Resumo
O documentário Cabra marcado para morrer (1964-1984) apresenta uma combinação original de elementos oriundos da prática do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE) que produziu o filme, da experiência televisiva do diretor na equipe do Globo Repórter e da prática dos cinemas diretos. Identificar nos fragmentos de materiais filmados pelo CPC entre 1962 e 1964 em diversos locais do Nordeste e compilados com materiais filmados no início dos anos 1980 de maneira específica em 1984 no Rio de Janeiro revela imbricações interessantes entre agendas intermediáticas. Olhar essas relações em Cabra permite pensar o filme como expressão da autocrítica do cineasta em relação a formas pré-64 de filmar. Permite também discutir a obra documentária do cineasta como investigação sucessiva em torno do cinema como meio de expressão de relações de alteridade. Um cinema de investigação, de interação e de performance que privilegia o universo popular em busca de alternativas ao cinema de representação.
Palavras-chave documentário; cinema; televisão; história