Resumo
Mulheres (tanto cis quanto transgênero) experimentam, muitas vezes, inquietações em torno do prazer corporal devido a repressões e a dinâmicas hegemônicas de poder. As expectativas patriarcais, autoritárias, machistas, coloniais e capitalistas sobre os valores, os papéis e os “lugares” sociais das mulheres contribuem para o estabelecimento desse incômodo. Assim, o conforto de uma mulher com seu próprio corpo e a satisfação de suas necessidades e seus desejos - o que chamo aqui de práticas de prazer - são atos políticos, curativos e libertadores que afrontam normas sociais, particularmente para mulheres com identidades interseccionais e marginalizadas. Baseando-se na teoria do erótico, de Audre Lorde, e no conceito do “direito ao devaneio”, de Tatiana Nascimento, defendo que a prosa e a poesia de escritoras brasileiras LGBTQI+ e/ou negras, publicadas nos últimos cinco anos (desde 2016), atentam para a validação de uma ampla gama de práticas de prazer. Entre essas autoras, encontram-se Carol Bensimon, Cristiane Sobral, Katiana Souto, Kika Sena, Nanda Fer Pimenta, Piera Schnaider e Tatiana Nascimento. Embora as mulheres estejam usando a escrita criativa para afirmação de práticas de prazer há muito tempo, cada nova geração contribui de modo mais acentuado para esse esforço, reiterando que ainda há muito trabalho a ser feito e expandindo as concepções de prazer corporal para além de normas hetero, cis, eurocêntricas e monogâmicas.
Palavras-chave:
Tatiana Nascimento; Cristiane Sobral; Piera Schnaider; Kika Sena