Editorial
A experiência da editoração de revista ou jornal como forma de divulgação científica é, sem dúvida, uma das maiores aventuras que se possa imaginar.
É uma aventura do ponto de vista empresarial, no que diz respeito ao investimento financeiro caro e que exige grandes tiragens para garantia de retorno.
É um empreendimento difícil, porque não se tem idéia sequer do público ou da clientela a ser beneficiada pelas informações divulgadas. O que ocorrerá com as publicações científicas, num país onde se lê tão pouco e onde tão poucos sabem ler?
É ainda uma aventura porque entre os poucos que sabem ler são também raros os que têm o hábito de ler, e menor ainda o número dos que têm acesso aos meios de divulgação.
O papel de uma revista para divulgação de pesquisas, pronunciamentos, experimentos e inovações é, certamente, de singular importância, em especial no momento em que o país retoma o debate sobre o futuro da Educação Nacional.
Garantir seu espaço na formação da consciência nacional em relação às políticas educacionais, e participando do grande debate inspirado na discussão da futura legislação sobre educação e defesa dos direitos de cidadania do educando, é a principal meta desta revista, enquanto órgão de divulgação do pensamento dos autores a ela ligados.
Sem se prender a uma única posição, sem compromisso com a divulgação de uma única conduta ideológica, ou expressão de uma só opção pedagógica, deve-se esperar da Revista EDUCAR o esforço, cada vez maior, de levar aos seus leitores a divulgação equânime de todas as tendências, porque ela não pretende tutelar posicionamentos, que serão expressos pelos autores cujos trabalhos mereçam acolhida do Conselho Editorial.
Finalmente, a editoração ainda tem o obstáculo dos meios de financiamento, pelas agências gerenciadoras dos recursos.
Não obstante a existência das dificuldades institucionais e dos obstáculos de natureza política, a educação não pode prescindir da utilização dos meios de comunicação, não somente para veiculação das pesquisas, das experiências e inovações educacionais, mas, e de maneira imperiosa, pela responsabilidade de influir nas decisões estruturais e ideológicas sobre a sociedade moderna.
A educação não se processa distante dos problemas e dos questionamentos sociais. Não influirá nos comportamentos sociais se não assumir com os demais segmentos, e em toda sua amplitude, os debates multidisciplinares que ocorrem na sociedade. Não se afirma no debate político, se não deixar a posição defensiva das suas próprias concepções puramente didáticas e não ocupar, em igualdade de condições, o debate que marca a sociedade dos nossos dias.
Não participa do diálogo moderno, sem que utilize a comunicação, como forma de veiculação das mensagens.
ARCHIMEDES PERES MARANHÃO
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
11 Mar 2015 -
Data do Fascículo
Dez 1987