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Consumo de alimentos ultraprocessados por crianças e fatores socioeconômicos e demográficos associados

RESUMO

Objetivo

Avaliar a ingestão de alimentos ultraprocessados em crianças, e verificar se há associação com o contexto socioeconômico e demográfico.

Métodos

Trata-se de estudo analítico, do tipo transversal, com 599 crianças entre 6 meses e 2 anos de idade, cadastradas em Unidades de Saúde da Família, de um município de médio porte. Para a realização da coleta, as mães das crianças foram abordadas em seus domicílios pelas pesquisadoras e por um Agente Comunitário de Saúde da Unidade Saúde da Família e responderam dois questionários, o socioeconômico e demográfico e o marcador do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde do Brasil para crianças entre 6 meses e 2 anos. A variável dependente do estudo foi a ingestão de alimentos ultraprocessados pela criança e as independentes foram as socioeconômicas e demográficas. Foi realizada análise de regressão múltipla, no nível de significância de 5%, para testar a associação entre a ingestão de alimentos ultraprocessados com as variáveis socioeconômicas e demográficas.

Resultados

A ingestão de ultraprocessados esteve associada com a idade da criança entre 1 e 2 anos (RC=3,89; IC95%: 2,32-6,50 e RC=3,33; IC95%: 2,00-5,56, respectivamente), com o número de pessoas que residiam na mesma casa (RC=1,94; IC95%: 1,23-3,05) e com as famílias que recebiam auxílio do governo (RC=1,88; IC95%: 1,15-3,04).

Conclusão

A ingestão de alimentos ultraprocessados por crianças no período da alimentação complementar pode ser influenciada por fatores socioeconômicos e demográficos.

Fenômenos fisiológicos da nutrição do lactente; Lactente; Nutrição do lactente; Estratégia saúde da família

ABSTRACT

Objective

To evaluate the consumption of ultra-processed foods among children, and to investigate associations with socioeconomic and demographic factors.

Methods

An analytical cross-sectional study with 599 children aged 6 months to 2 years, and listed as users of Family Health Units, in a medium-size city. Mothers were approached at home by researchers and community health workers from the Family Health Units, for data collection. Two questionnaires were used: the socioeconomic and demographic questionnaire, and the form Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional of Ministério da Saúde do Brasil , for children aged 6 months to 2 years. Ultra-processed food consumption and socioeconomic and demographic factors were defined as dependent and independent variables, respectively. Multiple regression analysis with a significance level of 5% was used to test associations between ultra-processed food consumption and socioeconomic and demographic variables.

Results

Ultra-processed food consumption was associated with child age between 1 and 2 years (OR=3.89; 95%CI: 2.32-6.50 and OR=3.33; 95%CI: 2.00-5.56, respectively), number of people living in the same household (OR=1.94; 95%CI: 1.23-3.05), and recipients of government benefits (OR=1.88; 95%CI: 1.15-3.04).

Conclusion

Ultra-processed food consumption among children undergoing complementary feeding may be influenced by socioeconomic and demographic factors.

Infant nutritional physiological phenomena; Infant; Infant nutrition; Family health strategy

INTRODUÇÃO

Os primeiros 1.000 dias de vida definem o ciclo que vai desde a fecundação até os 2 primeiros anos de idade, tendo importância direta no desenvolvimento humano. Do ponto de vista nutricional, a suplementação na gravidez, o aleitamento materno e a alimentação complementar são três importantes estratégias comprovadas com efetividade nesse período.(11. Jaime PC, Silva AC, Lima AM, Bortolini GA. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de organização no Governo Brasileiro. Rev Nutr. 2011;24(6):809-24.)

A alimentação complementar é a fase que inicia a partir do sexto mês de vida do bebê, durante os quais novos alimentos amassados ou em forma de purês, provenientes de todos os grupos alimentares, devem ser oferecidos (além do leite materno) de forma lenta e progressiva.(22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 152 [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamentomaterno.pdf
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)

A partir de 6 meses, há maior tolerância gastrintestinal e capacidade de absorção de nutrientes, permitindo adaptação física e fisiológica da criança para uma alimentação heterogênea quanto à consistência e à textura. É importante variar os alimentos ofertados e evitar os que sejam ricos em açúcares, gorduras saturadas e trans, aditivos e corantes alimentares, pois, além de as crianças receberem todos os nutrientes necessários, ocorrerá o estímulo para a formação dos hábitos alimentares e a monotonia alimentar será evitada.(33. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2a ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 184. [Cadernos de Atenção Básica; nº 23] [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
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)

