O procedimento de histórias de vida, centrado na reconstrução das histórias de formação que praticamos há mais de vinte anos, alterna tempos de trabalho individual e tempos de trabalho em grupo articulados a uma leitura dos relatos com olhares cruzados. Nesse sentido, integra a criação de ligações consigo mesmo e com outros participantes. As figuras de ligação discutidas neste texto são apresentadas a partir da metáfora dos nós de marinheiro. A tentativa do uso dessa metáfora é dar a perceber que a ligação é, ao mesmo tempo, o que dá uma sustentação, que prende e que mantém uma relativa estabilidade, que permite o movimento em um perímetro definido, mas também o que impede sair desse perímetro, o que entrava, o que pode ficar machucando quando se tenta a liberdade sem consegui-la, o que se desfaz mais ou menos facilmente para encontrarmos a liberdade de movimento. O nó faz referência, ainda, à complexidade da ligação, reúne dois fios ou cordas a muitos outros fios. Há, portanto, nessa metáfora, também, o dois e o maior número. Não há ser humano que não esteja, religado, ligado, nem que seja simbolicamente como Robinson Crusoé. Daí a importância da temática da ligação na compreensão de nosso processo de formação e de conhecimento.
Dialética das relações; Processo de formação; Conhecimento de si; Memória