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OCORRÊNCIA DE Oncideres saga DALMAN, 1823 (COLEOPTERA,CERAMBYCIDAE) EM Prosopis juliflora (SW) D.C.

OCCURRENCE OF Oncideres saga DALMAN, 1823 (COLEOPTERA, CERAMBYCIDAE) IN Prosopis Juliflora (SW) D.C.

RESUMO

O trabalho consistiu em verificar a ocorrência de Oncideres saga Dalman, 1823, em Prosopis juliflora (SW) D.C. utilizada na arborização do Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no período de setembro a dezembro de 1996.

Palavras chaves:
Oncideres saga, Cerambycidae; Prosopis juliflora.

ABSTRACT

The work consisted in the verification of occurrence of Oncideres saga Dalman, 1823, in Prosopis juliflora (SW) D.C. in the Federal Rural University of the Rio de Janeiro Campus arborization, in the September-December, 1996, period.

Key words:
Oncideres saga, Cerambycidae; Prosopis juliflora.

INTRODUÇÃO

Prosopis juliflora (SW) D.C., é uma espécie arbórea da família Leguminosae, Mimosoideae que se adapta bem a regiões de baixa pluviosidade. Apresenta crescimento rápido e sua frutificação inicia-se do segundo ao terceiro ano de desenvolvimento. Além de ser uma planta com característica xerófila, não apresenta caducifolia nos períodos de seca. A algarobeira apresenta a vantagem de vegetar bem em solos de baixa fertilidade e solos pedregosos, constituindo uma alternativa para regiões do polígono das secas no Nordeste brasileiro (AZEVEDO, 1961AZEVEDO, G. Algaroba. Ministério da Agricultura. Serviço de Informação Agrícola. 2a ed. 1961.). A algarobeira pedregosos, constituindo uma alternativa para regiões do polígono das secas no Nordeste brasileiro (AZEVEDO, 1961AZEVEDO, G. Algaroba. Ministério da Agricultura. Serviço de Informação Agrícola. 2a ed. 1961.). A algarobeira destaca-se pelo seu valor na produção de frutos, madeira, sombreamento, reflorestamento, suporte de apicultura, arborização urbana e recuperação de áreas degradadas. (PIO CORREA, 1926PIO CORREA, M. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, RJ. I.B.D.F. 1926, V.1. p.747.) Representa pois, fator de interesse econômico para técnicos florestais, viveiristas, paisagistas e apicultores. Os primeiros registros de incidência de insetos-praga em Algaraba foram feitos em 1956, quando ramos foram encontrados serrados por Oncideres saga, em Sorobim, PE. O nível de ataque vem aumentando gradativamente, alcançando elevados indices de infestação (CARVALHO, 1968). O cerambicídeo O. saga, conhecido pelo nome comum de "serrador", tem sido considerado uma ameaça em potencial para algumas espécies botânicas como Albizzia moluccana, flamboyant, ingazeiro, Ficus sp,, Mimosa scabrella, Parkia pendula, etc., (nomes científicos e populares citados conforme menção do autor) (BONDAR, 1953BONDAR, G. A biologia do gênero Oncideres (Col., Ceramb.) e descrição de nova espécie. Agronomia Rio de Janeiro, RJ. Vol. 12, no 2, abril-junho, 1953.; ARAUJO e SILVA et al., 1968ARAUJO e SILVA, et al. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil: seus parasitas e predadores. Parte II, 1o tomo. Rio de Janeiro: M.A., Laboratório de Patologia Vegetal, 1968. 622p.); sendo registrada sua ocorrência nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pará, Amazonas, (IEDE, 1981IEDE, E.T. Alguns aspectos sobre espécies de insetos que ocorrem na Bracatinga (Mimosa scabrella Benth.). In: SEMINÁRIO SOBRE ATUALIDADES E PERSPECTIVAS FLORESTAIS, 4 "Bracatinga uma alternativa para reflorestamento". Anais. Curitiba, PR. EMBRAPA/URPFCS, 1981. p. 91-102.), Portanto, o trabalho objetivou verificar a ocorrência de O. saga em Prosopis juliflora.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de pesquisa

De setembro a dezembro de 1996, foi realizada uma pesquisa no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e adjacências, em Seropédica, RJ, para verificar a ocorrência de Oncideres saga serrando ramos de algarobeira, P. juliflora.

Obtenção do material de pesquisa

A inspeção e coleta foram realizadas em três árvores, para verificar se havia ramos serrados e sem orifícios de emergência; sendo mensurados o diâmetro, em centímetro, próximo à base, utilizando-se fita diamétrica; e o comprimento, em metro, medido com trena, da base até o ápice do ramo. Quando o ramo principal apresentava bifurcação era selecionado o ramo de maior extensão. O ramo que foi encontrado sob a copa da árvore ou anelado, mas preso à mesma, foi considerado como uma amostra.

Avaliação do material do pesquisa

Para efeito de avaliação calculou-se a freqüência segundo o diâmetro e comprimento dos ramos serrados.

