Os portadores de Lesões por Esforços Repetitivos (LER/DORT), além das queixas de dores osteomusculares, manifestam sofrimento psíquico relacionado ao adoecimento. Nesta investigação, buscou-se, por meio do método das Histórias de Vida, compreender como se constituíram as relações sociais de trabalho e os processos de adoecimento de trabalhadoras portadoras de LER/DORT, oriundas da indústria calçadista do Rio Grande do Sul, atendidas no Ambulatório de Doenças do Trabalho do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Realizaram-se entrevistas individuais abertas, que foram transcritas e analisadas. As recorrências e as singularidades presentes nos depoimentos originaram cinco categorias temáticas: trabalho infantil; baixa escolaridade e início da trajetória de trabalho na indústria calçadista; relação de prazer e sofrimento com o trabalho; marcas do trabalho no corpo; e afastamento do trabalho e sofrimento. As histórias destas trabalhadoras apontaram para as vivências de culpa, fracasso e exclusão, por não mais poderem desempenhar o que lhes é socialmente esperado: o trabalho.
trabalho; LER/DORT; histórias de vida; sofrimento psíquico; Psicologia Social