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A “experiência irrespirável”: memória e esquecimento em Ricardo Domeneck

Experience unbreathable”: memory and forgetting in Richard Domeneck

Resumo

Esse texto pretende discutir como o poeta Ricardo Domeneck problematiza a memória e seu duplo/avesso, o esquecimento, como elementos primordiais para o entendimento do sujeito em seu tempo, propondo uma lírica conceitual-reflexiva, na qual a efetivação da memória se dá através do ritmo descontínuo do poema composto de justaposições e fragmentos. Assim, são analisados uma série de três poemas nos quais alguns elementos representativos da poesia desse autor emergem na discussão do papel da memória na contemporaneidade.

Palavras-chave:
poesia contemporânea; memória; Ricardo Domeneck

Abstract

This paper aims to discuss how the poet Ricardo Domeneck reflects about the memory and its double/opposite term, the forgetfulness, as a primordial element for the understanding of the subject in its time, proposing a lyrics of concepts and reflexion, in which the effectiveness of the memory is metaphorized by the discontinuous rhythm, composed by appositions and fragments. Thus, this paper analyses a series of three poems in which some representative elements of this author’s poetry emerge in the discussion of the role of the memory in contemporaneity

Key words:
contemporary poetry; memory; Ricardo Domeneck

No poeta Ricardo Domeneck, a memória e seu duplo/avesso, o esquecimento, são temas que se entranham em toda sua obra de maneira sinuosa, algumas vezes como horror, outras como necessidade primordial para o entendimento do presente: “ancora no/passado a elasticidade/do presente” (Domeneck, 2007_____ (2010). O poeta verbivocovisual & multimedieval. Postado em 11/8/2008 23:04:00 In: http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3454 Acesso em 25/06/2010.
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, p. 65). Ao apresentar um sujeito “emprestável” (id., p. 48), Domeneck propõe uma lírica conceitual-reflexiva, na qual o deslindar da memória é metaforizado pelo ritmo descontínuo, veloz, composto de justaposições e fragmentos, configurando o esmaecimento do sujeito em sua trajetória contemporânea de submissão ao acaso.

Diante da complexidade de um presente marcado pelo esvaecimento, Domeneck traz uma proposta de pluralidade. Ele próprio personifica esta tendência ao muito e diverso em oposição a uma suposta unidade já há tanto assolada. Este poeta percorreu uma trajetória excêntrica, que o levou para o autoexílio em Berlim, onde hoje atua como artista visual, videomaker, performático, curador, organizador de eventos, professor de inglês, DJ (com o nome de Kate Boss) e é responsável pelo selo musical Kute Bash Records. Além disso, coedita as revistas Modo de usar & Co. e Hilda magazine. É talvez esta característica movente, claramente entrevista em sua obra, um dos pontos que a crítica notou-lhe como um diferencial: em 2006, no lançamento de seu primeiro livro Carta aos anfíbios, Carlito Azevedo predizia que Domeneck seria alguém de quem ainda ouviríamos falar muito. Mais recentemente, na ocasião da publicação Sons:Arranjo: Garganta, Marcelo Flores (2010FLORES, Marcelo (2010). A poesia em trânsito de Ricardo Domeneck. In: In: http://www.sibila.com.br/index.php/estado-critico/1057-a-poesia-em-transito-de-ricardo-domeneck Acesso em 01/06/2010.
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) afirmou que este poeta é “mais ousado que outros poetas de sua idade”.

A pluralidade também pode ser notada nas experimentações que percorrem seu jogo poético, marcado desde o primeiro livro pela prosificação dos versos, principalmente na violenta constância dos enjambements, anacolutos e elipses, ou como bem expressou Fernandes (2010FERNANDES, Pádua (2010). Correio em seco: Ricardo Domeneck e a poesia de carta aos anfíbios. In: In: http://www.germinaliteratura.com.br/resenha23.htm Acesso em 22/06/2010.
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), “no movimento de imersão/emersão, manifestação/dissolução das formas”.

Os duplos que acompanham o poeta desde o primeiro livro, o denominado estilo “anfíbio”, remetem a um pensamento plural que não desvincula o estético do ético: a arte, para Domeneck, não pode restringir-se ao exercício do belo, mas deve apresentar as relações intrínsecas com seu contexto histórico e cultural, ou seja, político.

Tais implicações históricas contextuais desdobram-se naquilo que Domeneck chamará de “ideologia da percepção”, ou seja, “nas próprias distorções ideológicas de cada um (todos nós) que busca ler as implicações do trabalho alheio”. Em outras palavras, cada ato estético/ético é uma peça política que implica o coletivo e o individual, entrelaçando o receptor e o produtor. Dessa forma, ninguém e nada seria imune ao olhar ideológico.

