Resumo
Novos espaços de fala são novos espaços de escuta. Essa possibilidade de diálogo, associada à reconfiguração dos lugares cristalizados de fala (colonizador) e de escuta (colonizado), atravessa as discussões acerca do empoderamento de grupos que foram subalternizados em seus processos de autoafirmação, de autovalorização, de autorreconhecimento e de extravasamento de demandas sociais sufocadas. Ao percebermos o cenário contemporâneo como espaço de disputa, é importante que nos atentemos a que vozes têm sido silenciadas ao longo do tempo e ao que podemos fazer, a como podemos atuar para que elas se tornem verdadeiramente vocais, e não apenas visuais, não mais tratadas como objeto de estudo daqueles que, ao longo da história, dominaram o debate cultural para tentar explicar o mundo de um ponto de vista europeu, ou pretensamente europeu. Nesse sentido, a poesia indígena de Graça Graúna, caracterizada por sua indianidade e pela metáfora do corte-vínculo, e o poetry slam de Mel Duarte, Gabz e Stephanie Borges, repletos de escrevivências, de ancestralidades e de corporeidades, marcam a insurreição de um corpo — individual e coletivo — que busca a palavra como instrumento de luta e de empoderamento no caminho da decolonialidade. Para tais análises estéticas, serão utilizados poemas presentes nos livros Tear da palavra (2007), Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019), As 29 poetas hoje (2021) e no canal do YouTube do Slam Grito.
Palavras-chave:
experiências decoloniais; poesia contemporânea; indianidade;
poetry slam
; reexistência