Este ensaio propõe-se a entender a linguagem religiosa e seu possível uso pela psicologia. Visa reconstruir sua possibilidade a partir da comparação com outras linguagens mais comumente consideradas pela psicologia. Considera, em primeiro lugar, o discurso expressivo da experiência subjetiva individual, no qual já se encontra o uso metafórico de termos pertencentes, em sua origem, à fala designativa de objetos. Em seguida, considera os discursos expressivos da experiência grupal e social, nos quais ocorre a passagem de um "eu" para um "nós". O acesso a esse "nós", como experiência subjetiva, supõe uma renúncia ao excessivo desejo de controle objetivo dos processos coletivos, e o acesso a um outro nível de racionalidade. Passa-se, em seguida, ao "nós" ecológico, cuja vivência supõe mais metáforas e renúncias, como condição de acesso. Chega-se finalmente à linguagem religiosa, na qual os símbolos e o tipo de racionalidade adquirem características novas, se bem que em continuidade às linguagens anteriores.
psicologia; religião; linguagem