Os alimentos ultraprocessados (AUP) são conceituados pelas guloseimas, bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais, embutidos e vários outros que surgem nas prateleiras a cada ano. São formulações industriais feitas inteiramente de substâncias extraídas de alimentos ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas, como o petróleo e o carvão.(44. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Relatório final da consulta pública. 2a ed. Vol. 2. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2014. p. 6-17 [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_relatorio_final.pdf
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,55. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na Atenção Básica. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 34 [citado 2020 Jun 9]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf
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)

As evidências científicas apontam que a substituição de alimentos caseiros e in natura por AUP leva a excesso de peso, doenças crônicas não transmissíveis e carências nutricionais específicas na infância, podendo repercutir na vida adulta.(66. International Food Policy Research Institute. Global nutrition report 2015: Actions and accountability to advance nutrition and sustainable development. Washington (DC): Global Nutrition Report; 2015 [cited 2019 Dec 25]. Available from: http://ebrary.ifpri.org/utils/getfile/collection/p15738coll2/id/129443/filename/129654.pdf
http://ebrary.ifpri.org/utils/getfile/co...
) Essas modificações têm sido observadas em todos os níveis socioeconômicos – até mesmo nos de baixa renda.(77. Martins CA, Machado PP, Louzada ML, Levy RB, Monteiro CA. Parents’ cooking skills confidence reduce children’s consumption of ultra-processed foods. Appetite. 2020;144:104452.)

No Brasil, o excesso de peso e a obesidade entre a população se mostram relevantes, especialmente em crianças.(88. Malta DC, Silva AG, Tonaco LA, Freitas MI, Velasquez-Melendez G. Tendência temporal da prevalência de obesidade mórbida na população adulta brasileira entre os anos de 2006 e 2017. Cad Saude Publica. 2019;35(9):e00223518.)

Os AUPs devem ser evitados no período de alimentação complementar, pois podem repercutir de forma negativa na saúde geral e bucal da criança.(99. Giesta JM, Zoche E, Corrêa RD, Bosa VL. Associated factors with early introduction of ultra-processed foods in feeding of children under two years old. Cien Saude Colet. 2019;24(7):2387-97.,1010. Meneghim MC, Kozlowski FC, Pereira AC, Ambrosano GM, Meneghim ZM. Classificação socioeconômica e sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária. Cien Saude Colet. 2007;12(2):523-9.) Avaliar o consumo de AUP nesse período e se há associação com fatores socioeconômicos e demográficos permitirá uma visão ampliada da escolha desses alimentos pelos pais ou responsáveis da criança, servindo como base para que os profissionais de saúde e gestores repensem as ações e as políticas direcionadas para a melhora da alimentação infantil.

OBJETIVO

Avaliar a ingestão de alimentos ultraprocessados em crianças e verificar sua associação com fatores socioeconômicos e demográficos.

MÉTODOS

Considerações éticas

De acordo com as normas da resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), parecer 1.852.022, CAAE: 61502116.6.0000.5418. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Local, população e tipo do estudo

Estudo realizado em Piracicaba (SP), município considerado de médio porte, contando com população estimada de 404.142 mil habitantes, área territorial de 1.378,069km22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 152 [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamentomaterno.pdf
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e densidade demográfica de 264,47 habitantes/km22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 152 [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamentomaterno.pdf
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, região que possui 122 estabelecimentos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).(1111. Instituto Brasileiro de Geográfia e Estátistica (IBGE). Piracicaba. População. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [citado 2020 Jun 5]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/piracicaba/panorama
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/pi...
)

Trata-se de um estudo analítico e transversal, cuja população-alvo foi formada por crianças de 6 meses a 2 anos cadastradas nas Unidades de Saúde da Família (USF) do município, totalizando 1.169 crianças no período de janeiro a abril de 2016, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Seleção e amostra

O tamanho da amostra foi calculado no Epi Info™ 7, considerando nível de intervalo de confiança de 95% (IC95%), poder do teste de 80%, taxa de não expostos/expostos de 1, percentagem de resposta no grupo não exposto de 73% e razão de chance (RC) de 1,8, obtendo-se tamanho mínimo da amostra de 582 indivíduos selecionados aleatoriamente.

