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“Aquilo que nos faz humanos”: cotidiano e resistência feminina afro-brasileira em Reza de mãe, de Allan da Rosa

“What Makes Us Human”: Everyday Life and Female Afro-Brazilian Resistance in Allan da Rosa’s Reza de mãe

“Aquello que nos hace humanos”: cotidiano y resistencia femenina afrobrasileña en Reza de mãe de Allan da Rosa

Resumo

No artigo “Doente de Brasil” (2019BRUM, Eliane (2019). Doente de Brasil: como resistir ao adoecimento num país (des)controlado pelo perverso da autoverdade. El País, 2 ago. Disponível em: Disponível em: http://bit.ly/3c0nyjk . Acesso em: 12 out. 2019.
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), Eliane Brum expõe como os brasileiros têm adoecido mental e fisicamente diante do crescente autoritarismo político-social, desde 2016, e da sua consolidação na figura do atual presidente. Brum se pergunta como combater esse estado de coisas que adoece indivíduos e coletividade; e a resposta surge nos últimos parágrafos, apontando para a cultura como antídoto. Não uma cultura das elites, mas, sim, “aquilo que nos faz humanos”, utilizando a palavra como mediadora e reamarrando laços para fazer comunidade. Atos diários de resistência, tão recorrentes na história afro-brasileira, compõem uma das temáticas de Reza de mãe (2016ROSA, Allan da (2016a). Escritor Allan da Rosa lança livro sobre personagens que “lutam para serem reconhecidos como gente”. [Entrevista a] Juca Guimarães. Geledés, 17 out. Disponível em: Disponível em: http://bit.ly/2O6wQlN/ . Acesso em: 22 set.. 2019.
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), coletânea de contos de Allan da Rosa. Enquanto as histórias gravitam em torno do duro cotidiano dos afro-brasileiros em comunidades de São Paulo, dois contos trabalham ainda a reapropriação feminina do cotidiano, não apenas como modo de resistência, mas também de busca por “aquilo que nos faz humanos”. Diante de tal contexto, este artigo dialoga com a teoria desenvolvida por Michel de Certeau em A invenção do cotidiano (1980) para analisar as personagens femininas afro-brasileiras dos contos “Pode ligar o chuveiro?” e “Reza de mãe”. Ao conferir centralidade a tais personagens, os contos estabelecem um lugar de fala no qual a mulher negra e periférica se delineia agente da (sua) história. São tecidas, por fim, considerações a respeito dos diferentes gêneros literários presentes na coletânea, uma vez que o poema introdutório “Desculpa perguntar” e o apólogo “O barco” funcionam como moldura temática ao abordarem opressão e resistência.

Palavras-chave:
mulheres afro-brasileiras; cotidiano; resistência; Allan da Rosa

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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