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EDITORIAL

Com este número iniciamos o volume 10 de Estudos de Psicologia, conquista que só foi possível graças à participação de autores, consultores, equipes técnica e científica, e leitores; mas também graças a um contexto institucional favorável. Desde 1996, quando Estudos de Psicologia publicou seu primeiro volume, muita coisa mudou na área da Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Naquela época, era pequeno o número de doutores no corpo docente, havíamos realizado poucas experiências de cursos de pós-graduação lato sensu e os grupos de pesquisa estavam apenas iniciando seu processo de consolidação.

Com os muitos esforços realizados durante os poucos anos decorridos desde então, a Psicologia na UFRN oferece atualmente um curso de Mestrado em Psicologia que, segundo a última avaliação realizada pela CAPES, tem a classificação máxima possível para sua configuração (classificação "5", oferecendo apenas mestrado). O Curso de Formação de Psicólogos, igualmente, mostrou as conseqüências desses esforços, tendo obtido mais de uma vez a pontuação máxima nas avaliações realizadas pelo MEC, classificando-se entre os melhores da região nordeste. São vários os cursos de pós-graduação lato sensu periodicamente oferecidos com temáticas diversas. Em decorrência do sensível aumento no número de doutores e da dedicação destes à pesquisa, temos alta proporção de bolsistas de produtividade em pesquisa (CNPq) em nosso corpo docente, com vários grupos de pesquisa cadastrados no diretório respectivo no CNPq e intensa participação de bolsistas de iniciação científica. Mais recentemente, entrou em funcionamento o Doutorado Integrado UFPB-UFRN em Psicologia Social, uma proposta de cooperação inter-institucional que visa responder às necessidades de formação acadêmica e científica dessa área de conhecimento na região e que também foi bem avaliada pela CAPES (classificação "5").

Esse conjunto de realizações – talvez habitual para instituições de grande porte, mas certamente excepcional para um grupo pequeno como o nosso – foi acompanhado pela criação deste periódico científico que, por três avaliações seguidas, foi classificado entre os melhores do país (Comissão Capes-ANPEPP, 2003). Não foi sem dificuldades que essa trajetória foi construída, como bem o sabem aqueles que fazem – ou já fizeram – parte de nossa equipe.

Ao iniciarmos este décimo ano, portanto, temos planos de implantar modificações. Além da renovação periódica do pessoal de apoio técnico, planejamos ampliar a Comissão Editorial e o Conselho Científico, em resposta à crescente demanda de autores de que a Estudos de Psicologia tem sido alvo nos últimos anos. Essas mudanças começam a acontecer já a partir deste primeiro número, e se estenderão ao longo do corrente ano.

Nesta edição procuramos manter a riqueza e diversidade de temas e tratamentos que tem caracterizado nosso periódico.

A área de psicologia clínica é contemplada pela discussão que Maurício Neubern apresenta sobre as relações terapêuticas estarem submetidas ao impacto da racionalidade e à dimensão regulatória decorrente do vínculo com o pensamento científico e por uma reflexão teórica de Lescovar e Safra sobre o percurso inicial do pensamento teórico-clínico psicanalítico de Sándor Ferenczi.

Implicações psicológicas da obesidade são abordadas em dois artigos: Andréia Luiz e co-autores analisam a concomitância entre obesidade infantil e depressão, ansiedade e déficits de competência social; enquanto Ana Paula Cavalcanti e colaboradores estudam a intenção comportamental de aderir a dietas de redução de peso entre obesos de baixa renda.

Em enfoque de natureza mais social, Jorge Sarriera e equipe investigam os impactos psicossociais da imigração de família hispano-americanas para Porto Alegre; Nardi e Yates comparam trajetórias de trabalho de jovens formalmente vinculados a setores novos do mercado de trabalho com a perspectiva de jovens atuantes em projetos comunitários e de economia solidária; ao passo que Lúcia Silva e colegas exploram o significado de natureza para moradores, veranistas e turistas de áreas de conservação ambiental confrontadas com o desenvolvimento econômico baseado no turismo.

Natanael Santos e colaboradores estudam o sistema visual humano, considerando evidências psicofísicas relativas a filtros de freqüência angular baixa; enquanto o controle executivo e da memória episódica verbal de idosos com comprometimento cognitivo leve e demência tipo Alzheimer é o tema desenvolvido por Hamdan e Bueno.

Elias e Marturano discutem vantagens e limitações das oficinas de linguagem como um recurso de aprendizagem mediada para enfrentar dificuldades escolares. Fernando Capovilla e equipe analisam estratégias de leitura de pessoas surdas, envolvendo crianças e adultos. E um instrumento para avaliação dos esquemas de gênero presentes no autoconceito de mulheres é desenvolvido e validado por Giavoni e Tamayo.

O tema geral da afetividade se faz presente em três trabalhos: Mirlene Siqueira discute o esquema mental de reciprocidade presente nas relações entre empregados e organização; Elza Mondin analisa as interações afetivas de crianças na família e na pré-escola; e Ana Thomaz e equipe comparam as primeiras relações afetivas entre mães de recém-nascidos a termo e pré-termo, verificando a importância do contato físico.

Esperamos que a diversidade dos trabalhos ora publicados acrescente riqueza ao conhecimento científico divulgado nas próximas páginas.

José Q. Pinheiro

Editor

Referências

Comissão CAPES-ANPEPP para avaliação dos periódicos da área de Psicologia (2003). Relatório final de avaliação dos periódicos científicos brasileiros em Psicologia – base de avaliação: ano 2001. Documento disponível em http://www.anpepp.org.br/index-aval.htm.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Abr 2005
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