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FLORESTA NACIONAL MÁRIO XAVIER UMA PROPOSTA DE PLANEJAMENTO E DE GESTÃO AMBIENTAL - JUSTIFICATIVA

The Mário Xavier National Forest: A justification for environment planning proposal.

RESUMO

Floresta Nacional Mário Xavier está localizada no estado do Rio de Janeiro, no município de Seropédica. Foi legalmente criada em 1989, abrangendo uma área de aproximadamente 493 ha. Abriga em seus limites o fragmento florestal nativo mais significativo do município, ameaçado constantemente pelos incêndios e pelo pastoreio sem controle. No intuito de colaborar com o órgão gestor da área para o equacionamento desses problemas, foi elaborada urna proposta de Zoneamento Ambiental para a área e um Plano de Manejo dos Recursos Florestais.

Palavras-chaves:
Floresta Nacional Mário Xavier; Zoneamento Ambiental; Plano de Manejo dos Recursos Florestais

ABSTRACT

The Mário Xavier National Forest is located at Rio de Janeiro state, in Seropédica countie. It was created in 1989, with an area of 493 ha. It has the most important native forest fragment of Seropédica, constantly expose to danger of fire and grazing without control. In intetion of colaborate with National Forest Administration, the aim of the search is going to elaborate an environmental division of territory and a forest management plan.

Key words :
Mário Xavier National Forest; environmental division of territory; forest management plan.

A Floresta Nacional Mário Xavier está localizada no estado do Rio de Janeiro, no município de Seropédica, entre os paralelos 22°42’ S e 22° 45' S e os meridianos 43° 41’ W e 43° 44’ W.

Foi legalmente criada pelo Decreto Federal n° 93.369, de 08/10/89, sob administração do IBAMA, ocupando urna área de aproximadamente 493 hectares (CONDURÚ, L.G.S. & SANTOS, L.A.F., 1994CONDURÚ, L. G. S. & SANTOS, L. A. F. Unidades de Conservação da Natureza: Conceitos básicos, Definições e Caracterização geral. Situação no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:FEEMA. 1994. 107p.).

Abrange o fragmento florestal nativo mais significativo do município, distribuído em uma área de aproximadamente 80ha, podendo também ser considerado como um dos últimos fragmentos florestais da baixada do rio Guandú.

A história da ocupação humana no município de Seropédica exprime bem a situação florestal atual do município. Na época do descobrimento do Brasil, o municipio apresentava quase 100% de cobertura florestal (excetuando-se algumas baixadas inundadas, lagoas e superfície líquida dos rios maiores). Após meados do século XVII, iniciou-se a ocupação progressiva das terras pelos colonos lusos, baseados nos aldeamentos junto aos templos construídos sob as ordens dos missionários jesuítas. O regime econômico, aliado à extração de madeira e lenha para o consumo local, era baseado na pecuária, que encontrou plena expansão nas imensas baixadas dos rios Itaguaí e Guandu, a partir da antiga fazenda de Santa Cruz. As baixadas, com solos aluvionares ricos, também se prestavam para a agricultura extensiva e, paulatinamente, a floresta foi cedendo grandes áreas à planície campestre. A principal atividade agrícola passou a ser canavieira, ao lado da pecuária extensiva. Expulsos os jesuítas, em 1759, a região passou por período de decadência, até que em fins do século XVIII, foram intensificadas as lavouras de cana, mandioca e a criação de gado.

Por volta de 1880, a abolição da escravatura, a falta de transportes e o deslocamento da rota de escoamento cafeeiro, trouxeram para o município o abandono de imensas áreas. O entulhamento da rede hidrográfica com aluviões trazidos pela desproteção geral dos solos contra a erosão, tornou alagadiças grandes extensões.

Já no século XX, o traçado de estradas, o saneamento baseado em largos e longos canais, e o surto de loteamentos agrícolas e urbanos permitiram uma total alteração da paisagem natural, onde os pastos extensivos, presa de incêndios eventuais, as lavouras e os loteamentos quase que nada deixaram de remanescente quanto à primitiva cobertura florestal.

Como agravante, a reduzida área florestal do município continua a sofrer diminuições por causa dos incêndios e das invasões com pastos e bananais (MAGNANINI & NEHAB, 1980MAGNANINI, A. & NEHAB, M. A. F. Diagnóstico da Situação Florestal no Município de Itaguaí. Rio de Janeíro:FEEMA. 1980. 48p.).

Na realidade, estima-se que atualmente o município conta com menos de 5% da sua área com cobertura florestal, sendo de extrema importância a proteção e recuperação florestal do município.

A Floresta Nacional Mário Xavier é a única Unidade de Conservação existente no município e também a única Floresta Nacional instituída no estado do Rio de Janeiro (SILVA, L. L., 1996SILVA, L. L. Ecologia : Manejo de Áreas Silvestres. Rio Grande do Sul: MMA, FNMA, FATEC. 1996. 352p.).

Embora carentes de legislação específica, as Florestas Nacionais, assim como as Estaduais e Municipais, são definidas no projeto de Lei n° 2.892, de 20/05/92, como áreas geralmente extensas, com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas, destinadas à produção econômica sustentável de madeira e outros produtos vegetais, proteção de recursos hídricos, pesquisas, implantação de viveiros de mudas, manejo de fauna silvestre e atividades recreativas de contato com a natureza (CONDURÚ, L.G.S. & SANTOS, L.A.F. , 1994CONDURÚ, L. G. S. & SANTOS, L. A. F. Unidades de Conservação da Natureza: Conceitos básicos, Definições e Caracterização geral. Situação no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:FEEMA. 1994. 107p.).

Entre os conceitos mais importantes no manejo das Florestas Nacionais, está o de uso múltiplo. Os usos mais vitais são o abastecimento de água, a produção de madeira, o pastoreio controlado, a agricultura, a recreação e o lazer e a proteção da biota. O uso múltiplo das Florestas Nacionais deve ser entendido como o manejo sustentável de todos os recursos renováveis da área (IBDF/FBCN, 1979IBDF/FBCN. Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil. Brasília: FBCN. 1979. 105p.).

Embora legalmente criada, a Floresta Nacional Mário Xavier carece de instrumentos normativos e regulamentadores que proporcionem meios eficazes de gestão e manejo dos recursos naturais.

Os principais problemas ambientais da Floresta Nacional Mário Xavier são os incêndios, prática comum entre os pecuaristas da região para renovação das pastagens; o pastoreio sem controle e os processos erosivos oriundos, em parte, do pastoreio.

Sendo assim, no intuito de colaborar com o órgão gestor da área (IBAMA) para equacionamento de tais problemas, garantido a conservação do valioso patrimônio natural representado pelo fragmento florestal, é que optou-se como projeto a ser desenvolvido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a elaboração de uma proposta de planejamento, incluindo o respectivo Zoneamento Ambiental e o Manejo dos Recursos Florestais, da referida Floresta.

LITERATURA CITADA

  • CONDURÚ, L. G. S. & SANTOS, L. A. F. Unidades de Conservação da Natureza: Conceitos básicos, Definições e Caracterização geral. Situação no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:FEEMA. 1994. 107p.
  • IBDF/FBCN. Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil. Brasília: FBCN. 1979. 105p.
  • MAGNANINI, A. & NEHAB, M. A. F. Diagnóstico da Situação Florestal no Município de Itaguaí. Rio de Janeíro:FEEMA. 1980. 48p.
  • SILVA, L. L. Ecologia : Manejo de Áreas Silvestres. Rio Grande do Sul: MMA, FNMA, FATEC. 1996. 352p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Dec 1998
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