Resumo
Neste artigo, pretende-se discutir o percurso de resiliência em face do trauma histórico através da leitura de Palavras cruzadas (2015), de Guiomar de Grammont. O romance exuma as sombras e os fantasmas clandestinos da Guerrilha do Araguaia não só para subtraí-los ao silêncio do esquecimento como para restaurá-los na memória individual e coletiva. Alternando vozes narrativas e tempos históricos diferenciados, perpassa a narrativa a convicção de que o passado que não passa hipoteca o trabalho do luto e criva o presente de culpabilidades não resolvidas. A busca empreendida pela irmã do desaparecido para exorcizar a dor reinveste o percurso deste até o interior da fortaleza verde, flagrando seu ideal utópico face às contradições da luta armada e ao destino trágico dos guerrilheiros.
Palavras-chave:
Palavras cruzadas; resiliência; memória; utopia