Resumo
O olhar para o feminino tem sido tema constante nos estudos literários. Os objetivos deste trabalho são analisar uma narrativa do ciclo da borracha com base na forma como o corpo da mulher é retratado ao longo do texto e, ainda, verificar a carga simbólica que esse corpo assume na tecitura narrativa. Para isso, ancoramos nossa leitura no processo de construção de sentido que se elabora no conto, no qual o narrador descreve a personagem de modo simbólico e, diante da incapacidade de lidar com um referente tão inesperado, investe na metonímia como meio mais eficiente de dizer uma realidade específica das entranhas da Amazônia. A base metodológica, portanto, é a metonímia entendida no âmbito da linguística cognitiva. A narrativa “Maibi”, situada na Amazônia brasileira no segundo ciclo da borracha, expõe um corpo de mulher indígena construído numa estrutura metonímica em que ela vai, aos poucos, passando de mulher a espetáculo inaudito. Maibi, desse modo, é símbolo mudo da seringueira e da Amazônia, representadas pelos signos do sangue, do leite e do lucro.
Palavras-chave:
metonímia; narrativa; seringueira; sacrifício