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Colonialidade do poder em Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior

Coloniality of power in Save the Fire, by Itamar Vieira Junior

Colonialidad del poder en Salvar el fuego, de Itamar Vieira Junior

Resumo

Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior (2023)VIEIRA JUNIOR, Itamar (2023). Salvar o fogo. São Paulo: Todavia., é uma narrativa que prima pela pobreza extrema, desembocando na exclusão, e não prenuncia salvação. Ambientada no nordeste brasileiro, recupera o estereótipo de nordestino como sinônimo de pobreza, bem como a desigualdade social que assola o país desde os tempos da colonização. Remete aos desmandos da Igreja Católica, que, por meio da religiosidade, não somente manipula, como também explora a população desvalida. A narrativa passa-se na contemporaneidade e, por isso, corrobora a afirmativa de Aníbal Quijano (2014)QUIJANO, Aníbal (2014). Colonialidad del poder y clasificación social. In: Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: Clacso. p. 285-326. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140506032333/eje1-7.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.
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de que o colonialismo deixou rastros por onde passou, pois, apesar de não mais existir, a colonialidade do poder ainda continua presente, principalmente entre as camadas mais vulneráveis da população. A selvageria do capitalismo com o neoliberalismo corrói a existência dos mais pobres, forçando a migração constante como meio de fugir da miséria. Para além disso, os pressupostos de raça, etnia e gênero também se apresentam, demonstrando a interseccionalidade sempre presente nessas camadas da população. Utilizando esses pressupostos como fios condutores para a análise da narrativa, foi imprescindível recorrer aos estudos de Gayatri Spivak (2010)SPIVAK, Gayatri C. (2010). Pode o subalterno falar? Tradução: Sandra Regina Goulart Almeida et al. Belo Horizonte: Editora UFMG., Aníbal Quijano (2014)QUIJANO, Aníbal (2014). Colonialidad del poder y clasificación social. In: Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: Clacso. p. 285-326. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140506032333/eje1-7.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.
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, María Lugones (2014)LUGONES, María (2014). Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952. https://doi.org/10.1590/%25x
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, Walter D. Mignolo (2017)MIGNOLO, Walter D. (2017). Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Tradução: Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, e329402. https://doi.org/10.17666/329402/2017
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, Isildinha Baptista Nogueira (2021)NOGUEIRA, Isildinha Baptista (2021). A cor do inconsciente: significações do corpo negro. São Paulo: Perspectiva., Patricia Hill Collins e Sirma Bilge (2021)COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma (2021). Interseccionalidade. Tradução: Rane Souza. São Paulo: Boitempo., Rita Segato (2021)SEGATO, Rita (2021). Crítica da colonialidades em oito ensaios: e uma antropologia por demanda. Tradução: Danielli Jatobá e Danú Gontijo. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo., entre outros.

Palavras-chave:
pobreza; colonialismo; colonialidade do poder; interseccionalidade

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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