Resumo
Tendo em vista que a cisão humano-animal produz também os enquadramentos que determinam quais vidas são matáveis e quais vidas são dignas de viver bem, este trabalho analisa a escrita de Clarice Lispector em conversa com Judith Butler e Jacques Derrida, com atenção especial à inscrição da precariedade e da morte animal em textos como “Ir para” (1967), “Morte de uma baleia” (1968) e “O crime do professor de matemática” (1960). Aponta-se, a partir desta investigação, que a produção ficcional de Clarice Lispector coloca em destaque a precariedade como elemento que perpassa por todos(as), sem distinção de espécie, frisando que o exercício do luto e da disponibilidade para o outro, quando acionado sem modulações hierárquicas, configura um gesto capaz de nos fazer vislumbrar um modo de vida descentrado da figura humana.
Palavras-chave:
Clarice Lispector; luto; animalidade