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Apresentação Filosofia Unisinos v.25, n.1

Caríssimos(as) leitores(as), é com enorme prazer que apresentamos a publicação da primeira edição da Revista Filosofia Unisinos de 2024. Neste volume, contamos com um dossiê sobre Ética e Inteligência Artificial, organizado pelo Prof. Dr. Denis Coitinho e pelo Prof. Dr. Marcelo de Araújo, composto de oito artigos e uma entrevista, bem como com seis artigos do fluxo contínuo.

O primeiro artigo, escrito pela Profa. Dra. Deise Quintiliano Pereira e intitulado “Percepção e imaginação na estética sartriana”, expõe a percepção como maneira com a qual interagimos com o mundo exterior, experimentando seus objetos como eles são em sua materialidade. Já a imaginação é exposta como a capacidade de criar representações mentais que nos permite conceber o que não está presente. O objetivo central do artigo é, baseado na interpretação sartriana, problematizar a distinção rígida entre "percepção" e "imaginação" (Sartre, 1940SARTRE, J-P. 1940. L’imaginaire. Paris : Gallimard., p. 231), reconhecendo a centralidade dessa dinâmica em nossa experiência existencial. Na sequência, a Profa. Dra. Eduarda Calado Barbosa nos apresenta o texto “Falar e coordenar-se: do social ao privado” e busca mostrar que, diferente do paradigma informacional da comunicação, na fala autodirecionada e, em particular, na fala privada, os papéis de falante e ouvinte coincidem no mesmo agente. Com isso, o objetivo da autora é buscar um paradigma alternativo que explique a fala privada, em seus vários usos, intrapessoais e intersubjetivos. Para tal fim, elege dois candidatos: o paradigma disposicional e o deôntico, contudo, argumenta que o segundo é preferível, uma vez que consegue explicar usos da fala privada com função fática mais facilmente que o primeiro. O terceiro artigo desta edição é escrito pelo Prof. Dr. Germán Osvaldo Prósperi e tem por título “Caminar en el vacío. La implosión (involuntária) de la metafísica neoplatónica en el Péri Archôn de Damascio”. O texto trata que o Péri Archôn de Damáscio representa, para o autor, a implosão da metafísica neoplatônica ao mesmo tempo que tenta mantê-la à tona. Por este motivo a obra é animada por um duplo movimento, a saber, a postulação de um Absoluto descoordenado (o Inefável) de um lado e, por outro, a postulação última de algum tipo de coordenação com o Todo. Frente a isto o professor argumenta que o perigo que Damáscio vislumbrou trata da postulação do Inefável como absolutamente descoordenado e não relativo que conduziria à infundação radical do Ser, motivo pelo qual foi forçado a recuar e de alguma forma relativizar o Inefável. O artigo “Normative reasons and normative capacities” é escrito pelo Prof. Dr. Jean Caiaffo Caldas e argumenta que é falsa a ideia de que a existência de razões normativas depende da capacidade motivacional dos agentes para os quais elas são razões. O professor apresenta a tese de que há pelo menos um caso que mostra a possibilidade de razões cuja existência depende da ignorância do agente acerca dos fatos que as constituem, defendendo que nós não devemos buscar explicar a natureza das razões normativas em termos de capacidades motivacionais dos agentes para os quais elas são razões. O texto intitulado “Eric Weil e os limites da democracia em um mundo de tensões”, escrito por Judikael Castelo Braco, é o quinto desta edição e trabalha com a noção de democracia a partir das contribuições teóricas de Eric Weil que critica definições do termo e procura estabelecer as condições gerais para um sistema político verdadeiramente democrático. Para isso, o professor discute o panorama atual das percepções das crises democráticas, seguido pela exposição das condições para a participação nos processos democráticos, adotando a concepção weiliana da democracia. Na parte final a análise se volta às inconsistências dos discursos que defendem um Estado autoritário. O texto “E se tudo não passasse de um teste? Considerações sobre a hipótese basanística e a leitura dos Diálogos de Platão” do professor Maicon Reus Engler é o último do fluxo contínuo. Nele o professor Engler discute uma hipótese hermenêutica da exegese de Platão, buscando mostrar que, ante os paradigmas de leitura existentes, ela oferece resposta original para o problema da crítica aos diálogos médios contida nos diálogos tardios, a saber a hipótese basanística (Altman, 2010ALTMAN, W. H. F. 2010. “The Reading Order of Plato’s Dialogues”, Phoenix, 64: p. 18-51. ). Analisa ainda as vantagens e problemas desta hipótese, concluindo que tal hipótese possui caráter inovador e se mostra eficiente como ferramenta de leitura dos Diálogos.

Gostaríamos de agradecer a todos(as) os(as) pareceristas pelas criteriosas avaliações que realizaram de modo tão contributivo, generoso e imparcial, zelando pela qualidade desta produção. Registramos, também, nossos mais sinceros agradecimentos a todos os articulistas por disponibilizarem seus saberes em nosso veículo de difusão de conhecimentos filosóficos e aos professores Denis Coitinho e Marcelo de Araújo, organizadores do dossiê Ética da Inteligência Artificial. Por fim, desejamos aos(às) nossos(as) leitores(as) uma excelente companhia com este conteúdo de qualidade ímpar.

Referências

  • ALTMAN, W. H. F. 2010. “The Reading Order of Plato’s Dialogues”, Phoenix, 64: p. 18-51.
  • SARTRE, J-P. 1940. L’imaginaire. Paris : Gallimard.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024
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