Resumo
Orides Fontela, um dos nomes importantes da poesia brasileira na segunda metade do século XX, deixou uma obra composta de poucos títulos, mas sempre admirada pela crítica. Desde a sua estreia no final dos anos 1960, a produção oridiana revela, a par da tendência para a abstração e da busca pela transcendência, uma compreensão aguda da materialidade da existência e dos obstáculos que constituem o mundo real. Este artigo procura ressaltar como aspectos essenciais da poesia de Orides, a presença das marcas do cotidiano, do real e da memória - manifesta, por exemplo, na recorrência do símbolo do sangue -, e também a consciência crítica da autora a respeito do trabalho de criação poética, considerado ao mesmo tempo como racional e sensível. Traços que evidenciam, do ponto de vista da história literária, a sua forte ligação com a tradição brasileira moderna, notadamente com os poetas Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.
Palavras-chave:
poesia brasileira moderna; Orides Fontela; metapoesia; memória; poesia e realidade.