Comprometido com essa necessidade de representar seu tempo1 1 Uma nota na coluna “Chic news” de Glória Khalil, em 3 fev. 2006, dizia que o poeta Ricardo Domeneck gosta de moda e que a acompanha. “No meu trabalho em busca de contextualização, eu vejo a mistura arte/moda como fundamental”. Seus estilistas prediletos são: Dudu Bertholini, Hedi Slimane, Yohji Yamamoto. A moda também é tema das poesias de Domeneck. “Os poetas estão em descompasso com a tendência contemporânea pelo processual, pelo performático; estão presos a noções de acabamento e produto, devido à sua crença em ‘universalidade e pureza de linguagem’. Não querem se contaminar com o histórico, o contexto em que vivemos, se isolam... A moda pode ser um guia estimulante para a constante transformação que surge a cada novo contexto”, ele afirma, contando que já citou Slimane e Kate Moss em seus textos. , Ricardo Domeneck realiza um exercício poético que evoca o presente em seus postulados filosóficos e estéticos, em suas premissas de emergência e dispersão, municiando-se de elementos da memória, estratégia fundamental para assumir a contemporaneidade, sem por ela se deixar sucumbir2 2 Penso aqui na já antológica leitura de Agamben (2009) sobre a contemporaneidade. . Na memória, o sujeito contemporâneo retoma-se a si mesmo e, só assim, consegue tomar posse de seu tempo.

Essa concomitância de tempos e sujeitos encontra sua expressão em uma poesia que, segundo Heitor Ferraz (2010FERRAZ, Heitor (2010). Poesia presente: Ricardo Domeneck. In: In: http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2616,1.shl Acesso em 01/06/2010.
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), é “tensionada, questionadora, quase sem repouso ou espaços apaziguadores para o leitor”. Poesia de um presente inapreensível, nada em seus versos pacifica ou consola, e o tom de desconsolo encontra em sua forma agressiva a representação de uma época de desconforto.

Em A cadela sem Logos, livro publicado em 2007, o poeta apresenta alguns dos temas que circundam a questão, como o desfalecimento do sujeito, cada vez mais anêmico em face da proliferação dos objetos, e sua luta para não sucumbir ao acaso.

Metáfora de um tempo no qual o sujeito não mais se constitui em si mesmo e em sua historicidade, o acaso é também a ameaça constante de um presente no qual não há escolhas factuais, e tudo se resolve à deriva das situações. No domínio do acaso, ao sujeito cabe apenas esperar o devir e a expectativa acaba sendo a palavra de ordem: “há constância/Apenas na espera” (Domeneck, 2007DOMENECK, Ricardo (2007). A cadela sem logos. São Paulo/Rio de Janeiro: Cosac Naify/7Letras. 144 p., p. 20). Para sobreviver a esse acaso, ao poeta resta imergir no jogo lançado por Mallarmé em seu lance de dados.

Nessa poética do desconexo, o acaso pode ser contido pela memória: “o acaso que nos/ ocupa produz-se/ quando a memória/ esvazia-se não/ quando a memória/ trabalha” (id., p. 67). A memória torna-se, então, a principal estratégia para que o sujeito não fique totalmente à deriva desse tempo de todas e nenhuma possibilidade, o que leva a um esvaziamento, metaforizado por um sujeito desnutrido, frágil, perigosamente leve. “Não se memoriza/ com leveza” (id., p. 52), é esse peso que a memória vem trazer ao sujeito para que ele não se deixe sucumbir pelo tempo.

Em a cadela sem Logos, memória e esquecimento são fatos poéticos que se constituem como reagentes a esse presente de superfícies e acasos no qual os enjambements de versos nervosos e curtos embaralham os nomes. O enjambement, recurso gritante nesse autor, além de provocar ambiguidades nos sentidos, problematiza a continuidade/descontinuidade do ritmo, o que metaforizará a descontinuidade/continuidade temporal da metáfora. É neste universo que reclama o passado como essência do presente, que Domeneck repensa a experiência perdida na contemporaneidade e a necessidade da confluência da memória nos devires, para que o nome se restabeleça.

Mas o rastro do passado é muito esquivo, e a experiência precisa ser reorganizada no processo poético: “e a brasa/ Da experiência/ Brilha/ Mas eu não/ Vejo ocupado/Em organizá-la” (id., p. 33). A memória surge, não somente como uma revisitação ao passado, mas uma experiência estética, ou melhor, “estÉtica”, tornando possível o que não era ser: “pois/ a memória/ rege as regras/ do que/ não era mas / torna-se” (id., p. 71). Assim, a memória é, nessa poética, sempre a experiência fundamental de ser no sujeito, oposição absoluta ao acaso que representa a incapacidade do sujeito de se colocar diante do tempo com sua identidade.

