Resumo
Embora a Política Brasileira de Resíduos Sólidos esteja em vigor, as cidades continuam enfrentando dificuldades para cumpri-la, perpetuando assim os impactos ambientais negativos causados pelos resíduos sólidos. Ou seja, o Brasil já está lidando com essa questão, mas o processo está longe de ser bem-sucedido. Este estudo analisa, com base em uma perspectiva cartográfica, os déficits dessa gestão e as implicações da gestão inadequada dos resíduos sólidos urbanos no nordeste brasileiro. Analisamos as estruturas dos órgãos municipais responsáveis pela coleta, transporte e destinação de resíduos sólidos por meio de entrevistas estruturadas com gestores ambientais, avaliação da qualidade dos locais de disposição final e caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos. Os dados comprovam que 75% dos municípios não possuem estratégias hierarquizadas de prevenção, redução, reaproveitamento, reciclagem e tratamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos urbanos, que são dispostos em lixões a céu aberto. A matéria orgânica compõe, em média, 50% da massa de resíduos coletados nas cidades, tendo potencial de geração de renda com a aplicação de tecnologias de reciclagem. A autocorrelação espacial indicou relação negativa e fraca entre as variáveis. A política brasileira de gestão de resíduos é insuficiente, pois os gestores municipais não conseguem afastar esse material das áreas urbanas, da degradação ambiental e do agravamento da saúde pública.
Palavras-chave:
aterro; caracterização gravimétrica; gestão de resíduos; saúde pública