Resumo
Este artigo analisa os conflitos pela água decorrentes de um processo de des-re-territorialização de famílias ribeirinhas atingidas pela construção, na década de 1980, da barragem Pedra do Cavalo, no Recôncavo Baiano. A pesquisa baseou-se numa metodologia qualitativa, a partir de um estudo de caso, usando entrevistas semiestruturadas com as famílias reassentadas na Agrovila do Sobrado, no município de Cabaceiras do Paraguaçu. Interpretados com base na literatura e em perspectivas da ecologia política, justiça ambiental e geografia crítica, os resultados mostram que o impacto do hidronegócio nessas famílias se manifesta em três tipos de conflito pela água, decorrentes: (1) do processo de deslocamento compulsório provocado pela construção da barragem, (2) da falta de acesso à água em qualidade e quantidade no novo território e (3) da perda do acesso gratuito a fontes de água comunitária essenciais para a manutenção das atividades reprodutivas das famílias. Assim, a vida dos atingidos pela barragem é caracterizada por uma luta incessante contra diversas formas de despossessão e pela defesa das águas comuns.
Palavras-chave: Direito à água; Conflitos ambientais; Águas comuns; (Des-re)territorialização; Projeto hidrelétrico