Acessibilidade / Reportar erro

A ecopoética indígena como emancipação pós-humana: notas sobre a representação do eu-outro na era da degradação

Indigenous ecopoetics as post-human emancipation: notes on the representation of the self-other in the era of degradation

La ecopoética indígena como emancipación poshumana: apuntes sobre la representación del yo-otro en la era de la degradación

Resumo

Não apenas como arte que sobrevive historicamente à dominação, mas que renasce de séculos de opressão e se integra às cosmogonias ancestrais, a literatura indígena carrega em si o compromisso ético e ecopolítico, fortalecida pela ecocrítica decolonial e pelo pensamento pós-humanista pós-antropocêntrico (Braidotti, 2013BRAIDOTTI, Rosi (2013). The Posthuman. Cambridge: Polity Press.). Está, assim, duplamente engajada, estética e ideologicamente, numa visão ontológica e ecosófica, produzindo, na era do Antropoceno, novos modos de ver e perceber. Conforme o exposto, este estudo analisa a produção poética indígena brasileira contemporânea, mais especificamente a do período da pandemia de COVID-19, tomando como base o imbricamento naturezacultura (Haraway, 2003HARAWAY, Donna J. (2003). The Companion Species Manifesto: Dogs, People, and Significant Otherness. Chicago: Prickly Paradigm Press.). Objetivamos analisar os modos de representação literária diante da crise humanitária enfrentada por povos autóctones nos últimos anos em função do contexto pandêmico e de ações antrópicas, tomando como ponto de partida as produções de Trudruá Dorrico e Eliane Potiguara. Com base nessas discussões, buscamos compreender a estética abya yala como caminho político-literário de reconstrução do bien vivir enquanto prática ancestral e de clamor por justiça socioambiental, integrando, nessa jornada, existência social alternativa (Quijano, 2014QUIJANO, Aníbal (2014). Bien Vivir: Entre el “desarrollo” y la des/Colonialidad del poder. In: QUIJANO, Aníbal (org.). Des/colonialidad y bien vivir: um nuevo debate in America Latina. Peru: Editorial Universitaria. p. 847-859.), escrita epistolar e resistência poética.

Palavras-chave:
literatura indígena; poesia brasileira contemporânea; ecocrítica; naturezacultura

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: revistaestudos@gmail.com