Foram incluídas na amostra mães que estavam presentes no dia da coleta de dados, com faixa etária entre 18 a 50 anos de idade, que possuíam filhos entre 6 meses e 2 anos e tinham conhecimento sobre a alimentação do filho no dia anterior.

Delineamento do estudo

O estudo foi realizado com 599 crianças cadastradas como usuárias nas USFs do município, de fevereiro a julho de 2017. O agendamento de data e horário para que as pesquisadoras pudessem realizar a coleta de dados foi via contato telefônico com gestores das USFs.

O contato com as mães foi realizado em uma fase na qual as pesquisadoras e um Agente Comunitário de Saúde se deslocavam da unidade para o domicílio. As pesquisadoras explicavam a finalidade da pesquisa, e as mães que aceitavam participar assinavam o TCLE e respondiam a questões referentes aos dados socioeconômicos e demográficos e sobre a alimentação do dia anterior do filho. As mães puderam esclarecer dúvidas sobre a alimentação dos filhos.

Instrumento para coleta de dados

Para a coleta de dados socioeconômicos, foram utilizadas questões baseadas no instrumento de Meneghim et al.,(1010. Meneghim MC, Kozlowski FC, Pereira AC, Ambrosano GM, Meneghim ZM. Classificação socioeconômica e sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária. Cien Saude Colet. 2007;12(2):523-9.) (Apêndice 1), tendo sido adicionadas perguntas referentes a características demográficas (idade, estado civil, número de filhos e se a mãe trabalha fora do lar, quem é o chefe da família, a casa possui televisão e/ou internet e se recebem auxílio do governo).

Apêndice 1
Questionário baseado no instrumento de Meneghim et al.,(10)

O presente estudo utilizou o formulário Marcadores de Consumo Alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde para crianças entre 6 meses e 2 anos de idade, baseado em um documento publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)(1212. World Health Organization (WHO). Maternal, newborn, child and adolescent health. Indicators for assessing infant and young child feeding practices: part II: definition. Geneva: WHO; 2007 [cited 2020 Nov 28]. Available from: http://scholar.google.com/scholar?hl=en&btnG=Search&q=intitle:Indicators+for+assessing+infant+and+young+child+feeding+practices#0
http://scholar.google.com/scholar?hl=en&...
) (Apêndice 2).

Apêndice 2
Formulário de consumo alimentar para crianças entre 6 meses e 2 anos de idade

O formulário apresenta questões sobre a qualidade e o tempo oportuno na introdução de alimentos, a identificação de risco ou proteção para as carências nutricionais e, também, a ocorrência de sobrepeso. Contém 20 perguntas fechadas, às quais a mãe ou o responsável pela criança responde “sim”, “não” ou “não sabe”. Foram incluídos sexo e idade da criança e coletadas todas as 20 perguntas referentes ao marcador, mas só a categoria de AUP foi utiliza na pesquisa.

Variáveis do estudo

A variável dependente deste estudo foi a ingestão de AUP, sendo dicotomizada em sim e não. Foram considerados AUP: hambúrguer e ou embutidos (presunto, mortadela, salame, linguiça e salsicha); bebidas adoçadas (refrigerante, suco de caixinha, suco em pó, água de coco de caixinha, xaropes de guaraná ou groselha e suco de fruta com adição de açúcar); macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados e biscoito recheado, doces ou guloseimas, conforme o marcador.

As variáveis independentes foram idade, estado civil e número de filhos da mãe, renda familiar, número de pessoas na casa, tipo de residência, nível de escolaridade materna e se a casa possuía televisão e/ou internet dicotomizadas pela mediana; as variáveis sexo da criança foram classificadas como feminino ou masculino e chefe da família como mãe ou pai. A idade da criança foi dividida por categorias: 6 meses a 1 ano, 1 ano a 1 ano e 6 meses e 1 ano e 6 meses a 2 anos, de acordo com as orientações sugeridas pelo marcador.(1313. White JM, Bégin F, Kumapley R, Murray C, Krasevec J. Complementary feeding practices: current global and regional estimates. Matern Child Nutr. 2017;13 Suppl. 2(Suppl 2):e12505.)

Análise dos dados

Para avaliar a associação entre a ingestão de AUP e as variáveis independentes, aplicou-se análise de regressão logística múltipla. Foram testadas no modelo de regressão logística múltipla as variáveis com p≤0,20 na análise bruta, permanecendo no modelo múltiplo aquelas que continuaram associadas à ingestão de AUP com p≤0,05 após o ajuste para as demais variáveis analisadas. As RC e os respectivos IC95% foram estimados. O nível de significância adotado foi de 5%. Todos os testes estatísticos foram realizados pelo programa SAS, versão 9.4 (SAS Institute Inc., Cary, NC, Estados Unidos, release 9.4, 2010).

