RESUMO
A noção comum de artefatos os caracteriza como produtos de atividades bem-sucedidas de seus fabricantes, orientadas por intenções de que tais objetos instanciassem determinadas características, tais como suas funções específicas. Diversos contraexemplos, no entanto, revelam a inadequação da noção comum. Diante dessa constatação, o artigo explora a possibilidade de que características de artefatos, e mais especificamente, a posse de suas funções, possam decorrer, ao menos em parte, de atribuições coletivas. Para atingir o referido objetivo, o artigo examina de forma crítica algumas noções e teses propostas por John Searle (1996SEARLE, J. 2010. Making the Social World: The Structure of Human Civilization. Oxford, Oxford University Press, 208 p.; 2010) e outros. Seu principal resultado, no entanto, consiste em oferecer e elucidar uma tese original, a saber, que as funções de muitos artefatos seriam mantidas, parcialmente, por formas de intencionalidade coletiva contínua, que podem conter estados intencionais coletivos conscientes ou inconsciente, ativos ou inativos.
Palavras-chave
Artefatos; atribuição de função; intencionalidade coletiva; manutenção de função