Ocorrência de antracnose em frutos de açaí, Euterpe oleracea, em Muaná, ParáNOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES
Telma F.C. Batista; Francisco C. Oliveira; Sérgio A.S. Tabosa; Marco A.L. Nunes
Instituto de Ciências Agrárias do Pará, Universidade Federal Rural da Amazônia, Laboratório de Microorganismos, Av. Presidente Tancredo Neves, 2501, Cx. Postal 917, CEP 66077-530, Belém, PA, Brasil, e-mail: telmabatistacoelho@yahoo.com.br
ABSTRACT
Necrotic spots were observed in green and mature fruits of açai in Muaná County, State of Pará. The causal agent was identified as Colletotrichum gloeosporioides. The pathogenic characteristic of the fungus was confirmed on the sixth day after the inoculation of a suspension of conidia. This is the first report of the anthracnose in fruits of açai in the State of Pará and probably for Brazil.
O açaizeiro, Euterpe oleracea Mart., é uma palmeira típica da região amazônica, ocorrendo nos Estados do Pará, Amazonas, Maranhão e Amapá. Açaizais nativos são comuns no estuário do rio Amazonas, em terrenos de várzea, igapós e terra firme. Os sistemas de exploração de áreas nativas e comerciais destinam-se à colheita dos frutos e palmito para o consumo local e exportação, principalmente no preparo do "suco concentrado" rico em ferro e outras vitaminas energéticas. Em setembro de 2005, no município de Muaná, foram feitas coletas de sementes verdes e maduras apresentando sintomas de manchas necróticas, sendo que nos frutos verdes, as manchas apresentavam sintomas de pequenas pontuações de coloração marrom a negra, com formato circular e tamanho aproximado de, no máximo, 13 mm de diâmetro (Figura 1A), enquanto os frutos maduros apresentaram sintomas de coloração acinzentada, devida a intensa esporulação do fungo (Figura 1B). Com a evolução das lesões, que coalesceram, estas atingiram parcialmente ou totalmente os frutos, tornando-os necrosados. As necroses possuíam coloração escura e avançavam da casca para o interior da polpa do fruto, ocasionando um apodrecimento generalizado. As sementes foram isoladas no Laboratório de Microrganismos da Universidade Federal Rural da Amazônia, e em seguida lavadas com água corrente e sabão, enxutas com papel toalha estéril, também foram retirados fragmentos da casca das sementes e desinfestadas com álcool a 70 % por 30 segundos, em seguida transferidas para placas de Petri com hipoclorito de sódio a 1,5% por 2 minutos e lavadas duas vezes em água destilada e esterilizada, para retirada do excesso de hipoclorito, e finalmente incubadas em placas de Petri contendo BDA a temperatura de 28 º;C até o desenvolvimento das colônias. Após 5 dias de incubação, o agente causal inicialmente apresentou coloração branca, evoluindo para coloração salmão e finalmente escura com micélio bastante ramificado, septado e hialino, apresentando acérvulos sem a presença de setas, conídios unicelulares e hialinos, lisos com paredes finas elipsóides a cilíndricos com média de 3,6 x 14,4 µm. De acordo com essas características, o patógeno foi identificado como Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. (Sutton B.C., The Coelomycetes. 1980). O teste de patogenicidade foi feito com suspensão de conídios em concentração de 106 conídios/mL em frutos do açaí verdes e maduros, em caixas tipo gerbox contendo papel de filtro estéril e incubado sob luz contínua e temperatura a 28 ºC. Os sintomas apareceram a partir do sexto dia após a inoculação, e em seguida foi feito o re-isolamento do patógeno em BDA, completando os Postulados de Koch. De acordo com a literatura, a doença conhecida como antracnose, já havia sido registrada em mudas de açaizeiros (Paradela Filho & Cardoso, Summa Phytopathol. 3:93. 1977), contudo este é o primeiro relato da doença em fruto de açaizeiro na região Norte do Brasil.
Recebido 17 Julho 2006 - Aceito 28 Maio 2007 - FB 6081
Autor para correspondência: Telma F.C. Batista
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
19 Out 2007 -
Data do Fascículo
Ago 2007
