Este trabalho analisa o uso do questionário em uma aula de Ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Ao investigar a aula, compreendemos o questionário como um gênero escolar pertencente a práticas institucionalizadas que envolvem alunos e professores a partir de contratos tácitos que vinculam as duas pontas na interação, numa incessante tarefa de produção de sentido a partir do querer dizer do professor e do que é interpretado pelos alunos. Baseado em estudos sobre esse gênero, foram analisados três episódios distintos que contemplam diferentes fases da correção de um questionário. Num primeiro momento, os papéis desempenhados por professora e alunos e o lugar social de onde falam, ouvem e agem é bem marcado. No segundo evento, identificamos que no processo de correção do questionário, a linguagem não se apresenta ordenada. Como produto do incessante leva e traz, o discurso resiste a uma sistematização rígida. No último evento, identificamos que mesmo com as opressões hierárquicas, as palavras circulam. Assim, partindo dos pressupostos bakhtinianos, a questão fundamental presente neste artigo é a discussão da natureza dialógica do questionário.
Questionário; dialogia; ensino de ciências; sala de aula.