O discurso pela interculturalidade, ao contrapor-se às formas homogeneizadoras de diferentes processos educativos, apresenta uma vontade de poder-saber e problematiza experiências dominantes de currículos monoculturalistas, ao mesmo tempo em que produz subjetividades multidimensionais de classe, gênero, raça, etnia, geração. Sob o enfoque da análise foucaultiana do discurso, desenvolveu-se um estudo sobre o eixo pedagógico e as regras de normalização da formação discursiva da interculturalidade no campo da educação de jovens e adultos, com vistas a analisar os enunciados que conformam o sujeito da interculturalidade. Para tal análise, foram selecionados, no discurso pela interculturalidade, enunciados que delineiam modos de abordar as práticas de objetivação do ser jovem e adulto na sociedade e em relação a si próprio, isto é, enunciados que indicam processos de governamentalidade - técnicas de si - dos sujeitos da educação. Examinou-se o jogo de poder-saber subjacente às verdades apresentadas no discurso pela interculturalidade, as quais afirmam o cidadão coletivo e/ou multicultural. Em relação à produção de subjetividades no discurso curricular, pode-se considerar, a partir de uma perspectiva nietzscheana, que, ao dizer-se da interculturalidade em substituição à homogeneização cultural, diz-se também daquilo que se é.
Discurso; Subjetividade; Interculturalidade; Técnicas de si; Educação de jovens e adultos