Resumo
A comunidade negra foi sub-representada na literatura brasileira de outrora e teve sua história interpretada pelo entendimento branco, sofrendo uma interposição em sua discursividade, que relegou esses indivíduos a múltiplos silenciamentos como consequência do racismo. Neste artigo, são analisados dados que constatam uma ressemantização de narrativas literárias que representam aspectos vividos por esse coletivo, bem como a autoria e a predicação negras. Por meio de uma metodologia exploratória, que considerou tantos aspectos quantitativos como qualitativos, foi possível conhecer um novo cenário literário emergente no Rio Grande do Sul, como resultado da resistência desse estrato étnico. A representação contemporânea desses sujeitos marca uma reelaboração social que é ficcionalizada, respondendo às demandas de novos leitores que desejam ver-se encenados e humanizados, tendo suas histórias contadas por aqueles que vivem essa realidade e podem falar a respeito do tema com legitimidade. Investimentos recentes em políticas públicas voltados para a emancipação desse grupo proporcionaram uma ressignificação social que produziu um efeito de protagonismo, tão almejado ao longo dos tempos. Essas constatações foram feitas com base na análise da literatura gaúcha produzida por autores negros nas duas primeiras décadas deste século.
Palavras-chave:
literatura brasileira; predicação negra; literatura gaúcha