No contexto da emergência de narrativas literárias que tangenciam a crônica policial, observada no final dos anos de 1990, é publicado o romance Estação Carandiru, de Drauzio Varella. Inscrito no conjunto de textos cujos autores são estreantes em sua maioria e do qual fazem parte, ainda, as obras Cidade de Deus, de Paulo Lins, Pavilhão Nove, de Hosmany Ramos, e Capão Pecado, de Ferréz, dentre outras, o romance configura uma realidade urbana, contemporânea, realística por princípio e violenta segundo o senso comum que norteava a leitura de seus relatos. As histórias contadas, então, no formato romanesco, anteriormente, haviam circulado apenas enquanto fato jornalístico, tendo sido várias delas, posteriormente, adaptadas para o cinema. Este artigo propõe uma leitura do texto de Varella a partir das escolhas praticadas em seus processos de nomeação, os quais subsidiam a narração, consonante à configuração de narrador tradicional enunciada pelo filósofo Walter Benjamin. Quer, ainda, perscrutar os modos pelos quais o espaço, quase um personagem da história narrada, é construído pelo discurso nomeador, em sua escassez e excessos.
Drauzio Varella; espaço; nomeação; narrativa