Acessibilidade / Reportar erro

A arte do corpo relacional: do espelho-tátil1 1 Nota do Tradutor (doravante abreviaremos essas notas por NT): optamos por traduzir o termo mirror-touch como “espelho-tátil”, por se referir a um fenômeno que ocorre no sentido do tato e que pode ser entendido de maneira análoga ao funcionamento de um espelho. Não encontramos registros na literatura científica de língua portuguesa desse termo. ao corpo virtual2 2 Versão de The Art of The Relational Body: From Mirror-Touch to The Virtual Body. Tradução de Francisco Trento. Revisão de André Fogliano.

The Art of The Relational Body: From Mirror-Touch to The Virtual Body

Resumo

Os neurônios-espelho são neurônios especializados, capazes de ecoar no corpo de alguém movimentos percebidos no corpo de outra pessoa, através de algo que se assemelha a uma empatia sinestésica involuntária. A descoberta desses neurônios provocou uma reavaliação de grande envergadura, a respeito do papel da empatia e das relações Eu-Outro na construção do sentido do self nas ciências cognitivas, artes e ciências humanas. A sinestesia espelho-tátil (quando a percepção de um toque no corpo de outra pessoa induz naquele que a observou a sensação de ter sido tocado da mesma maneira) é uma das formas que essa “empatia” assume. Este artigo toma a sinestesia espelho-tátil como um ponto de partida para a reconsideração do conceito de sinestesia como um todo, e particularmente sua relação com a empatia, e por sua vez, a relação da empatia com o movimento. Argumentamos que o vocabulário costumeiramente utilizado para analisar essas questões – identificação, imagem do corpo, defeito, ou “confusão” no esquema espacial do corpo – estão desgastados por um viés cognitivista, que carrega consigo pressuposições que eclipsam a complexidade da organização emergente da experiência. Para corrigir os rumos, faz-se necessária uma reorganização filosófica. Este artigo busca encaminhar esse projeto com o auxílio da filosofia orientada ao processo de C.S. Peirce, Henri Bergson e A.N. Whitehead, propondo um quadro conceitual centrado na noção de “corpo virtual”, composto pela inclusão integral mútua das qualidades potenciais da experiência, seletivamente “compostas” no movimento. A ênfase na auto-composição performativa da experiência envolve a substituição do atual modelo de cognição em favor de um modelo fundamentalmente estético.

Palavras-chave
corpo virtual; empatia; simpatia; propriocepção; sinestesia espelho-tátil; arte relacional

Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica - PUC-SP Rua Ministro Godoi, 969, 4º andar, sala 4A8, 05015-000 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (55 11) 3670 8146 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: aidarprado@gmail.com