RESUMO
Este artigo objetiva mobilizar o campo das políticas curriculares de alfabetização na tentativa de destacar articulações discursivas que produzem sentidos sobre letramento/s. Neste percurso, realço sentidos, especialmente, na Política Nacional de Alfabetização (PNA). Apoiada em uma perspectiva pós-estrutural e pós-fundacional, localizo letramentos na ordem do rastro, em uma lógica não essencialista, a fim de operar com a disseminação de sentidos que tensiona o campo discursivo sem a pretensão de superar essa tensão. Afasto-me de concepções clássicas de currículo como um guia para a prática, como orientações produzidas por especialistas e implementadas por professores. Admito uma compreensão de políticas curriculares como política de significação que opera por traduções. Argumento, com base na espectrologia derridiana, que o acesso pleno ao outro (ou a alguma coisa) é da ordem do impossível e que, ao assumir a impossibilidade de acessar as coisas mesmas, somos provocados a responder considerando letramentos outros - talvez possíveis de serem significados, contingentemente, como leitura, escrita, imagens, sons, oralidade, gestos, expressões - letramentos-processo discursivo, em que não há precisão e garantias, apenas indecidibilidades que nos demandam responsabilidades como uma postura ético-política da filosofia do por vir.
Palavras-chave:
Política Curricular; Letramentos; Alfabetização; Espectrologia