NOTAS FITOPATOLÓGICAS / PHYTOPATHOLOGICAL NOTES
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À GIBERELA DE GENÓTIPOS DE CEREAIS DE INVERNO
MARIA I.P.M. LIMA & JOSÉ M.C. FERNANDES
Embrapa Trigo, Cx. Postal 451, CEP 99001-970, Passo Fundo, RS, e-mails: imac@cnpt.embrapa.br, mauricio@cnpt.embrapa.br
(Aceito para publicação em 24/05/2001)
Autor para correspondência: Maria I.P.M. Lima
ABSTRACTEvaluating scab resistance on genotypes of winter cereals
Scab incited by Gibberella zeae is an important disease affecting wheat (Triticum aestivum) and other Triticea [barley (Hordeum vulgare), triticale (X Triticosecale), and rye (Secale cereale). In moist weather, the fungus infects the heads during flowering. Scab reduces yields and also can produce harmful mycotoxins. Control measures besides cultivar resistance are insufficient. A nursery was set up under field conditions in order to evaluate scab resistance among cultivars. The protocol used at Embrapa Trigo for screening scab resistant cultivars is described here.
A giberela, incitada principalmente por Gibberella zeae (Schwein.) Petch, forma assexuada Fusarium graminearum Schwabe, doença importante nas espigas de cereais de inverno, como trigo (Triticum aestivum L.), cevada (Hordeum vulgare L.), centeio (Secale cereale L.) e triticale (X. Triticosecale Wittmack), causa perdas no rendimento de grãos e na qualidade. Os grãos infetados e seus derivados podem ser tóxicos, tanto para o ser humano quanto para animais, devido à presença de micotoxinas. Os sintomas característicos são espiguetas despigmentadas, de coloração esbranquiçada ou cor de palha, que contrastam com o verde normal de espigas sadias. A enfermidade é influenciada por condições do ambiente, como clima úmido e temperatura moderada. Precipitação pluvial de no mínimo 48 h consecutivas e temperatura entre 20 e 25 oC são consideradas condições ideais para o desenvolvimento da doença.
Mencionam-se pelo menos cinco tipos de resistência à giberela em trigo. A resistência Tipo I é definida como resistência à infecção inicial; Tipo II, resistência à colonização subseqüente ao tecido após a infecção (Schroeder e Christensen, Phytopathology 53:831, 1963); Tipo III, resistência expressa no próprio grão; Tipo IV, resistência ao acúmulo de micotoxinas; e Tipo V, tolerância de rendimento (Mesterhazy, Plant Breeding 114:377, 1995). Atualmente, as pesquisas na Embrapa Trigo estão sendo concentradas em estudos relacionados aos três primeiros tipos de resistência. O objetivo deste trabalho é informar a metodologia usada na Embrapa Trigo para avaliar a reação de resistência de genótipos de cereais de inverno quanto à giberela, sob infecção natural, em condições de campo.
Cada genótipo é semeado em parcela única de 5,00 m x 0,60 m, constituída de três linhas espaçadas 0,20 m entre si. O espaçamento entre duas parcelas consecutivas é de 0,40 m, e a cada conjunto de duas parcelas, de 0,80 m. O controle de enfermidades nas folhas é realizado até o estádio de emborrachamento. Grãos de trigo ou de milho com peritécios de G. zeae são distribuídos na linha externa de semeadura, a cada duas parcelas, no início do espigamento. Ao início do espigamento de cevada e florescimento de trigo e de triticale, a área experimental é submetida a molhamento de espigas com formação de neblina por 5 min consecutivos, a intervalos de 25 a 30 min, em dias sem precipitação pluvial. A presença de água livre nas espigas (condição essencial para a ocorrência da doença) é obtida através de sistema de irrigação constituído de: reservatório de água, motobomba com potência de 5 cv, canos de 75 mm de diâmetro e mangueiras (tapes) flexíveis para irrigação. O sistema de irrigação é instalado na superfície do solo. Ao cano de 75 mm, usado para distribuição de água, é conectada, a cada dois metros, uma mangueira de irrigação, ou seja, a cada duas parcelas ou seis linhas de semeadura. Para a avaliação de giberela, amostras são coletadas conforme metodologia descrita por Lima et al. (XVIII Renapet, Anais, v. 2, 511, Passo Fundo, Embrapa, 1999). Determinam-se a incidência, a severidade e a porcentagem de grãos com sintomas de giberela. A severidade em trigo é determinada empregando-se a escala sugerida por Stack & McMullen (NDSU Ext. Publ., PP-1095, 1995), e a de cevada, visualmente estimando-se a porcentagem de cada espiga afetada pela enfermidade.
O sistema artificial de molhamento de espigas permite desenvolver a doença e avaliar genótipos de cereais de inverno em anos em que as condições climáticas são adversas à giberela, além de permitir avaliar maior número de genótipos no ano.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Maio 2002 -
Data do Fascículo
Fev 2002