O presente artigo explora contribuições e limites da psicologia e, mais especificamente, da clínica psicológica, no enfrentamento do sofrimento psíquico advindo do desemprego. Sintetiza idéias construídas a partir de um conjunto de pesquisas que vem sendo desenvolvido pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho e Serviço de Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Baseia-se em pesquisas empíricas sobre as representações de estagiários de psicologia, o lugar do desemprego nas queixas psicológicas, representações da clientela a respeito do sofrimento psíquico e desemprego e sobre as representações e práticas de desempregados sobre temporalidade e desemprego, e em pesquisa teórica sobre as noções de situação e morada. Tais reflexões encaminham-se para uma focalização crítica da visão utilitarista do trabalho, procurando responder de que maneira e em que circunstâncias uma abordagem psicológica pode constituir representações e práticas de ajuda contra-hegemônicas em relação ao utilitarismo.
desemprego; trabalho; clínica psicológica; psicologia do trabalho; utilitarismo