Resumo
Durante o último quarto do século XX, o capitalismo enfrentou crises que resultaram no declínio da geração de lucros. Essas crises – e os esforços realizados para superá-las – provocaram mudanças significativas nas relações de produção. As interpretações acerca das dimensões dessas ressonâncias (maioria delas formuladas nas décadas de 1980 e 1990 por teóricos do norte global) concluíram em favor da emergência de novas formas flexíveis de produção. No entanto, dada a abrangência espaço-temporal destas formulações, que superdimensionam efeitos particulares como se fossem universais, faz-se necessário colocá-las em exame. Dito isso, o objetivo deste artigo consiste em verificar até que ponto tais interpretações são explicativas das mudanças que incidiram na realidade brasileira, que pouco se assemelha àquelas particularidades que basearam as conclusões. Como parte de um esforço de perseguir tal objetivo, elabora-se uma discussão contextualizada a partir da indústria têxtil brasileira para verificar como se expressaram as mudanças nas relações de produção ao longo das fases originária, de industrialização e neoliberal para, assim, interrogar se implicam ou não em novas formas flexíveis. A perspectiva abrangente permitiu demonstrar que a acumulação flexível não é novidade no Brasil. Apesar das mudanças e das formas assumidas nas distintas transições, as relações de produção estiveram sempre circunscritas às formas flexíveis de produção. E, por meio da investigação, conclui-se que as interpretações pretensamente universais não permitem desvendar a expansão do capitalismo no Brasil.
Palavras-chave: Expansão do capitalismo; Relações de produção; Flexibilidade do trabalho; Industrialização