Em três poemas específicos, essa recriação poética do sujeito pelos movimentos da memória através da nomeação é apresentada de maneira mais abrangente. Os poemas, que não foram escritos em sequência, apresentam o ato de pregar etiqueta no que está a escapar ao eu lírico, em uma progressão que o levará à determinação final de uma ausência. Para combater esse caráter escorregadio do esquecimento, é necessário resgatar o nome, pregar etiquetas nas coisas e pessoas para retê-las, como os habitantes de Macondo, no livro de Garcia Marquez, fizeram no afã de não perderem de vez a referência do mundo que os cercava e de si próprios.

O primeiro poema descreve o espaço do encontro amoroso, que configura um sentimento de perda metaforizado nas coisas, mais especificamente nos móveis, que se tenta resgatar através da nomeação:

e se a decepção
for apenas
um engano um
equívoco
da atenção antes
de dormir
prega etiquetas nas
coisas bett
na cama nacht-
tisch no criado-mudo
liebhaber no amante
ausente
às vezes
desejo apenas que
minha vontade
obnule-se
permita-me
ensinar-lhes
algo sobre
a realidade:
a concentração. (id., p. 36)

Construído em um tempo condicional, há ainda nesse momento uma possibilidade de esperança: talvez a ausência seja apenas um engano, um equívoco. Assim, o ato de etiquetar antes de dormir pode afastar o esquecimento que o sono trará. Se “nomear/ é um preparativo/ para o esquecimento ” (id., p. 62), pregar o nome, ou seja, prædicare ou pronunciá-lo, como revela sua etimologia latina, marca a oralidade proposta por Domeneck neste livro, em detrimento à escrita que, segundo o poeta, estaria em crise desde a publicação de “Un coup de dés” de Mallarmé. A volta da voz, corpo e escrita como performance e outras tradições medievais seriam as novas formas do objeto poético. O livro A cadela sem logos traria essa proposta do exercício da oralidade e da performance na escritura, como o autor afirmou em entrevista.

Pregar etiquetas, ato comum aos estudantes de uma língua estrangeira, é, aqui, ir além da escrita, pronunciar o nome contra o esquecimento e a perda. Reter para si não o objeto e o desejo que estão sendo pronunciados, mas a voz que imana deles, corporificá-los. É nomear mas também preconizar, exaltar o nome, propagá-lo. Enfim, voltar-se para o exercício metalinguístico em uma atividade performática de corpo e voz.

Este ato de fala é feito em duas línguas, marcando a duplicidade do “criado” - em português “mudo”, em alemão “noturno”, tempo do sono e do esquecimento. A palavra amante em alemão também traz suas peculiaridades, uma vez que agrega em si o verbo “haben”, ou seja, “ter”, o que é imediatamente reiterado e negado em seguida pelas palavras “amante” e “ausente”.

O jogo de corte faz com que cada palavra fique isolada e tenha um peso exato para o verso, tornando-se assim “etiquetas” a serem “pregadas”. As palavras, “concentradas”, na verdade, realizam a lição de concentração: realizar a tarefa com afinco torna possível que o esquecimento não venha.

Neste nomear, o poema caminha para sua vocação metalinguística, voltando-se para a função de não se deixar perder no esquecimento dos dizeres. E é neste jogo cíclico de se olhar para si mesmo que o segundo poema reitera e reinventa o jogo da nomeação:

antes de
dormir prega etiquetas
nas coisas espuma
amarela na cama
no criado-mudo madeira
negra
johannes göhlich no amante
presente
esta é uma
quase-residência
se o nome impõe
a presença como assovio
e cão espera
a transparência
da palavra
como vitral
material e poros
nothing but a
body with a
voice ele quer
ser sincero mas
confunde-se
na escolha
das palavras e
diz honesto
pensa que a
subnutrição talvez
seja o realizar-se
do nem-só-de
pão. (id., p. 46)

Nesta releitura do poeta anterior, a frase condicional que abria para uma possibilidade de esperança foi recortada e o poema se abre diretamente no ato de pregar etiquetas nas coisas. Os mesmos móveis continuam a ser enumerados, no entanto, os nomes são agora trocados por seus atributos: “espuma amarela” na cama, “madeira negra” para o criadomudo. Tanto os substantivos quanto a adjetivação que recebem continuam a compor um ambiente da relação amorosa.

O amante deixa de ser liebhaber para ser johannes göhlich, único a ter um nome, nome próprio, presente. Contrariamente, o nome próprio aparece no lugar do atributo, se compararmos com os versos anteriores, e “amante” continua sendo o nome. A etiqueta a ser pregada, no entanto, é do nome civil, e a questão amorosa já se encontra problematizada nessa inversão da nomeação.

