Resumo
O objetivo deste artigo é traçar um panorama das múltiplas possibilidades de intervenção do movimento cartonero, uma rede internacional formada por editoras independentes que utilizam o papelão reciclado para a confecção das capas de seus livros. A partir da apresentação do contexto histórico no qual surge a pioneira Eloísa Cartonera - uma editora artesanal que emprega catadores de papelão e indivíduos à margem da sociedade para editar obras de autores iniciantes ou de grandes nomes da literatura latino-americana - o texto traz uma reflexão sobre a potência criativa dos sujeitos alterizados e sobre os processos de assunção de voz dos subalternizados na periferia do capitalismo. Por meio de uma ampla coleta de dados em diferentes fontes (livros, catálogos, blogs, sites e entrevistas), buscou-se construir uma imagem mais complexa do universo das edições cartoneras e discutir o impacto da intervenção dessa rede cooperativa e solidária de editoras nos processos de reconfiguração do campo literário. Trata-se de um estudo descritivo que se baseou em diferentes experiências editoriais para tentar chegar a uma compreensão mais ampla da situação atual das disputas pelo domínio das máquinas expressivas da sociedade, em particular aquelas que tradicionalmente garantiram a produção e difusão de representações hegemônicas através do objeto livro.
Palavras-chave:
cartoneras; editoras independentes; subalternidade; campo literário