RESULTADOS

A tabela 1 mostra a distribuição de frequências da ingestão de AUP em função das variáveis analisadas. A ingestão de AUP foi constatada em 79,4% das crianças, sendo 50,7% do sexo feminino, 35,4% com idade entre 6 meses e 1 ano, 33,9% com 1 ano a 1 ano e 6 meses e 30,7% com 1 ano e 6 meses a 2 anos.

Tabela 1
Ingestão de alimentos ultraprocessados em função das variáveis

Em relação às características socioeconômicas da mãe, 52,1% tinham idade menor ou igual a 27 anos, 82,8% eram casadas/outros, 73,6% tinham até dois filhos, 72,5% tinham renda mensal de até dois salários mínimos, 60,8% moravam com quatro pessoas ou menos, 30,6% tinham residência própria, 90% com ≤2º grau completo, 49,6% possuíam acesso à televisão e à internet e 32,3% recebiam auxílio do governo (Tabela 1).

Do total, as crianças com idade entre 1 e 1 ano e 6 meses (87,68%), cujas mães eram solteiras (87,25%), com três ou mais filhos (86,08%), com renda até dois salários mínimos (82,41%), residiam com mais de quatro pessoas (85,53%), com ≤2º grau completo (80,71%) e recebiam auxílio do governo (85,86%) permitiam que os filhos ingerissem AUP.

A tabela 2 apresenta as RC brutas e ajustadas entre a ingestão de AUP com as variáveis analisadas. Os fatores associados com a ingestão de AUP foram estado civil da mãe, renda familiar mensal, idade da criança, número de filhos e de pessoas na casa, escolaridade da mãe e auxílio governo. Na análise ajustada, as crianças com idade entre 1 ano e 1 ano e 6 meses, e 1 ano e 6 meses e 2 anos tiveram maior chance (RC=3,89; IC95%: 2,32-6,50; p<0,0001 e RC=3,33; IC95%: 2,00-5,56; p<0,0001, respectivamente) de ingerir AUP quando comparadas às de 6 meses a 1 ano. Sobre o número de pessoas na família, crianças que residiam com mais de quatro pessoas tiveram 1,94 maior chance (IC95%: 1,23-3,05; p=0,0041) de ingerir AUP. Os filhos de famílias que recebiam auxílio do governo tiveram 1,88 vez mais chance (IC95%: 1,15-3,04; p=0,0112) de ingerir AUP do que aqueles que não recebiam (Tabela 2).

Tabela 2
Razão de chance brutos e ajustados entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e as variáveis analisadas

DISCUSSÃO

Alimentos ultraprocessados, quando oferecidos precocemente na alimentação infantil, e ingestão inoportuna de alimentos in natura ou minimamente processados podem desencadear alterações negativas na saúde da criança.(1414. Karnopp EV, Vaz JD, Schafer AA, Muniz LC, Souza R, Santos ID, et al. Food consumption of children younger than 6 years according to the degree of food processing. J Pediatr (Rio J). 2017;93(1):70-8.,1515. Henriques P, O’Dwyer G, Dias PC, Barbosa RM, Burlandy L. Health and Food and Nutritional Security Policies: challenges in controlling childhood obesity. Cien Saude Colet. 2018;23(12):4143-52.)

Foi possível observar que 79,4% das crianças de 1 a 2 anos de idade ingeriram algum tipo de AUP. As características socioeconômicas se apresentaram como condições relevantes para a ingestão desses alimentos.

Atualmente, a tendência brasileira é substituir alimentos in natura ou minimamente processados por AUP, podendo desenvolver agravos para a saúde.(99. Giesta JM, Zoche E, Corrêa RD, Bosa VL. Associated factors with early introduction of ultra-processed foods in feeding of children under two years old. Cien Saude Colet. 2019;24(7):2387-97.,1616. Louzada ML, Martins AP, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saude Publica. 2015;49:45.) No presente estudo, as crianças com idade entre 1 e 2 anos tiveram mais chance de ingerir AUP.

