Resumo
A Reforma Psiquiátrica busca progressivamente deslocar o foco do cuidado do hospital para as redes de cuidado territoriais. O objetivo deste estudo foi compreender a experiência de pessoas em sofrimento psíquico grave no período de internação e pós-internação em um hospital psiquiátrico. Foi realizado estudo qualitativo, por meio do método de História de Vida Focal, com realização de entrevistas com cinco ex-internos do extinto Hospital Psiquiátrico Franco da Rocha (HPFR). Utilizando-se a Análise do Conteúdo Temática foram levantadas três categorias: a forma de se relacionar com a loucura, a ambivalência das experiências e as nuances de uma possível ruptura de paradigmas. Tais categorias permitiram discutir a coexistência entre os paradigmas asilar e psicossocial no atual cenário da Reforma Psiquiátrica, constituindo atravessamentos nos modos de compor itinerários de cuidado entre as pessoas com sofrimento psíquico. Afirma-se a necessidade de produção de modos de cuidado que respeitem o direito à cidadania, à palavra e à história das pessoas com sofrimento psíquico.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica; ex-internos; saúde mental; sofrimento psíquico