A força do nome do amante impõe-se, então, no poema, contaminando a voz que passa a descrever o efeito de seu nome e de seu pensamento. A palavra, transparente, remete ao sujeito de vidro que Domeneck apresenta em outro poema,“ele não gosta da/sensação de saber-se/de vidro” (id., p. 19), lembrando a modernidade de vidro e aço que o arquiteto Mies e o escritor Scheerbart enunciaram, materiais esses em que, para Benjamin, nada se fixa, metáfora de uma época em que a aura se desfez. As etiquetas não se deixam colar nesse amante escorregadio, cujo nome é mais atributo do que ser.

O final do poema leva a outro poema do autor, que descreve o sujeito como subnutrido, magro, leve, incapaz de resistir às torrentes do tempo. É nesse panorama de fragilidade que as etiquetas aqui são o recurso usado para impedir o desvanecimento da relação.

Se nesse segundo poema, o nome é colocado em questão, o terceiro poema retoma a angústia de um desfecho no qual o real é intermitente:

espere a inseminação
do artificial
inocular sua queda
no real pois
ele por acaso
inteirou-se
do nome do sujeito
que o conhecimento
já implica separação
e fragmento a
frase numa língua
estrangeira soando
como uma única
palavra o fora
de foco
não é exatamente
do que
às vezes
precisamos
sim esta é
uma pergunta antes
de dormir prega
etiquetas nas coisas
superfície na
cama superfície
no criado-mudo johannes
göhlich no amante
ausente (Domeneck, 2007DOMENECK, Ricardo (2007). A cadela sem logos. São Paulo/Rio de Janeiro: Cosac Naify/7Letras. 144 p., p. 60)

Em um ritmo voraz, com enjambements que levam ao extremo o ato de continuidade/descontinuidade, este poema recupera palavras dos outros anteriores, embaralhando os nomes: o mudo Johannes no criado-mudo, superfície nas coisas e cama, leituras que a ambiguidade do encadeamento propicia. No final, a palavra “ausente”, etiqueta final que determina o desfecho da história, encerra o ciclo frustrado da tentativa de inscrever a presença do amante que, mesmo assim, acaba esvaindo.

Esse poema aponta para uma espécie de falência da comunicabilidade, o que leva o acaso a se sobrepor. Alguns elementos mostram que o tom é de incompreensão: “a separação”, “fragmento”, “fora de foco”. Não há como nas anteriores, a citação em outras línguas, mas é mencionada a língua estrangeira, e configura-se a situação de alguém tentando se exprimir em uma língua que não consegue, então, prega etiquetas para tentar se lembrar. Mas pregar etiquetas, ou seja, fazer soar o nome, evocar o nome, propor o nome, agora é um ato simbólico, já que o referente está ausente. A última palavra denota toda uma visão do presente em seu esvaziamento e frustração, presente no qual o real superou o artificial, a arte. O que fica é a palavra - etiqueta e superfície - a linguagem na solidão.

Pela memória, então, o homem contemporâneo é capaz de enfrentar as contingências do presente e não se deixar sucumbir diante das urgências de um real que se conduz pelo efêmero. Resgatar o nome seria uma das possibilidades e para isto, Domeneck propõe o exercício da voz, do corpo, que vai além da escrita e que viabiliza o que foi e o que não foi. As memórias reais, inventadas, superficiais, ficcionais, todas são estratégias para o confronto com o acaso e com os tempos.

Referências bibliográficas

  • 1
    Uma nota na coluna “Chic news” de Glória Khalil, em 3 fev. 2006, dizia que o poeta Ricardo Domeneck gosta de moda e que a acompanha. “No meu trabalho em busca de contextualização, eu vejo a mistura arte/moda como fundamental”. Seus estilistas prediletos são: Dudu Bertholini, Hedi Slimane, Yohji Yamamoto. A moda também é tema das poesias de Domeneck. “Os poetas estão em descompasso com a tendência contemporânea pelo processual, pelo performático; estão presos a noções de acabamento e produto, devido à sua crença em ‘universalidade e pureza de linguagem’. Não querem se contaminar com o histórico, o contexto em que vivemos, se isolam... A moda pode ser um guia estimulante para a constante transformação que surge a cada novo contexto”, ele afirma, contando que já citou Slimane e Kate Moss em seus textos.
  • 2
    Penso aqui na já antológica leitura de Agamben (2009AGAMBEN, Giorgio (2009). O que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos.) sobre a contemporaneidade.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2011

Histórico

  • Recebido
    Out 2010
  • Aceito
    Jan 2011
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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