Resumo
Publicado em 1989, o romance de estreia de Milton Hatoum, Relato de um certo Oriente, marca-se por diversos descentramentos que se revelam no enredo da obra. Este artigo tem o objetivo de examinar esses descentramentos, especialmente no que respeita às relações entre o ambiente urbano e o ambiente selvagem, como representadas em Manaus, cenário do livro. Em um aprofundamento do exame das relações de fronteiras, serão investigadas, mais especificamente, as relações entre humanos e animais, bem como a própria animalidade expressa na obra. O episódio do arbusto humano, personagem que teve lugar no sexto capítulo do romance de Hatoum e despertou controvérsias entre os críticos, será analisado segundo uma perspectiva que reconheça a importância estrutural do personagem e sua adequada integração à obra. Por fim, à luz do pensamento de Jacques Derrida, em seu ensaio O animal que logo sou, propõe-se um novo questionamento das fronteiras da individuação, sugerindo um complexo entrelaçamento entre os personagens e retomando as noções de alteridade.
Palavras-chave:
Relato de um certo Oriente; Milton Hatoum; animalidade; O animal que logo sou