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Vamos assumir nossa ambiguidade fundamental: sobre a arte de ir para além das políticas identitárias

Resumo

Inspirado por Antonio Gramsci, o sociólogo Pascal Gielen define a última década como uma “crise orgânica”. Nesse período, diversas crises (econômicas, políticas, ecológicas) seguiram umas às outras; ao mesmo tempo, a ordem hegemônica não consegue mais lidar com tais crises de modo convincente e não foi ainda inventado um novo paradigma político que possa suficientemente debruçar-se sobre elas. Nessa última década, as oposições entre esquerda e direita, entre diferentes grupos étnicos ou gêneros, começam a distinguir aquilo que é certo e o que é errado. Este é o porquê Gielen considera a política identitária também problemática, ou ao menos que possui um lado contraprodutivo para encontrar soluções para a crise em questão. Ao contrário da política identitária, devemos desenvolver o que é chamado aqui de política da ambiguidade, que tem inspiração na ambiguidade estética, a qual consegue lidar melhor com problemas e contradições de um mundo contemporâneo de causalidades desmedidas. Tal política é baseada no reconhecimento de um Outro em nós mesmos e em um entendimento fundamentalmente ambíguo de nós e de nossas sociedades.

Palavras-chave
política da ambiguidade; política identitária; crise orgânica; ambiguidade estética

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