Metodologia base

Metodologia semelhante para obtenção do material de pesquisa, utilizaram CARVALHO (1995)CARVALHO, A. G; REZENDE, A. da S. e SILVA, C.A.M. da. Avaliação de danos de O. dejeani Thomson, 1868 (Coleoptera, Cerambycidae) em Albizzia lebbeck Benth. (Leguminosae; Mimosoideae) na região de Seropédica, RJ. In: Floresta e Ambiente, Instituto de Florestas/UFRRJ. Seropédica, RJ, 2, 1995. p. 6-8. e COUTINHO (1996)COUTINHO et al. Arborização Urbana e O.dejeani THOMSON, 1868 (Coleoptera, Cerambycidae) na região de Seropédica, RJ. In: Simpósio Internacional sobre Ecossistemas Florestais (40, Belo Horizonte, 1996). FOREST/96. Anais. Belo Horizonte, MG. BIOSFERA, 1996. p.199-200. coletando ramos de Albizzia lebbeck Benth., serrados por O. dejeani, na arborização do Campus da UFRRJ.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das três algarobeiras inspecionadas nas imediações do Instituto de Zootecnia/UFRRJ, verificou-se a ocorrência e danos de O. saga em apenas um espécime. Foram encontrados três ramos serrados sob a copa de uma árvore de P. juliflora; entretanto, verificou-se três ramos anelados, porém presos á copa da árvore. Os três ramos serrados foram mensurados e os resultados obtidos estão sumarizados na tabela 1.

As medidas de diâmetro e comprimento médio encontrados, foram de 2,7cm (I.V. 2,1 a 3,4) e 2,93m (I.V. 1,86 a 3,64) respectivamente . O diâmetro médio dos ramos serrados variou em função do dossel da espécie botânica estudada e do local onde foi encontrada a planta. A distribuição de frequências dos ramos serrados, segundo o diâmetro e comprimento, está representada nas tabelas 2 e 3. Houve apenas uma amostra na classe de maior diâmetro e comprimento.

No primeiro ramo coletado observou-se a presença de adultos de O. saga, sendo quatro fêmeas e um macho. A planta necessita ser suscetível, favorecendo o inseto-praga. Todos os fatores desfavoráveis às atividades fisiológicas como enzimas, produção de açúcares que provocam acúmulo de substâncias solúveis na seiva tais como aminoácidos, açúcares simples, etc., favorecem a nutrição e procriação de microorganismos e insetos (PRIMAVESI, 1990PRIMAVESI, A. Manejo ecológico de pragas e doenças: técnicas alternativas para a produção agropecuária e defesa do meio ambiente. São Paulo. Nobel, 1988.138 p.). Pelos resultados obtidos verificou-se que a algaraba é suscetível a O. saga provavelmente pelos fatores citados por PRIMAVESI.

CONCLUSÃO

Em função dos dados coletados no período de setembro a dezembro de 1996 pode-se concluir que:

  1. houve ocorrência de O. saga na espécie P. juliflora na área inspecionada;

  2. O. saga danifica P. juliflora, causando alteração na arquitetura da copa e facilitando o ataque de patógenos; e

  3. é necessário, a posteriori, estudo da flutuação populacional de O. saga, pois através do mesmo poderão ser obtidas épocas para um efetivo controle.

Tabela 1
Diâmetro, em cm, e comprimento, em m, de ramos de Prosopis juliflora (Leg., Mimosoidae) serrados por O. saga. Seropédica, RJ. 1996.
Tabela 2
Distribuição de freqüência (F) de três ramos de Prosopis juliflora serrados por O. saga, segundo o diâmetro da base, em cm. Seropédica, RJ. 1996.
Tabela 3
Distribuição de freqüência (F) de três ramos de Prosopis juliflora serrados por O.saga, segundo o comprimento da base ao ápice, em m. Seropédica,RJ. 1996.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ARAUJO e SILVA, et al. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil: seus parasitas e predadores. Parte II, 1o tomo. Rio de Janeiro: M.A., Laboratório de Patologia Vegetal, 1968. 622p.
  • AZEVEDO, G. Algaroba. Ministério da Agricultura. Serviço de Informação Agrícola. 2a ed. 1961.
  • BONDAR, G. A biologia do gênero Oncideres (Col., Ceramb.) e descrição de nova espécie. Agronomia Rio de Janeiro, RJ. Vol. 12, no 2, abril-junho, 1953.
  • CARVALHO, A. G; REZENDE, A. da S. e SILVA, C.A.M. da. Avaliação de danos de O. dejeani Thomson, 1868 (Coleoptera, Cerambycidae) em Albizzia lebbeck Benth. (Leguminosae; Mimosoideae) na região de Seropédica, RJ. In: Floresta e Ambiente, Instituto de Florestas/UFRRJ. Seropédica, RJ, 2, 1995. p. 6-8.
  • COUTINHO et al. Arborização Urbana e O.dejeani THOMSON, 1868 (Coleoptera, Cerambycidae) na região de Seropédica, RJ. In: Simpósio Internacional sobre Ecossistemas Florestais (40, Belo Horizonte, 1996). FOREST/96. Anais. Belo Horizonte, MG. BIOSFERA, 1996. p.199-200.
  • IEDE, E.T. Alguns aspectos sobre espécies de insetos que ocorrem na Bracatinga (Mimosa scabrella Benth.). In: SEMINÁRIO SOBRE ATUALIDADES E PERSPECTIVAS FLORESTAIS, 4 "Bracatinga uma alternativa para reflorestamento". Anais. Curitiba, PR. EMBRAPA/URPFCS, 1981. p. 91-102.
  • PIO CORREA, M. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, RJ. I.B.D.F. 1926, V.1. p.747.
  • PRIMAVESI, A. Manejo ecológico de pragas e doenças: técnicas alternativas para a produção agropecuária e defesa do meio ambiente. São Paulo. Nobel, 1988.138 p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    1997
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