Resumo
A poética escritural de Luiz Ruffato, é sabido, consiste na recuperação do projeto realista, do seu compromisso político e social, e da experimentação formal de estratégias da escrita que ecoem a experiência de realidade. Seu romance eles eram muitos cavalos resulta hoje paradigmático destas mutações estéticas que procuram dar resposta às novas condições de realidade. No entanto, nos seus últimos textos o escritor parece ter dado um giro na experimentação formal que distinguia os textos que deram-lhe renome. Nos três romances analisados neste artigo o autor assegura simplesmente transcrever relatos de indivíduos reais, participando unicamente como editor; assim, se afasta da narrativa fragmentaria que explora a força significante da linguagem e constrói um relato simples e oralizado. A proposta deste artigo é enquadrar estas narrativas dentro da problemática dos realismos atuais, problematizando o seu lugar dentro do projeto ruffatiano e propondo a hipótese do lugar central que tem a reconstituição do sujeito fragmentado e intangível como gesto estético e político nestes romances.
Palavras-chave:
realismo; ficção e realidade; sujeito; Luiz Ruffato