Resumo
Despertando um crescente interesse no campo dos estudos literários, sobretudo na última década, a ecocrítica se insere em um complexo campo de debates filosóficos, psicanalíticos e antropológicos. Tendo-se isso em mente, o presente estudo tem por objetivo evidenciar os pressupostos teóricos da ecocrítica, com destaque para o tema do sujeito e da figura humana na Modernidade. Nessa perspectiva, inicialmente, procura-se demonstrar como a filosofia da metafísica moderna atuou na produção do rosto humano, por meio de um processo de alterização da natureza, visto que deveria ser considerada como objeto passível de dominação. Por isso mesmo, a ecocrítica estabelece um contraponto ao modo como diferentes discursividades teriam atuado na conformação do rosto humano, o que envolve desde as ciências humanas até a própria literatura. Para desempenhar essa tarefa, os estudos ecocríticos têm mobilizado um instrumental conceitual que está em diálogo, com aproximações e distanciamentos, com os postulados desenvolvidos pela crítica do sujeito no século XX. Destarte, este artigo parte da ideia de que tais estudos, em conjunto com a própria produção ficcional, têm procurado pensar em possibilidades alternativas de subjetivação. A perspectiva de um sujeito ambiental, portanto, parte do questionamento dos abismos ontológicos entre o humano e o não-humano, para conceber uma integração entre animal, vegetal e mineral.
Palavras-chave:
sujeito; humano; não-humano; agenciamento