A introdução desses alimentos corrobora estudos sobre o consumo alimentar infantil, os quais demonstram maior exposição à ingestão de alimentos não saudáveis, de maneira precoce e crescente segundo a faixa etária da alimentação complementar.(1717. Marinho LM, Capelli Jde C, Rocha CM, Bouskela A, do Carmo CN, de Freitas SE, et al. Situation of the supplementary diet of children between 6 and 24 months attended in the Primary Care Network of Macaé, RJ, Brazil. Cien Saude Colet. 2016;21(3):977-86.) Outros estudos apontam que as crianças, ao completarem o primeiro ano de vida, estão mais expostas aos AUP e, portanto, ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.(99. Giesta JM, Zoche E, Corrêa RD, Bosa VL. Associated factors with early introduction of ultra-processed foods in feeding of children under two years old. Cien Saude Colet. 2019;24(7):2387-97.,1414. Karnopp EV, Vaz JD, Schafer AA, Muniz LC, Souza R, Santos ID, et al. Food consumption of children younger than 6 years according to the degree of food processing. J Pediatr (Rio J). 2017;93(1):70-8.,1818. Barcelos GT, Rauber F, Vitolo MR. Produtos processados e ultraprocessados e ingestão de nutrientes em crianças. Ciênc Saúde (Porto Alegre). 2014;7(3): 155-61.)

Em relação às variáveis socioeconômicas, as crianças que residiam com mais de quatro pessoas e recebiam o Programa Bolsa Família (PBF) tiveram maiores chances de ingerir AUP. Renda mensal menor que dois salários mínimos, famílias com quatro moradores no domicílio e recebimento de alguma forma de benefício do governo são associados com a introdução de AUP na alimentação de crianças entre 17 a 63 meses.(1919. Longo-Silva G, Silveira JA, Menezes RC, Toloni MH. Age at introduction of ultra-processed food among preschool children attending day-care centers. J Pediatr (Rio J). 2017;93(5):508-16.) Além disso, a baixa renda mensal é fator significativo para a introdução de AUP em crianças de 4 a 24 meses.(99. Giesta JM, Zoche E, Corrêa RD, Bosa VL. Associated factors with early introduction of ultra-processed foods in feeding of children under two years old. Cien Saude Colet. 2019;24(7):2387-97.)

Menor renda mensal, maior número de membros, responsáveis com menor escolaridade e saneamento básico precários são perfis familiares de insegurança alimentar e nutricional.(2020. Panigassi G, Segall-Corrêa AM, Marin-León L, Pérez-Escamilla R, Maranha LK, Sampaio MF. Insegurança alimentar intrafamiliar e perfil de consumo de alimentos. Rev Nutr. 2008;21(Suppl):135-44.) O PBF foi criado pelo governo federal para combater a fome no país por meio da transferência direta de renda às famílias pobres e extremamente pobres. Estudos identificam que o dinheiro repassado é, na maioria das vezes, utilizado para a compra de alimentos, garantindo o acesso e uma maior variedade de alimentos.(2121. Carvalho AT, Almeida ER, Jaime PC. Condicionalidades em saúde do programa Bolsa Família - Brasil: uma análise a partir de profissionais da saúde. Saúde Soc. 2014;23(4):1370-82.,2222. Monteiro F, Schmidt ST, Costa IB, Almeida CC, Matuda NS. Bolsa Família: insegurança alimentar e nutricional de crianças menores de cinco anos. Cien Saude Colet. 2014;19(5):1347-58.)

Os beneficiários do PBF nas regiões Norte e Nordeste apresentam consumo menor de AUP e maior de alimentos in natura e minimamente processados na região Nordeste.(2323. Sperandio N, Rodrigues CT, Franceschini SD, Priore SE. The impact of the Bolsa Família Program on food consumption: a comparative study of the southeast and northeast regions of Brazil. Cien Saude Colet. 2017;22(6):1771-80.) Em contrapartida, em Curitiba, optam por alimentos de baixo custo e com maior densidade energética. Alimentos in natura não fazem parte da alimentação dessas famílias, caracterizando-as com maior densidade nutricional e possível monotonia alimentar.(2424. Uchimura KY, Bosi ML, Lima FE, Dobrykopf VF. Qualidade da alimentação: percepções de participantes do programa bolsa família. Cien Saude Colet. 2012;17(3):687-94.) Pesquisa em âmbito nacional confirma que o consumo de AUP é maior em regiões economicamente mais desenvolvidas, como Sul e Sudeste.(2525. Martins AP, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Increased contribution of ultra-processed food products in the Brazilian diet (1987-2009). Rev Saude Publica. 2013;47(4):656-65.)

