Este artigo tem o objetivo de apresentar um estudo de caso sobre filiação adotiva de dois irmãos maiores, interpretando como se deu a construção paterno-filial nesse processo. A coleta dos dados foi feita por meio de entrevistas de acompanhamento, totalizando 14 encontros com a família, durante um período de seis meses. Também foram utilizados dados obtidos através de um diário pessoal dos participantes. A análise do material baseou-se na perspectiva psicanalítica, identificando-se aspectos específicos do desenvolvimento da parentalidade e da filiação, bem como das etapas do estágio de convivência familiar. Observou-se que a possibilidade de escuta familiar das situações de maior ambivalência nas distintas etapas do processo auxiliou o processo de adoção e a filiação das crianças. Concluiu-se que a fundação familiar nos processos adotivos de crianças maiores não deve ser associada a maiores dificuldades de filiação, desde que se assegure um adequado atendimento das demandas parentais e filiais ao longo do processo.
Adoção (criança); Afiliação (motivação); Pais