conselho editorial durante a preparação deste protocolo. Somos especialmente gratos ao Dr A. Peter Wilson, por suas sugestões atenciosas e por nos fornecer dados não publicados adicionais sobre estudos da teicoplanina versus vancomicina.

Nossos agradecimentos também aos seguintes colegas, por fornecerem gentilmente dados adicionais não publicados sobre seus estudos: Dr. Pascale Cony-Makhoul et al., Dr. Domenico D'Antonio et al., Dr. Sidi e Emmanuel Roilides et al. e Dr. Sven Hedström et al.

Anexo 1
Estratégias de busca eletrônica
Anexo 2
Lista de verificação de qualidade
Anexo 3
Características metodológicas dos estudos incluídos
Anexo 4
dos achados para a principal comparação
Anexo 5
Análise combinada de taxas de cura clínica ou melhora para vancomicina e teicoplanina
Anexo 6
Taxas de cura clínica por indicação para antibióticos
Anexo 7
Taxas de nefrotoxicidade por características do estudo

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  • Trabalho realizado na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.
  • Este artigo foi publicado previamente em forma digital na Biblioteca Cochrane. Cavalcanti AB, Goncalves AR, Almeida CS, Bugano DD, Silva E. Teicoplanin versus vancomycin for proven or suspected infection. Cochrane Database Syst Rev. 2010 Jun 16;(6):CD007022. Review.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2011

Histórico

  • Recebido
    23 Mar 2011
  • Aceito
    28 Jun 2011
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