O Ministério da Saúde lançou a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável (ENPACS), com a finalidade de estimular a orientação adequada da alimentação complementar nos serviços de saúde, respeitando os hábitos locais nas regiões do país, de forma a desenvolver hábitos alimentares saudáveis.(2626. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010 [citado 2019 Dez 19]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamento_materno.pdf
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)

Em 2012, foi criada a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil,(22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. p. 152 [citado 2020 Nov 28]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamentomaterno.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
) que foi uma junção da ENPACS com a Rede Amamenta Brasil, objetivando promover o aleitamento materno e a alimentação complementar adequada dos lactentes no SUS.(2727. Baldissera R, Issler RM, Giugliani ER. Effectiveness of the National Strategy for Healthy Complementary Feeding to improve complemantary feeding of infants in a municipality in Southern Brazil. Cad Saude Publica. 2016;32(9): e00101315.) As unidades de saúde são primordiais para a detecção de indicadores epidemiológicos e nutricionais por meio do conhecimento do território de abrangência, contribuindo para ações e desenvolvimento de políticas públicas que visam estimular a nutrição adequada em cada ciclo da vida.(2828. Mais LA, Domene SM, Barbosa MB, Taddei JA. Diagnóstico das práticas de alimentação complementar para o matriciamento das ações na Atenção Básica. Cien Saude Colet. 2014;19(1):93-104.)

Além da importância de estratégias direcionadas a uma alimentação complementar adequada, oportuna, visando à redução da ingestão de AUP, vale ressaltar a importância da capacitação dos profissionais que atenderão as famílias com crianças no período da alimentação complementar, para que eles contribuam com mecanismos capazes de redundarem na segurança alimentar e nutricional e no direito à alimentação adequada.(2929. Pacheco PM, Pedroso MR, Gonçalves SC, Cuervo MR, Rossoni E. Food and nutritional security of families assisted by the Bolsa Família cash transfer program in primary health care. Mundo da Saude. 2018;42(2):459-77.) O modelo centrado na atuação médica em relação ao binômio mãe e bebê e as condições profissionais inadequadas dificultam a realização e a continuidade de estratégias desenvolvidas para a promoção da alimentação infantil saudável.(3030. Einloft AB, Cotta RM, Araújo RM. Promoção da alimentação saudável na infância: fragilidades no contexto da Atenção Básica. Cien Saude Colet. 2018;23(1):61-72.)

Esta pesquisa pode servir como ferramenta para o planejamento de ações de saúde voltadas para a conscientização dos profissionais de saúde e das famílias sobre a importância dos hábitos alimentares saudáveis. Os hábitos alimentares inadequados na primeira infância podem desencadear problemas a curto e longo prazo para as crianças.(1515. Henriques P, O’Dwyer G, Dias PC, Barbosa RM, Burlandy L. Health and Food and Nutritional Security Policies: challenges in controlling childhood obesity. Cien Saude Colet. 2018;23(12):4143-52.,3030. Einloft AB, Cotta RM, Araújo RM. Promoção da alimentação saudável na infância: fragilidades no contexto da Atenção Básica. Cien Saude Colet. 2018;23(1):61-72.) Por isso, a necessidade de acompanhamento por meio de estudos científicos é válida para que haja constância de melhora nesse período tão importante da vida.

Por outro lado, o estudo teve limitações nas respostas das mães em dois instrumentos diferentes, o que poderia dar a chance de ocorrer alguma irregularidade nas respostas.

CONCLUSÃO

Este estudo constatou uma ingestão preocupante de alimentos ultraprocessados pelas crianças, principalmente as com idade entre 1 e 2 anos, que residiam com mais de quatro pessoas e que estavam inseridas em famílias que recebiam auxílio do governo. Dessa forma, observou-se que a ingestão de ultraprocessados no período da alimentação complementar, pode ser influenciada por fatores socioeconômicos e demográficos.

São necessárias ações pontuais de promoção e prevenção em nutrição para equipes de saúde e gestores que atuam em áreas de vulnerabilidade. Dessa forma, a população terá mais chances de compreender os vários tipos de alimentos existentes e suas consequências, possibilitando uma alimentação adequada e saudável, com menor ingestão de ultraprocessados.

REFERENCES

  • 1
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    26 Dez 2019
  • Aceito
    1 Dez 2020
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