Resumo
Durante os últimos cinco anos e após os dias de junho, a tradição dos saraus no Brasil experimentou uma mudança quantitativa: sua incidência aumentou exponencialmente em todo o território do país, seguindo o exemplo de eventos pioneiros como o da Cooperifa. O salto também foi qualitativo: há uma versão dessas performances culturais que responde à nova dinâmica socioeconômica do país e que descobre um repertório de significados que pode ser visto como parte de uma genealogia do desenvolvimento que sempre esteve presente por trás de sua encenação. O artigo apresenta, a partir do trabalho etnográfico em três desses eventos, uma paisagem cultural que interpreta o contexto e os significados de um fenômeno que não se inscreve apenas em relação à tradição dos saraus como o espaço por excelência da cultura periférica, mas com as narrativas de desenvolvimento econômico na região, especialmente aquelas colocadas em prática pelos governos do Partido dos Trabalhadores. Comentário e ruptura, essa nova cena de saraus lança pistas sobre os obstáculos ainda presentes ao desejo de igualdade da nação brasileira.
Palavras-chave:
saraus; periferia; desenvolvimento; classe media