Resumo
Estudos recentes sobre a transição para a maternidade sugerem que a rede de apoio tem papel central na experiência materna e no desenvolvimento da relação mãe-bebê. Mulheres sem companheiro ou com dificuldades econômicas, bem como membros de minoria étnica ou recém-migrantes são algumas das condições que se sobrepõem às demandas da maternidade, criando um quadro de múltiplas vulnerabilidades. Este trabalho aborda a experiência materna de duas mulheres recentemente refugiadas no Brasil, a partir de sessões psicoterapêuticas na clínica winnicottiana transcultural oferecida em uma instituição de acolhimento a gestantes e mães. Observou-se que a solidão e o desamparo desafiam as competências maternas, enquanto a resiliência e o acolhimento adequado permitem a construção de uma rede de apoio que favorece a maternidade suficientemente boa. Nessa perspectiva, o profissional pode facilitar ou impedir que práticas maternas se orientem pelo referencial cultural de origem, enquanto a mãe se integra à cultura do país de acolhida.
Palavras-chave
Relação mãe-criança; Maternidade; Psicanálise; Abrigo